Saturday, March 31, 2007

LINHAS PARALELAS

TU ÉS O TREM

Como o moderno e vermelho Expresso Rajdhani,
O melhor e mais belo trem-leito da Índia,
És um objeto de desejo.
Fecho os olhos e penso que vejo
Que todos os outros trens param à tua passagem
Orgulhosamente resplandecente na viagem
Por Nova Délhi ou Ratnagari,
Importantes capitais de estados
Por ti conectados.
Ah! Por mais que tentasse
Jamais senti das cabines o ar climatizado!
Os horários eram poucos,
E, apesar da vontade sem tamanho,
Sempre estive adiantado ou atrasado,
E o embarque permaneceu um sonho
Como o percurso que não fizemos juntos.

Wednesday, March 28, 2007

UM POETA DE COSTA RICA

Babilonia recreada

Alfonso Chase

Babilonia no fue más real
que esta ciudad admirable,
carcomida de sombras y de luces.
Sodoma y Gomorra existieron
en la solidez de su propia imagen,
vista por los ojos de un Dios ciego.

Toda las ciudades del mundo
son una sola imagen al través de los siglos.

El hombre, único en indivisible,
se repite, monótono,
bajo el sol y entre la noche de neón.

Babilônia recriada

Babilônia não foi mais real
que esta cidade admirável,
carcomida de sombras e luzes.
Sodoma e Gomorra existiram
na solidez de sua própria imagem,
vista pelos olhos de um Deus cego.

Todas as cidades do mundo
São uma só imagem através dos séculos.

O homem, único no indivisível,
Se repete, monótono,
Sob o sol e dentro da noite de néon.

UM POETA DOMINICANO


Enciendo un fósforo

José Acosta

Enciendo un fósforo y nace mi mano.
Sobre el fondo una moneda flota o quizá
la redondez luminosa del ojo de un gato.
Hago ascender mi mirada arañando las tinieblas
y se hace libre allá, a lo lejos, en la cima
de todos los quejidos.
Es que estás a mi lado y aún no lo sabía
es que viajan en mí todos los pueblos
y ahora, precisamente, llaman a mi puerta.
Enciendo un fósforo y nace
tu cuerpo tejido con la noche.
Todo está tan cerca a veces, a un frágil dolor
de distancia
pero en verdad tememos horriblemente
saberlo.

ACENDO UM FÓSFORO

Acendo um fósforo e nasce minha mão.
Sobre o fundo uma moeda flutua ou talvez
o globo luminoso do olho de um gato.
Faço meu olhar subir arranhando a escuridão
e se tornar livre lá, lá longe, por cima
de todos os gemidos.
É que estais ao meu lado e ainda não sabia
é que viajam em mim todos os povos
e agora, precisamente, batem na minha porta.
Acendo um fósforo e nasce
teu corpo tecido com a noite.
Tudo está tão perto, às vezes, a uma frágil dor
de distância
mas, em verdade, tememos horrivelmente
ter consciência.

Monday, March 26, 2007

UMA POETISA DO PANAMÁ

AMOR AUSENTE

Elsie Alvarado de Ricordo

Siempre estás más allá como el mañana.
Procurando abreviar la espera mía,
Amanezco mil veces cada día
Y hecho a volar el cielo en la ventana.
Para encender una esperanza vana,
Para aromar de música la vía
Y constelar la soledad vacía
Le basta al hombre con su sed humana.
Sin embargo en las horas que en el mundo
Muere de sombra, y el clamor suicida
Golpea el corazón con mano fuerte,
Gimen los peces en el mar profundo.
Amar ausente es orbitar la vida
Desde las alas frías de la muerte.

AMOR AUSENTE

Sempre, como o amanhã, mais além estais
Na procura que a minha espera abrevia
Amanheço mil vezes em cada dia
E faço o céu voar nas janelas, nos portais.

Para acender uma esperança insana,
Para perfumar de música as ruas
E encher de estrelas as solidões nuas
Basta um homem e sua sede humana

Sem embargo nas horas em que o mundo
Morre de sombra, e o clamor suicida
Golpeia o coração com a mão mais forte,

Gemem os peixes no mar mais profundo.
Amar ausente é orbitar pela vida
Com as asas gélidas da insensível morte.

Sunday, March 25, 2007

UM POEMA DE CARRASCO

Poema de amor nocturno

Jorge Carrasco

Pero contágiate de mí, prueba mis jugosas flechas,
pon mi pátina de oro trémulo en tus riberas,
tus malezas ábreme para hallar el tibio nido:
busco tu sótano para morir en la sombra que supura.
Elige, amada, mi estocada final, di adiós a tu vida
en tres minutos, muere, muere de una vez
bajo mi hirviente cauce, sobre el olvido
de quien es en este segundo un inmenso latido de guitarra.
Vamos, pues, prepara el suspiro, el aullido
que te salva del ahogo inmemorial, el aleteo
ondulante que hiere todos los aires, todas las formas,
todo lo que cae en el temblor y no regresa.
Vamos, escúdate en tu lengua, en la tos rauda
de las sabandijas escapadas de tus miembros:
aquí va un suspiro crispado con miles de espadas
de mi centro altivo a tu centro suplicante.

Poema do Amor Noturno

Porém te contagiastes de mim, o prova minhas sinuosas setas,
postas como marcas de ouro trêmulos em tuas costas,
tuas moitas abertas para encontrar o suave ninho:
eu procuro tua cavidade para morrer na sombra que supura.
Escolhe, amada, minha estocada final, dei adeus a tua vida
em três minutos, morre, morre de uma vez
abaixo do meu leite fervente, sob o esquecimento
de quem neste segundo solta um imenso gemido de guitarra.
Vamos, pois, prepara o suspiro, o balido
que te salva do sufoco imemorial, o vibrar
ondulante que fere todos os ares, todas as formas,
tudo o que cai no tremor e não regressa.
Vamos, usa tua língua como escudo, na correnteza
dos insetos escapados de teus membros:
aqui vai um suspiro eivado com milhares de espadas
de meu altivo centro ao teu centro suplicante.

Saturday, March 24, 2007

UM POETA MEXICANO

SONETO IMPOSIBILITADO

Salvador Novo

Si yo tuviera tiempo, escribiría
mis memorias en libros minuciosos;
retratos de políticos famosos,
gente encumbrada, sabia y de valía.

¡Un Proust que vive en México! Y haría
por sus hojas pasar los deliciosos
y prohibidos idilios silenciosos
de un chofer, de un ladrón, de un policía.

Pero no puede ser, porque juiciosa-
mente pasa la doble vida mía
en su sitio poniendo cada cosa.

Que los sabios disponen de mi día,
y me aguarda en la noche clamorosa
la renovada sed de un policía.


SONETO IMPOSSIBILITADO

Se eu tivesse tempo escreveria
Minhas memórias em livros minuciosos;
Retratos de políticos famosos,
Pessoas renomadas, sábias e de valia.

Um Proust que vive no México. E faria
Por suas páginas passar deliciosos
E proibidos idílios silenciosos
De um chofer, de um ladrão, de um polícia

Porém não pode ser, porque judiciosa-
Mente a minha dupla vida vive
Em cada lugar pondo cada coisa.

Que os sábios disponham do dia que tive
Já que me aguarda na noite gloriosa
A renovada sede de um grande detetive.

Friday, March 23, 2007

A POESIA DA NICARAGUA

DUAS POESIAS DE BELTRÁN MORALES

TIGRADAS

Enamorar cinco hembras a la vez
Y acostarse con suecas, búlgaras
Y puertorriqueñas
Es tigrada

Ir al Whisky and Jazz y agotar
Ocho mil pesetas de un tirón complaciendo
Con botellas de champán a prostitutas
Y al mesero con propinas generosas
Es tigrada

Destruir el trabajo de un colegial
Demostrador de la existencia
De Dios según Santo Tomás
Y hacerlo enrojecer
Es tigrada

Ser burguéscomunista dueño
De empresas y latifundios
O fascistacristiano creyendo
En ángeles y odiando al prójimo
Es tigrada

Haber sido puta o sodomita
Y esamaltarse luego con capa
De piedad y escandalizarse
Del divorcio persignarse
Y escribir sonetos a la santa
Inmaculada ConcepciónTambién es tigrada

MANCADAS

Namorar cinco mulheres de uma vez
E deitar-se com suecas, búlgaras
E porto-riquenhas
É mancada

Ir ao "Whisky and Jazz" e jogar fora
Oito mil pesetas de uma vez satisfazendo
Com garrafas de champanha as prostitutas
E ao garçon com gorjetas generosas
É mancada

Destruir a crença de um colegial
Convicto da existência
De Deus segundo São Tomás
E fazê-lo enrubescer
É mancada

Ser um comunista burguês dono
De empresas e latifúndios
Ou fascista-cristão crendo
Em anjos e odiando ao próximo
É mancada

Haver sido prostituta ou sodomita
E depois cobrir-se com capa
De piedade e escandalizar-se
Do divórcio persignar-se
E escrever sonetos à Santa
Imaculada Conceição
Também é mancada


ENVÍO

No doy más de mí,
no puedo dar másde mí.
Dono apenas
signos, llaves, rosa
plástica en su jugo,
síntesis de siglo
de oro y mudez
contemporánea. Regalo
estos pétalos polvosos,
más que ajados. Reciban
el presente como hombres
deportivos, hijos del siglo
veinte que son. Yo pago
mi cocacola. Trataré
de leer a Marx.


REMESSA

Não dou mais de mim,
Não posso dar mais
De mim. Dôo apenas
signos, chaves, rosa
Plástica em seu suco,
Síntese do século
De ouro e mudez
Contemporânea. Presenteio
Estas pétalas poeirentas
Mais que murchas. Recebam
O presente como homens
Esportivos, filhos do século
Vinte que somos. Eu pago
Minha Coca-Cola. Tratarei
De ler Marx.

Thursday, March 22, 2007

MANUEL DEL CABRAL



HUÉSPED SÚBITO

Ahora estás aquí.
¿Pero puedes estar?
Tú dices que te llamas...
Pero no, no te llamas...
Desde que tengas nombre comienzo a no respirarte,
a confirmar que no existes,
y es probable que desde entonces no te nombre,
porque cualquier detalle, una línea, una curva,
es material de fuga;
porque cada palabra es un poco de forma,
un poco de tu muerte.
Tu puro ser se muere de presente.
Se muere hacia el contorno.
Se muere hacia la vida.

HOSPEDE INESPERADO

Agora estás aqui.
Porém podes estar?
Tu dizes que te chamas...
Porém não, não te chamas...
Desde que tenhas nome começo a não te respirar,
a confirmar que não existes,
e é provável que desde então não te nomeie,
porque qualquer detalhe, uma linha, uma curva,
é material de fuga;
porque cada palavra é um pouco de forma,
um pouco de tua morte.
Teu puro ser que morre de presente.
Morre pelo contorno.
Morre pela vida.

(De Los huéspedes secretos)

Wednesday, March 21, 2007

UMA POETISA DA ARGENTINA

BIEN PUDIERA SER...

ALFONSINA STORNI


Pudiera ser que todo lo que en verso he sentido
No fuera más que aquello que nunca pudo ser,
No fuera más que algo vedado y reprimido
De familia en familia, de mujer en mujer.
Dicen que en los solares de mi gente, medido
Estaba todo aquello que se debía hacer...
Dicen que silenciosas las mujeres han sido
De mi casa materna... Ah, bien pudiera ser...
A veces en mi madre apuntaron antojos
De liberarse, pero se le subió a los ojos
Una honda amargura, y en la sombra lloró.
Y todo eso mordiente, vencido, mutilado,
Todo eso que se hallaba en sua alma encerrado,
Pienso que sin quererlo lo he libertado yo.

BEM PODE SER
Bem pode ser que tudo o que no meu verso senti
Não foi mais que aquilo que nunca pôde ser,
Não foi mais do que algo que vedei e reprimi
De família em família, de mulher em mulher.
Dizem que nos lares dos meus, medido
Estava tudo aquilo que se devia fazer...
Dizem que silenciosas as mulheres têm sido
Em minha casa materna. Ah, sim, bem pode ser...
Às vezes minha mãe sentiu os empecilhos
E anseio de liberar-se, porém subiu-lhe aos olhos
Uma funda amargura, e na sombra só chorou.
E tudo este peso mordaz, vencido, mutilado,
Tudo o que se encontrava na alma guardado,
Penso que sem querer fui eu quem libertou.

Monday, March 19, 2007

UM POETA DE COSTA RICA

HADES O DEL DELIRIO

César Gonzalez Granados

Y de repente vi
una oscurísima punta de aguja,
una jeringa maldita escupiendo líquido negro
por su boca profana,
y penetró en la frontera de la retina,
atravesando mi ojo como en lenta caravana,
y me aferraba, y gritaba el horror de verla entrando
y el dolor de ya no ver,
y atravesó mi cerebro
y vomitó sus entrañas,
y una vez terminada la perversa cópula,
abandonó las mías lenta y torturantemente,
y ciego desde entonces,
limitado y ajeno al mundo
me pregunto agonizante día con día:
“¿Qué hice yo para merecer
que me miraras a los ojos?”

HADES OU O DELÍRIO
E de repente vi
Uma escurissíma ponta de agulha
Uma seringa maldita cuspindo um líquido negro
Por sua boca profana,
E penetrou na beira da minha retina,
Atravessando meu olho como em lenta caravana,
E se aferrava em mim, e gritava o horror de vê-la entrando
E a dor de já não ver,
E atravessou meu cérebro
E vomitou suas entranhas,
E uma vez terminada a perversa cópula,
Abandonou-me lenta e torturantemente,
e cego desde então,
limitado e alheio ao mundo
Me pergunto agonizante dia à dia:
“o que fiz eu para merecer
que me olhasses nos olhos?”

Sunday, March 18, 2007

UM MODERNO POETA DE HONDURAS

RODOLFO SORTO ROMERO

POEMA


A Rigoberto Paredes


El Poeta es siempre como un niño
aprendiendo a decir la primera palabra
de un lenguaje secreto : Divino.
Palabra musitada
esbozogestosigno

rostro sin máscara
fantasma real
'Córpus'
cuerpo glorioso
invicto amor
eternidad
perra negra la luna
y pájara viajera
música agonizante
plenitud del misterio
plegaria de la noche
silencio Poesía: ¡Oh gran silencio!
sonoro
y sombra del asombro
nube
sonrisa
lucha abierta
puerta sellada
batalla victoriosa
anunciada derrota
yo del despojo
reflejo anonadado
combate sin temor
y Pan de Amor
barro de oro
y Estación Perdida.

1998

* Poeta: Premio Nacional de Literatura “Ramón Rosa” 2006

POEMA

O poeta é sempre como um menino
Aprendendo a dizer a primeira palavra
De uma linguagem secreta: Divino.
Palavra musicada
Esboçogestosigno.

Rosto sem máscara
Fantasma real
“Corpus”
Corpo glorioso
Invicto amor
Eternidade
Cadela negra a lua
E pássaro viajante
Musica agonizante
Plenitude do mistério
Oração da noite
Silêncio
Poesia: Oh! Grande silêncio
Sonoro
E sombra do assombro
Nuvem
Sorriso
Luta aberta
Porta fechada
Batalha vitoriosa
Derrota anunciada
Eu de despojo
Reflexo abatido
Combate sem temor
E pão de amor
Barra de ouro
E estação perdida.

Friday, March 16, 2007

AINDA SOSA

BAJO UN ARBOL

Roberto Sosa

A Ramón Custodio

Este hombre sin pan, ese sin luces y aquel sin voz
equivalen al cuerpo de la patria,
a la herida y su sangre abotonada.

Contemplen el despojo:
nada nos pertenece y hasta nuestro pasado se llevaron.

Pero aquí viviremos.

Con la linterna mágica del hijo que no ha vuelto
abriremos de par en par la noche.
De la nostalgia por lo que perdimos
irmeos construyendo un sueño a piedra y lodo.

Guardamos, los vencidos, ese sabor del polvo que mordimos.

Junto a esto
que a veces es algo menos que triste,
bajo un árbol,
desnudos si es preciso, moriremos.

SOB UMA ÁRVORE

A Ramón Custodio

Este homem sem pão, sem luzes e aquele sem voz
são equivalentes ao corpo da pátria,
ferida e a seu sangue abotoado.

Contemplam o despojo:
nada nos pertence e até nosso passado já levaram.

Porém, aqui, viveremos.

Com a lanterna mágica do filho que não voltou
abriremos de par em par a noite.
Da nostalgia pelo que perdemos
iremos construindo um sonho de pedra e
lodo.
Guardamos, dos vencidos, este sabor do polvo que mordemos.

Junto a isto
que às vezes é algo menos que triste,
sob uma árvore,
desnudos, se preciso, morreremos.

Thursday, March 15, 2007

UM GRANDE NOME DA POESIA DE HONDURAS

LA ETERNIDAD Y UN DIA

Roberto Sosa

A Francisco Salvador

Se hace tarde, cada vez más tarde.
Ni el viento pasa por aquí y hasta la Muerte es parte
del paisaje.

Bajo su estrella fija Tegucigalpa es una ratonera.

Matar podría ahora y en la hora en que ruedan sin amor las palabras.

Solo el dolor llamea
en este instante que dura ya la eternidad
y un día.

¿Qué hacer?
¿Qué hacer?

Alguien que siente y sabe de qué habla
exclama, por mejor decir, musita - hagamos algo pronto,
hermanos mios, por favor muy pronto.


(De "El llanto de las cosas")


A ETERNIDADE E UM DIA

Se faz tarde, cada vez mais tarde.
Nem o vento passa por aqui e até a morte é parte
da paisagem.

Sob sua estrela fixa Tegucigalpa é uma ratoeira.

Matar poderia agora e na hora em que as palavras rolam sem amor.

Só a dor acesa
neste momento que dura já uma eternidade
e um dia.

O que fazer?

O que fazer?

Alguém que sente e sabe do que fala
Exclama ou melhor dizendo, sussurra - nós fazemos algo logo,
Irmãos meus, por favor, logo, logo.

Ilustração do Site http://www.josemarafona.com/fotos/0013.jpg

Wednesday, March 14, 2007

UM POETA DE HONDURAS

COMO UNA ELEGÍA

Rigoberto Paredes

Mamá ya tiene canas, mal humor y biznietos,
se levanta más tarde,
confunde días y fechas,
habla sola,
oye menos,
se le quema el arroz,
no ve sin los anteojos,
se sabe de memoria las telenovelas,
camina a duras penas
y sólo sale a misa.

Señora
(piedra viva
en mitad
del camino de la muerte)
yo la quiero como a una quinceañera.

(Fuego lento. Antología personal)


COMO UMA ELEGIA

Mamãe já tem cabelos brancos, mau-humor e bisnetos,
Se levanta mais tarde,
Confunde dias e datas,
Fala sozinha,
Ouve menos
E queima o arroz,
Não vê sem os óculos,
Mas sabe de memórias as telenovelas.
Caminha a duras penas
E só vai à missa.
Senhora
(Pedra viva
na metade
do caminho para a morte)
Eu a amo como a uma menina de quinze anos.

(De “Fogo Lento-Antologia Pessoal”).

Sunday, March 11, 2007

AINDA DOIS POEMAS DE LYDIA

LA ALUCINACIÓN DE TU DESEO VIVIRÁ
EN LA LINFA DE MIS FECUNDIDADES

Lydia Dávila

De mis fecundidades que tienen dolores jesucristinos…..

Seré buena…….
para recibir la hostia sagrada de tu sexo.
La herida milagrosa de tus carnes en floración.

Yo sabré esperarte……
a conjuro de una tentación, de un éxtasis…..
de una agonía……

A ALUCINAÇÃO DE TEU DESEJO VIVERÁ NA LINFA DE MINHAS FECUNDIDADES

As minhas fecundidades que tem dores jesuscristinas....

Será boa
Para receber a hóstia sagrada de teu sexo.
A ferida milagrosa de tuas carnes em floração.

E saberei esperar-te....
A conspiração de uma tentação, de um êxtase...
De uma agonia.

OH MI CARNE DE SÁNDALO

Oh, mi carne de sándalo, perfumada, tibia, divina. Se clava en tus excesos
con mordeduras incitantes y te hace daño. ..Perdona el martirio de mi carne.
¡Sí, soy la novia sin tímidos recatos!

La uva de tus caricias se destila en mis venas, en la heroicidad de mis versos,
cual una reparación a destiempo…

I seré como aquella tarde. Cuando los dos juntos bebimos el asedio
de mis líneas…en la cuenca de un Pecado Mortal.

OH MINHA CARNE DE SÂNDALO

Oh, minha carne de sândalo, perfumada, tênue, divina. Se crava em teus excessos
Com mordidas incitantes e que te fazem dano... Perdoa o martírio de minha carne.
Sim, sou a noiva sem tímidos recatos!

A uva de tuas carícias se destila em minhas veias, na heroicidade de meus versos,
Qual uma reparação ao destempero...

Eu serei como naquela tarde. Quando nós dos juntos bebemos ao assédio
De meus desejos...na tigela de um pecado mortal.

Saturday, March 10, 2007

AINDA A POESIA DO EQUADOR

EN ESTA NOCHE
Lydia Dávila


El cielo está parpadeando luces inseguras…
Fosforescencias de satanismo. Que rompen el cristal de mis palideces…

Si vinieras de puntillas, como un secuestrador de pecados fugaces.
Así como llegan a mis fecundidades de hembra las gotas asesinas de la Morfina.

Estáticas se han quedado las miradas, inquisidoras e irónicas.
Por la derrota de nuestro Amor… Porque la secreción de tus desvíos ha naufragado en esta noche. Y falta reconcentrar la armonía en el dedal de un silbo.

Esta noche no ha visto nuestro beso, girando el sufrimiento de no ser eterno.

ESTA NOITE

No céu estão cintilando luzes incertas...
Fosforescências de satanismo. Que rompem os cristais da minha palidez...

Se viesses na ponta dos pés, como um seqüestrador de pecados fugazes
Assim como chegam as minhas fecundidades de fêmea as gotas assassinas da morfina

Estáticos ficaram os olhares, inquisidores e irônicos,
Pela derrota de nosso amor...Porque a secreção de teus desvios já
Naufragaram esta noite. E falta reconcentrar a harmonia no dedal de um assovio.

Esta noite não viu nosso beijo, girando o sofrimento de não ser eterno.

Friday, March 09, 2007

UMA POETISA DO EQUADOR

DIABLESA

Lydia Dávila

Un Satanás de Amor?
¡Quiero ser…! Incendiar en mis pupilas
en el áspide lloroso de las tardes, para que te confieses conmigo…
en la serenata de un suplicio. Cual castidades sin cielo…

Poseerte…
ser tu bandida, la pirata de tus amores….
Mutilar la caricia de tus huellas: como un Satanás de Amor.
Muchas veces me he muerto en tus brazos, con la boca recelosa…
con el presentimiento mortal de lo inevitable…

¡Excitaciones…!
porque tú eres la borrasca de mis carnes núbiles…

¿Un Satanás de Amor?
mi cuerpo debió ser…Ya te contaré las caricias íntimas.

DIABINHA

Um Satanás de amor
Quero ser...incendiar-me em minhas pupilas
no final choroso das tardes, para que te confesses comigo...
na serenata de um suplício: qual castidade sem céu…

Possuir-te…
ser tua bandida, a pirata de teus amores….
Para mutilar a carícia de tuas trilhas: como um Satanás de Amor.
Muitas vezes me vejo morta em teus braços, com a boca receosa…
com o pressentimento mortal do inevitável…

Excitações…!
porque tú és um temporal nas minhas carnes virgens…

Um Satanás de Amor?
meu corpo deve ser…Já te contarei as caricias íntimas.

Thursday, March 08, 2007

UM POETA DE COSTA RICA

BAR BUENOS AIRES

Alejandro Cordero

Las botellas
las cenizas
esos lugares comunes
en cualquier bar de paso
son los apuntes necesarios
para fingir derrota

Quizá esa barra
en esa esquina
por esta calle
albergue los fantasmas de la palabra

que acuden a reencontrarse
con sus miedos

Esperan que se borre el tiempo
como si sus personajes

fueran a buscarlos
para pedir limosna

Como quien trata de escapar
de una fotografía


BAR DE BUENOS AIRES


As garrafas
As cinzas
Estes lugares comuns
Em todo o porto
Sem as desculpas necessárias
Para fingir derrota

Quem sabe esta barra
Nesta esquina
Por esta rua
Hospede os fantasmas da palavra

Que o acudam ao reencontrar-se
com seus medos

Esperam que o tempo os apague
Como se seus personagens

Fosse buscá-los
Para pedir uma caridade

Como quem trata de escapar
De uma fotografia

De Chico Bico Doce, o grande filósofo do Mocambo: "Todo bar é uma festa. E a vida só vale a pena se comemorando". Tim-tim!

Wednesday, March 07, 2007

UM POETA COLOMBIANO


31

Carlos Farjado Farjado

Los muertos no tienen donde esconderse
Yannis Ritsos

Los muertos no dicen nada. Se les ve tan callados.
Demasiadas palabras dijeron. Ahora no hablan.
Es tan difícil para ellos ocultar lo que les dejó el tiempo
la línea de la vida.
Rígidos como han quedado
¿Quién puede descifrar sus gestos, esos pétreos ademanes?
Si pudieran hablar.
Pero mejor así.
Cuánta desilusión nos han evitado conocer
cuánta verdad.
Les debemos el sueño.
Aquel silencio ha hecho inventar espejismos
un futuro de fábulas.
Que no hablen y nos dejen aquí
adivinándolos

31

Os mortos
não têm onde esconder
Yannis Ritsos

Os mortos não dizem nada. Se os vêem tão calados .
Demasiadas palavras já disseram. Agora não falam.
É tão difícil para eles ocultar o que lhes deixou o tempo
a linha da vida.
Rígidos como morreram.
Quem pode decifrar seus gestos, estes pétreos meneios ?
Se pudessem falar.
Porém é melhor assim.
Quanta desilusão nos temevitado conhecer
quanta verdade.
Nós lhes devemos-o sonho.
Este silêncio que nos faz inventar miragens
um futuro de fabulas.
Que não falam
e nos deixam aqui
advinhando-lhes.

Sunday, March 04, 2007

MAIS TRÊS POEMAS DE DIANA

De las niñas

Diana Bellessi

si voy a buscarte
en los bordes últimos de la infancia
reconozco algo
semejante a la luz
después
el ritmo de las estaciones, la madre
una furia elemental:
dibujar soles
y niñitas con vestidos amarillos
algo semejante a la luz
la madre
el paso de las estaciones anuales

Das meninas

se for te buscar
nas últimas fronteiras da infância
reconheço
algo semelhante
a luz
a mudança das estações, a mãe
uma fúria elementar:
para desenhar sóis
e meninhas com vestidos amarelos
algo semelhante à luz
a mãe
a mudança das estações anuais


Destino y propagaciones

no los mares
el árbol no
tampoco
la concreta vibración de una llama
ven amor
apoya tu cuerpo en el aire

O Destino e as propagações

Não os mares
a árvore não
tampouco
a concreta vibração de uma chama
vem amor
apóia teu corpo no ar

Tiempos

su cuerpo reposa en el estanque
lugar de fiesta permanente
cuando la luz no ilumine la hierba
Tao Ch'ien prendera la lampara
soy su apacible corazón
en el crepúsculo un anciano
desciende hasta el estanque
mira la forma de mi cuerpo entre las algas
cuando regrese a la colina
prendera la lampara

Tempos

seu corpo descansa num lago
lugar de festa permanente
quando a luz não iluminar a grama
Tao Ch'ien prenderá a lâmpada
eu sou seu aprazível coração
no crepúsculo
um velho desce até o lago
olha a forma de meu corpo entre as algas
e quando voltar da colina
prenderá a lâmpada

Saturday, March 03, 2007

DOIS POEMAS DE BELLESSI

VI

Diana Bellessi

Ahora que nunca volverás, mi amiga,
y no tejeremos recuerdos y palabras
como una estera que nos proteja del viento.
Para sentarnos allí,
y contar la saga, noche a noche
mientras se consume el kerosén de las lamparas.
Ahora que nunca,
solo a mi me toca
darles vuelta a los niños
la cara.
Y guardar risas, gestos furiosos,
miradas
que hacían el amor
la danza.
Aquella melodía humana
compartida en ciudades
en carreteras salvajes
hoteles y carpas,
aquella melodía
que ya no escuchas, mi amiga,
y se hace humo, en el aire lento del mañana.

VI

Agora que nunca voltarás, minha amiga,
nós não teceremos memórias e palavras
como uma esteira que nos proteja do vento.
Para sentar-mos ali,
e contar a saga, noite após noite,
enquanto o querosene das lâmpadas for se consumindo.
Agora mais que nunca,
Só a mim me toca
Dar de volta aos meninos
o rosto.
E guardar os risos, os gestos furiosos,
olhares
que criavam o amor
à dança.
Aquela melodia humana
compartilhada nas cidades,
nas estradas selvagens,
hotéis e rios
aquela melodia
que já não escutas, minha amiga,
se fez fumaça, no ar lento da manhã.


La casa se destruye

El tiempo fue vandálico para ellos.
Durante cuarenta años los alimento con sopores inciertos
capaces de eludir la detención del pensamiento, la huida.
Alguna vez aleteo la intensa palpitación del amor
bajo sus sienes.
Quizás fuera la sombra de un pájaro sobre el follaje
o la extraña disposición de la hierba una mañana de octubre,
no se,
lo cierto es que la destrucción ya estaba preparada.
Como ocultar la abrumadora memoria del futuro
que indefensos ahora los desgarra.
Hay aquí temblores extinguidos para siempre,
pero que estertor
que feroz vibración no se mete en la casa
entre nosotros y el paisaje

A Casa se destrói

O tempo foi um vândalo para eles.
Durante quarenta anos os alimentou com torpores incertos
capazes de evitar o fim do pensamento, a fuga.
Às vezes vibrando na intensa palpitação do amor
sob seus pares.
Talvez haja sido a sombra de um pássaro sobre a folhagem
ou a estranha disposição da grama numa manhã de outubro,
não sei,
o certo é que a destruição estava preparada.
Como esconder a opressiva memória do futuro
que indefesos agora os dilacera.
Há aqui uns tremores extintos para sempre,
Porém que estertor
que feroz vibração não se põe na casa
entre nós e a paisagem.

Thursday, March 01, 2007

UMA ROSA É UMA ROSA?

BLAKE

Jorge Luis Borges

Donde estará la rosa que en tu mano
Pródiga, sin saberlo, íntimos dones?
No en color, porque la flor es ciega,
Ni en la dulce fragancia, inagotable,
Ni en el peso de un pétalo. Esa cosas
Son unos pocos y perdidos ecos.
La rosa verdadera está muy lejos.
Puede ser un pilar o una batalla
O un firmamento de ángeles o un mundo
Infinito, secreto y necesario,
O el júbilo de un dios que no veremos
O um planeta de plata en outro cielo
O um terrible arquétipo que no tiens
La forma de rosa.


BLAKE

Onde estará a rosa em tua mão
Pródiga, sem sabê-lo, intímas dos dons?
Não na cor, porque a flor é cega,
Nem na fragrância doce, inesgotável,
Nem no peso de uma pétala. Estas coisas
São uns poucos e perdidos ecos.
A rosa verdadeira está muito distante.
Pode ser uma coluna ou uma batalha
Ou um firmamento de anjos ou um mundo
Infinito, secreto e necessário,
Ou o júbilo de um deus que nós não veremos
Ou um planeta de prata em outro céu
Ou um terrível arquétipo que não tem
A forma de rosa.