Wednesday, May 31, 2006

A GRANDE POESIA DE OCTAVIO PAZ


LA POESIA
OCTAVIO PAZ

Llegas, silenciosa, secreta,
y despiertas los furores, los goces,
y esta angustia
que enciende lo que toca
y engendra en cada cosa
una avidez sombria.
El mundo cede y se desploma
como metal al fuego.
Entre mis ruinas me levanto,
solo, desnudo, despojado,
sobre la roca inmensa del silencio
como un solitario combatiente
contra invisibles huestes.
Verdad abrasadora,
¿a qué me empujas?
No quiero tu verdad,
tu inmensa pergunta.
¿A qué esta lucha estéril?
No es el hombre criatura capaz de contenerte,
avidez que solo en la sed se sacia,
llama que todos los labios consume,
espíritu que no vive en ninguna forma
mas hace arder todas las formas.
Subes desde el más hondo de mí,
desde el centro innombrable de mi ser,
ejército, marea.
Creces, tu sed me ahoga,
expulsando, tiránica,
aquello que no cede
a tu espada frenética.
Ya sólo tu me habitas,
tú, sin nombre, furiosa substancia,
avidez subterránea, delirante.
Golpean mi pecho tus fantasmas,
despiertas a mi tacto,
hielas mi frente,
abres mis ojos.
Percibo el mundo y te toco,
substancia intocable,
unidad de mi alma y de mi cuerpo,
y contemplo el combate que combato
y mis bodas de tierra.
Nublan mis ojos imágenes opuestas,
y las mismas imágenes
otras, más profundas, las niegan,
ardiente balbuceo,
aguas que se anega un agua más oculta y densa.
En su húmeda tiniebla vida y muerte,
quietud y movimiento, son lo mismo.
Insiste, vencedora,
porque tan sólo existo porque existes,
y mi boca y mi lengua se formaron
para decir tan sólo tu existencia
y tus secretas sílabas, palabra
impalpable y despótica, substancia de mi alma.
Eres tan sólo un sueño,
pero en ti sueña el mundo
y su mudez habla con tus palabras.
Rozo, al tocar tu pecho
la eléctrica frontera de la vida,
la tiniebla de sangre
donde pacta la boca cruel y enamorada,
ávida aún de destruir lo que ama
y revivir lo que destruye,
con el mundo, impasible y siempre idéntico a sí mismo,
porque no se detiene en ninguna forma
ni se demora sobre lo que engendra.
Llévame, solitaria,
llévame entre los sueños,
llévame, madre mía,
despiértame del todo,
hazme soñar tu sueño,
unta mis ojos con aceite,
para que al conocerte me conozca.

(De Calamidades y Milagros -1937-1947)


A POESIA

Chegas, silenciosa, secreta,
e despertas as raivas, os gozos,
e esta angústia
que inflama o que toca
e gera em cada coisa
uma avidez sombria.
O mundo cede e se alarga
como o metal no fogo.
Entre minhas ruínas me levanto,
Só, desnudo, despojado,
Sobre a rocha imensa do silêncio
como um solitário combatente
contra hostes invisíveis.
Verdade ardente,
A que me empurras?
Não quero tua verdade,
Tua imensa pergunta.
Para que esta luta estéril?
Não é o homem capaz de conter,
a avidez que só na sede se sacia,
chama que todos os lábios consome,
espírito que não vive em nenhuma forma,
mas faz arder todas as formas.
Sobes desde o mais fundo de mim,
do centro insondável de meu ser,
exército, ondeante.
Cresces, tua sede me afoga,
expulsando, tirânica,
aquilo que não cede
à tua espada frenética.
Já só tu me habitas,
tu, sem nome, furiosa substância,
avidez subterrânea, delirante.
Golpeiam meu peito teus fantasmas,
Despertas ao meu tato,
Gelas na minha frente,
Abres meus olhos.
Percebo o mundo e te toco,
Substância intocável,
unidade de minha alma e de meu corpo,
e contemplo o combate que combato
e meu casamento com a terra.
Meus olhos escurecem com imagens opostas,
e as mesmas imagens
outras, mais profundas, me negam,
o sôfrego gaguejar,
águas que afogam uma água mais escondida e mais densa.
Em teu úmido tiritar vida e morte,
calma e movimento, são os mesmos.
Insiste, vencedora,
porque eu só existo porque tu existes,
e minha boca e minha língua se formarão
a fim dizer tão-só tua existência
e tuas secretas sílabas, palavra
impalpável e despótica,
substância de minha alma.
És tão somente um sonho,
mas em ti sonha o mundo
e sua mudez fala com tuas palavras.
Roço, ao tocar teu seios
a elétrica fronteira da vida,
trêmula do sangue
onde impacta a cruel e enamorada boca,
ávida por destruir o que ama
e reviver o que destrói,
com o mundo, impassível
e sempre idêntico a si mesmo,
porque não se detém em nenhum forma
nem se demora sobre o que gera.
Leva-me, solitária,
Leva-me entre os sonhos,
Leva-me, minha mãe,
Desperta-me de todo,
Faz-me sonhar teu sonho,
Unta meus olhos com óleo,
Para que ao conhecer-te me conheça.

Tuesday, May 30, 2006

AINDA MARIELLA NIGRO

INFORMALISTA
Mariella Nigro
la cuadratura del círculo
hallé en la mancha
cuando tu gesto centrifugó
mi figura me brilló el centro
en el lienzo
vasta como un campo segado
de forma tal la muerte
conservo
el amarillo caliente de los bordes
que incendia todo lo que se le aproxima
geometría vana de mi sentimiento
hacia el cielo apuntanto
dos mis lados
entonces esa noche hace derroche
de su negrura
y quedo naturaleza muerta
abstraída manzana gris
con perforación
mi propia mordedura
de partida boca.

INFORMAL
A quadratura do círculo
achei na mancha
quando teu gesto
centrifigou minha figura
me brilhou o centro no lenço
vasto como um campo
ceifado de forma tal que a morte conservou
o amarelo quente das bordas
que incendeia tudo
o que se lhe aproxima
geometria vã
de meus sentimentos
que para o céu apontam
todos meus lados
então essa noite
faz cair de sua negrura
e torna natureza morta
abstraída maçã cinza
com perfuração

Monday, May 29, 2006

UM POESIA CUBISTA


CUBISTA I

Mariella Nigro

Quieren reducirme a un esquema,
recostarme en un ángulo gris
como el arco de un violín
precipitando los planos
a mi costado.
Y en el azul cóncavo
depositar las piernas
mientras poso el perfil
en el convexo añil
junto a una proyectada mano
como una cariciatriangular.
Y un nuevo perfil
de violínal borde
de un abismo,
casi sepultada
por la geometría.

CUBISTA I
Querem reduzir-me a um esquema,
recostar-me num ângulo cinza
como o arco de um violino
precipitando os planos
a meu costado.
E no azul côncavo depositar as pernas
enquanto pouso o perfil no convexo anil
junto a uma projetada mão
como uma carícia triangular.
E um novo perfil de violino
à beira de um abismo,
quase sepultado pela geometria.

Thursday, May 25, 2006

NÃO É NATURAL UM JOVEM MORRER

A MORTE INESPERADA

Para Edem, 34, que não poderá ler.

Na morte não há beleza.
Não há beleza na morte.
Nem nada que nos conforte.

São tristes as flores na morte.
Na morte as flores são tristes.
E o perfume só lembra
A vida que não mais existe.

Wednesday, May 24, 2006

OUTRA POESIA DE CANESE

A TODA MAQUINA
Jorge Canese

Escribo.
Yo no sé, no quisiera
(centellazo amarillo),
hay un semáforo que empuja,
son mis monstruos queridos
que llegan cabalgando en patas de viento
(¡este empalagoso apego por los monstruos sagrados!).
Tranquilos, muchachos, no alboroten,
que así no sale nada.
En fin (primer intento): escribo,
a toda máquina
quisiera contarles mi vida,
mis muertos
teñidos siempre de negro, de verde.
No sé. El mundo que nos queda (ya lo dije)
no es nuestro.
Escribo: adiós,
amarillo a toda máquina.

A TODA MÁQUINA

Escrevo.
Eu não sei, não quisera
(centelhinhas do amarelo),
há um sinal que me empurra,
são meus queridos monstros
que chegam cavalgando em patas de vento
(este excessivo apego pelos monstros sagrados!).
Calma, rapazes, não se alvorocem,
Que assim não saí nada.
Enfim (primeiro intento): Escrevo,
a toda a máquina
quero contar-lhes minha vida,
meus mortos
vestidos sempre de preto, de verde.
Eu não sei. O mundo que nós cabe (já o disse)
não é nosso.
Escrevo: adeus,
amarelo a toda a máquina.

A POESIA DE CANESE

FINAL DEL SIGLO 20
Jorge Canese

Mancho mi nombre,
desciendo exprofeso a los infiernos
para mirar desde aquí tu nada,
tu silencio atragantado.
¡Salvarse!, vaya pretensión orgullosa.
Final del siglo 20:
el botón de retroceso no responde
y parado
espero una caricia que nunca llegará
porque no existe,
porque estoy perdidamente equivocado.
Monigotes.
Múltiples monigotes, camafeos,
cuadrúpedos alados,
insectos de conventillo.
Mentiras. Pavadas.
Mañana. Vení mañana,
que te preparo té inglés con tostadas y todo.
(De: Aháta aju, 1984)

FINAL DO SÉCULO XX

Mancho meu nome,
Descendo infiel aos infernos
Para olhar a partir daqui o nada,
seu silêncio bloqueado.
Salve-se! Vai orgulhosa pretensão.
Fim do século 20:
A tecla de retrocesso não responde
e parado
Espero uma carícia que nunca vai chegar
porque não existe,
porque estou profundamente equivocado.
Noviços.
Múltiplos noviços, camafeus,
quadrúpedes alados,
insetos de conventinhos.
Mentiras. Conversas fiadas.
Amanhã. Vem amanhã,
que lhe preparo chá inglês com tostadas e tudo.

ABANDONO

Um papagaio
Um papagaio
Senhor da sala
Senhor da fala
Com suas penas verde amarelas
E sua rouca voz de curupaco papaco.

Um papagaio
A repetir,
Como se corvo fosse:
-Nunca mais! Nunca mais!
E a ausência dela
Soando, além
de todos os ecos e penas,
pelo tempo afora.

Meu coração ainda chora.

Monday, May 22, 2006

UM POETA URUGUAIO

NO HAYMÁSMAR
Atilio Duncan Pérez da Cunha
a Jorge Varlotta/Mario Levrero

los aerosoles- caracoles famélicos-
devoran la capa de ozono
en un lento viaje de siete años
pecado que pugaremos
setenta veces sietela multitud sedienta
desciende de los ómnibus
espero no
haymásmaren
su lugar hay plásticos y residuo
sun pozo de aguas servidas
el turbo cielo boca abajo
en cambio ellos
los que también robaron
la cresta de la ola
y el aire limpio del verano
admiran bellas piernas
pubis angelicales
finos bronces perfumados por chanel
sin temores alcanzan las doradas manzanas del sol
en la brava en la mansa
en manantiales
no los roza la agonía del mar
sus hijas se bañan en el este.

NÃO HÁ MAIS MAR
Os aerosóis- caracóis famélicos-
devoram a capa de ozônio
numa lenta viagem de sete anos
pecado que purgaremos
setenta vezes sete
a multidão sedenta
desce dos ônibus
mas não há mais mar
em seu lugar há plásticos e resíduos
um poço de águas servidas
o turvo céu de bruços em mudança
neles os que também roubaram
a crista da onda
e o ar limpo do verão
admiram belas pernas
pubis angelicais
finos bronzes perfumados por chanel
sem temores atingem
as douradas maçãs do sol
na brava na mansa em mananciais
não os roça a agonia do mar
suas filhas se banham no este.

Sunday, May 21, 2006

MITOS NACIONAIS



BRASILEIRO-
PROFISSÃO CONQUISTADOR

Eu gosto tanto de sexo
Que a última vez
Que gozei
Foi, num fim de mês,
Em mil, novecentos e noventa e seis,
Portanto no século passado.

Minha sorte é ter
As palavras do meu lado
Tanto que me digo predador,
Caçador, guerreiro
Quando as únicas coisas
Que me movem são a preguiça,
A cerveja, a cachaça, o futebol
E o carnaval em fevereiro.

Eu juro:
Sou muito bom de mulher.
Sou o melhor conquistador,
O mais competente.
Só me esqueci
Quando vi uma mulher nua
Na minha frente.

Como vêem
Sou um caso excepcional:
Um brasileiro normal.

(De Poemas Mal Comportados)

O IDEAL É SERVIR BEM

SER GARÇOM

“Meu filho, seja qualquer coisa menos garçom”.
(Tânia Abbud)

Ninguém ganha do garçom.
Não. Ninguém ganha.
Nem o patrão.
Nem o cliente.
Só se o garçom for muito ruim.

Nasci pra ser garçom por vocação.
Nunca tive ilusão:
Servir é minha vida.
Um copo, uma bebida,
Um especial desejo
(E já ganhei mil beijos,
atacado, ou varejo,
não faço distinção).

Ser garçom
É de Deus um dom-
Assim acredito.
E, para servir as mulheres,
Me faço mais bonito!

(Poemas Mal Comportados)

Friday, May 19, 2006

SANTA VENEZUELA


SANTA VENEZUELA

William Osuna

no tengo nada que obsequiarte a ti, patrona de la
mierdofilia
Sólo yelmos y arcabuces reventados
Uñas lilas
Años terribles
Santa Venezuela
En este, tu santo sepulcro
Arrimo a tus pies la oscilante caja de fósforos
—manto de los erizos—
Y de mi lengua sin pelos
Santa Venezuela
Santa Venezuela

(EDAD, fragmento)

Santa Venezuela

Eu não lhe tenho qualquer coisa para te oferecer, patroa da
merdofilia
Somente elmos e arcabuzes reinventados
Prega lilas
Anos terríveis
Santa Venezuela
Neste teu santo sepulcro
Deposito a teus pés a oscilante caixa de fósforos
- manto das rodas de roda dentada
E de minha língua sem cabelos
Santa Venezuela
Santa Venezuela

Thursday, May 18, 2006

UMA POESIA DE BLAKE

Gentilmente me enviada por Saramar

AUGURIES OF INNOCENCE

William Blake

Every night and every morn
Some to misery are born
Every morn and every night
Some are born to sweet delight

Some are born to sweet delight
Some are born to endless night

AUGÚRIOS DA INOCÊNCIA

Cada noite e cada manhã
Alguns nascem para sofrer a miséria vã
Cada manhã e cada noite
Alguns nascem para do prazer, ter o deleite

Alguns são nascidos para, no prazer, se deleitar
Alguns são nascidos para, na noite infinda, chorar.

Wednesday, May 17, 2006

OUTRO POETA VENEZUELANO


J. A. Calzadilla Arreaza
Un día van a descubrir
que el sol de la mañana produce ceguera
van a descubrir que el café con leche
trae cánceres diversos
descubrirán que hacer el amor
conlleva inevitable el colapso cardíaco
harán saber que el olor de la flor
degenera el tejido hepático
difundirán como lo han hecho
que la vida atenta incansablemente
contra sí misma
Pero no importa
también descubrirán, y ya lo dicen
que una tarjeta de crédito dorada
y una egolatría de César en pijama
frente al televisor universal de su alma
son la panacea infalible
para esta vida miserable
tan expuesta al peligro biológico
[Tomado del libro Crónicas y tópicas de la edad de la muerte, Ediciones El mar arado, 2004.]

PERIGOS BIOLÓGICOS

Um dia vão descobrir
que o sol da manhã produz cegueira

Vão descobrir que café com leite
traz cânceres diversos

descobrirão que fazer o amor
é o caminho inevitável para o colapso cardíaco

Farão saber que o perfume da flor
degenera o tecido hepático

Difundirão como já fizeram
que a vida atenta incansavelmente
contra si mesma.

Mas não importa
também descobrirão, e hão de dizer

que um cartão de crédito dourado
e uma egolatria de César de pijama
defronte ao televisor universal de sua alma
são a panacéia infalível
para esta vida miserável
tão exposta ao perigo biológico

UM POETA DA VENEZUELA

AMABLE LECTOR, NO SE CONFÍE

Alex Fleites

En la octava línea de este texto
una paloma está agonizando,
pero usted puede no mirarla
Aguarde mejor en la palabra cuarta:
ha llovido, y justo allí, dique inocente,
un niño juega a detener el agua

Ya sé que no vale la pena
un par de alas abatidas
ni el encendido pico
que ahora surbe, ansioso,
la frescura de la tinta;
pero sucede, lector,
que hacia el final del poema
una muchacha se baña
desnuda en la playa

Si viera, hay tanto azul
y oro en el paisaje
Sus senos desafían en la espuma
y todos los aromas del mundo la regalan
Mas qué le digo…
Usted está sentado junto al niño
viéndolo navegar sueños adentro,
mientras piensa con horror
en una paloma que agoniza

Quédese ahí, no sufra en vano,
después de todo, una muchacha
no vale lo que un sueño

Al final, sólo un detalle:
no se confíe,
la belleza más bien es una espada
Lo que corre a sus pies, puede ser sangre,
y si se fija bien
quizás alcance a distinguir
un desvalido barco de papel
de un ave herida que la corriente arrastra

AMÁVEL LEITOR NÃO CONFIE

Na oitava linha deste texto
Uma pomba está agonizando,
Porém você não pode vê-la.

Aguarde melhor pela quarta palavra:
Choveu, e justo ali, um dique inocente,
Uma criança brinca de deter a água.

Já não sei o que vale a pena
Um par de asas abatidas
Ou o estendido bico
Que, agora, sorve, ansioso
A frescura da tinta;
Porém, sucede leitor
Que até o final do poema
Uma moça se banha
Desnuda na praia.

Se consegues ver
Há muito azul
E ouro na paisagem
Seus seios desafiam a espuma
E todos os aromas do mundo a povoam,
Mas o que digo...
Você está sentado junto ao menino
Vendo-o navegar pelos seus sonhos
Enquanto pensa com horror
Que uma pomba agoniza.

Pare por aí, não sofra em vão,
Depois de tudo uma moça
Não vale mais que um sonho.

Ao final só um detalhe:
Não se confie na beleza
Mais do que numa espada.
O que corre a seus pé pode ser sangue
E se olhas bem
Quem sabe possa distinguir
Um desamparado barco de papel
De uma ave ferida que a correnteza arrasta.

Tuesday, May 16, 2006

OUTRO POETA PERUANO

RETORNO A LOS PROFETAS

Eduardo Chirinos

Para Antonio Claros

El sol se hará oscuro para ellos
pero pronto han de volver
Miqueas, III, 6

Los profetas han muerto.
Cuernos de guerra anuncian la pronta llegada de la peste,
nuevos tiempos de miseria y escasez.
El campo de batalla está desierto, el cielo se oscurece, la infinita
rueda se ha quebrado.
Dicen que ángeles bellos y monstruosos nos vigilan
pero ya no tenemos ojos para verlos.
Los profetas han muerto.
Atrás los sucios velos que ocultaron la verdad de nuestros rostros,
las ramas que ocultaron la Serpiente cuando rogamos placer
y nos dieron a cambio la resignación.
Textos venerables son ahora pasto de las llamas,
sólo la lechuza mira con indiferencia la corona
que rueda a los pies del más miserable de los dioses.
Sólidas estatuas se arrodillan, gimen, se arrancan los cabellos,
los mástiles que antaño sujetaran los más bravos marinos
golpean la memoria de los dioses que quedan,
¿a quién debemos acudir cuando nos coja la peste?
Los mendigos del reino asaltan los jardines, desprecian los oráculos,
reparten por igual sus pertenencias.
Los nobles del reino conservan sus arcas, sus vinos, sus mujeres,
el miedo que gobierna la implacable voluntad de los presagios.
Los profetas han muerto.
Nadie ahora nos engaña, nadie nos confunde, nadie
nos dice la verdad y estamos solos.
Estamos solos esperando la señal que nos indique
dónde hemos de ir para honrar con dolor a los profetas.

O RETORNO DOS PROFETAS

Os profetas estão mortos.
Trombetas de guerra anunciam a veloz chegada da peste,
dos novos tempos de miséria e escassez.
O campo de batalha está deserto, o céu se escurece, a infinita
roda está quebrada.
Dizem que anjos belos e monstruosos nos vigiam,
Porém não temos mais olhos para vê-los.
Os profetas estão mortos.
Atrás dos sujos véus que ocultaram a verdade de nossos rostos,
os ramos que ocultaram a serpente quando pedimos prazer
e nos deram em troca a resignação.
Textos veneráveis são agora pasto das cabras,
só a coruja olha com indiferença a coroa
que roda aos pés do mais miserável dos deuses.
Sólidas estátuas se enrodilham, gemem, se arrancam os cabelos,
os mastros que antes sujeitavam os mais bravos marinheiros
golpeiam a memória dos deuses que caem,
¿a quem devemos acudir quando nos acossa a peste?
Os mendigos do reino assaltam os jardins, depreciam os oráculos,
Repartem por igual seus bens.
Os nobres do reino conservam suas arcas, seus vinhos, suas mulheres,
o medo que governa a implacável vontade dos presságios.
Os profetas estão mortos.
Nada agora nos engana, nada nos confunde, nada
nos diz a verdade e estamos sós.
Estamos sós esperando o sinal que nos indique
Para onde devemos ir para honrar com a dor aos profetas.

UM POETA PERUANO

SALMO DE INVIERNO

Mario Montalbetti

si quieres ganar el cielo primero debes saber perderlo
recoge por ejemplo un clavo
e imagina el agujero del que provino
¿qué dijo brodsky? que reconocemos a nuestros hermanos
no por sus rostros
sino por sus espalda
sen las colas que forman en los confesionarios
la vida pasa como pasa la corriente
cuando agarras un cable pelado
arroja el clavo
guarda el agujero
arroja el agujero al suelo

SALMO DE INVERNO

Se queres ganhar o céu primeiro deves saber perdê-lo
Recolhe, por o exemplo, um prego
e imagina o furo do qual veio
Que Brodsky disse?
Que reconhecemos nossos irmãos
não por seus rostos
sim por suas costas
nas filas que se formam nos confessionários
a vida passa como passa a corrente
quando agarras um fio liso.
joga fora o prego
guarda o furo
joga o furo ao solo.

ALMA DE LIQUIDAÇÃO













]
(Uma Idéia do Aerodrama)

Comprei tua almaPor 1,99.
Nem sei o que fazer com ela,
Mas, por tal bagatela,
Qualquer troço vale a pena.
Pena que seja uma alma
Tão pequena.
Foi puro consumismo.
Uma compra por impulso,
Por emoção,
Da qual, agora, me arrependo
E estou vendo
Que não dá nem pra trocar.
Ó almazinha vulgar!

Monday, May 15, 2006

MONTSERRAT ÁLVAREZ


O COMO MIERDA SE LLAME

Montserrat Álvarez

A veces me gustaría ser una buena muchacha
bonachona, campechana, gorda,
capaz de sentarme bajo el sol en mi piel
rica en melamina, en calor y en color
Tomar una gaseosa provinciana cuidando
de no manchar con nada mi ancha falda
Tener un corazón enorme y puro como el de un caballo
Lavar la ropa de todos con mis ásperas manos
O, si no, ser alguna de aquellas mujercitas
siempre sentaditas, inclinaditas
sobre su tejido, y haciendo punto,
calceta, o como mierda se llame.

QUALQUER MERDA QUE SE CHAME

Às vezes me agradaria ser uma boa moça
bonachona, campesina, gorda,
capaz de sentar-me sob o sol
com minha pele rica em melanina, em calor e em cor
Tomar uma gasosa provinciana
cuidando de não manchar com nada minha saia larga
Ter um coração enorme e puro como de um cavalo
Lavar a roupa de todos com minhas ásperas mãos
Ou, se não, ser alguma daquelas mulherezinhas
sempre sentadinhas, inclinadinhas
sobre seu tecido , e fazendo ponto,
calcinha ou qualquer merda que se chame.

Obs.: Pintura do notável Aldemir Martins

UM POEMA DE FRISANCHO

FALSA POÉTICA (EL ENEMIGO)

Jorge Frisancho

No sueño ya con este espacio neutro, el de la palabra
y no he podido ver sino lo que pertenece ahora
a los recuerdos, en la otra banda de lo corporal.
Digo entonces: ¿qué será de mí cuando termine la noche
y qué es lo que soy en ella, esto que contemplo
y ríe insoportablemente?
(En un peldaño oscuro del lenguaje o en el fondo del pozo
como en una frágil estrategia de las apariencias, mis sentidos
son sólo estos sentidos fijos en la bóveda,
y mi lengua es ahora la del enemigo).

FALSA POÉTICA (O INIMIGO)

Não sonho já com este espaço neutro, o da palavra
e não pude ver senão o que agora pertence
às recordações, do outro lado do corporal.
Digo então: que será de mim quando a noite terminar
e concluir o que nela sou, isto que contemplo
e ri insuportavelmente?
(Num degrau escuro da linguagem ou no fundo do poço
como numa frágil estratégia das aparências, meus sentidos
são só estes sentidos fixos na abóbada,
e minha língua é agora a do inimigo).

Sunday, May 14, 2006

CUBA, A DOCE CUBA

MI PATRIA ES DULCE POR FUERA...

Nicolás Guillén

Mi patria es dulce por fuera,
y muy amarga por dentro;
mi patria es dulce por fuera,
con su verde primavera,
con su verde primavera,
y un sol de hiel en el centro.

¡Qué cielo de azul callado
mira impasible tu duelo!
¡Qué cielo de azul callado,
ay, Cuba, el que Dios te ha dado,
ay, Cuba, el que Dios te ha dado,
con ser tan azul tu cielo!

Un pájaro de madera
me trajo en su pico el canto;
un pájaro de madera.
¡Ay, Cuba, si te dijera,
yo que te conozco tanto,
ay, Cuba, si te dijera,
que es de sangre tu palmera,
que es de sangre tu palmera,
y que tu mar es de llanto!

Bajo tu risa ligera,
yo, que te conozco tanto,
miro la sangre y el llanto,
bajo tu risa ligera.

Sangre y llanto
bajo tu risa ligera;
sangre y llanto
bajo tu risa ligera.
Sangre y llanto.

El hombre de tierra adentro
está en un hoyo metido,
muerto sin haber nacido,
el hombre de tierra adentro.
Y el hombre de la ciudad,
ay, Cuba, es un pordiosero:
Anda hambriento y sin dinero,
pidiendo por caridad,
aunque se ponga sombrero
y baile en la sociedad.
(Lo digo en mi son entero,
porque es la pura verdad.)

Hoy yanqui, ayer española,
sí, señor,
la tierra que nos tocó
siempre el pobre la encontró
si hoy yanqui, ayer española,
¡cómo no!
¡Qué sola la tierra sola,
la tierra que nos tocó!

La mano que no se afloja
hay que estrecharla en seguida;
la mano que no se afloja,
china, negra, blanca o roja,
china, negra, blanca o roja,
con nuestra mano tendida.

Un marino americano,
bien,
en el restaurant del puerto,
bien,
un marino americano
me quiso dar con la mano,
me quiso dar con la mano,
pero allí se quedó muerto,
bien,
pero allí se quedó muerto
el marino americano
que en el restaurant del puerto
me quiso dar con la mano,
¡bien!

MINHA PÁTRIA É DOCE POR FORA...

Minha pátria é doce por fora
E muito amarga por dentro.
Minha pátria é doce por fora
Com sua primavera verde,
Com sua primavera verde,
E um sol de fel no centro.

Que céu azul tão calado
Olha impassível tua dor.
Que céu azul tão calado
Aí, Cuba, o que Deus te há dado,
Aí, Cuba, o que Deus te há dado
Pra teu céu ser tão azul.

Um pássaro de madeira
Me traz em seu bico o canto.
Um pássaro de madeira.
Aí, Cuba, se te dissera
Eu que te conheço tanto
Aí, Cuba, se te dissera
Que é de sangue tua palmeira,
Que é de sangue tua palmeira
E o teu mar é de pranto.

Sob teu riso ligeiro
Eu que te conheço tanto
Vejo o sangue e o pranto
Sob teu riso ligeiro.

Sangue e pranto
Sob teu riso ligeiro
Sangue e pranto
Sob teu riso ligeiro
Sangue e pranto.

Um filho mesmo da terra
Está numa cova metido,
Morto sem haver nascido,
Um filho mesmo da terra
E o homem da cidade,
Aí, Cuba, é um mendigo
Que anda com fome e duro
Pedindo por caridade
Ainda que use chapéu
E baile na sociedade
(e o digo por inteiro
por ser a pura verdade).

Hoje ianque, antes espanhola
Sim, senhor,
A terra que nos tocou
Sempre pobre a encontrou

Se hoje ianque, antes espanhola
Como não!
Que solitária terra só
A terra que nos tocou!

A mão que não se afrouxa
Há que estreitá-la em seguida;
Chinesa, preta, branca ou vermelha,
Chinesa, preta, branca ou vermelha,
Com a nossa mão estendida.

Um marinheiro americano,
Bem,
Num restaurante do porto,
Bem
Um marinheiro americano
Me quis estender sua mão,
Me quis estender sua mão
Porém ali se quedou morto,
Bem,
Porém ali se quedou morto
Um marinheiro americano
Que num restaurante do porto
Me quis estender a mão.
Bem!

UMA POESIA DE LOZANO


EL VIAJE
Manuel Lozano

Tuve sed de convertirme ardientemente.
(Extramuros, los peregrinos bajan a la catacumba;
se diría que llueve sobre la húmeda arena
del derrumbe.)
Un hijo me cubría con cera la herida llorada, delirante,
para no anegar en mí
la veladora liturgia del navío que me llevea tu costado.
Por fin el fuego del alivio, fragante juguete
deshojándose en palabras.
No lo aparten de aquí.
El que abre una palabra,
bebe la sangre incandescente.
¿Qué dirán de aquel blanco testigo en su morada oscura?
Amará tal vez, sonreirá detrás de las olas.

A VIAGEM
Eu tive sede de converter-me ardentemente.
(Além dos muros, os peregrinos baixavam as catacumbas;
se diria que chove sobre a areia úmida
do despenhadeiro.)
Um filho me cobria com cera a ferida aberta, delirante,
para não alagar em mim
a zeladora liturgia do navio que me leve em
seu costado.
Finalmente o fogo do alívio, flagrante brinquedo,
Despojando-se em palavras.
Não o separem daqui.
O que abre uma palavra, bebe o sangue incandescente.
Que se dirá dessa branca testemunha em sua morada escura?
Amará talvez, há de sorrir por trás das ondas.

Saturday, May 13, 2006

UM POEMA DE TRAKL


De profundis
Georg Trakl

Aguarda un campo lleno de rastrojos
donde la negra lluvia cae.
Aguarda un árbol pardo y solitario,
aguarda un viento que silbando
rodea las cabañas vacías.
Cuán triste es el atardecer.

Pasando el caserío,
la dulce huérfana recoge parcas espigas.
Sus ojos pastan áureos
y redondos en el crepúsculo,
y su regazo espera al celestial amante.

Remota sombra soy
de aquellos lóbregos lugares.
He bebido el silencio de Dios en esa fuente del prado.
Fríos metales alcanzan mi sien.
Y las arañas buscan mi corazón.
Hay una luz que en mi boca se apaga.

Lleno de mugre,
cubierto por el polvo remoto de las estrellas,
halle la soledad en prado oscuro,
y nuevamente suenan en el avellanado
ángeles de cristal.

DE PROFUNDIS

Espera um campo cheio de restos
onde a chuva preta cai.
Espera uma árvore marrom e solitaria,
Esperando o vento
que assobia em redor das cabines vazias.
Quão triste é o entardecer.

Passando a pequena vila,
A doce órfã recolhe
Parcas espigas.
Seus dourados e redondos olhos,
no crepúsculo,
e seu regaço esperam o celestial amante.

Remota sombra sou
daqueles tenebrosos lugares.
Eu bebi o silêncio de Deus nessa fonte do prado.
Os metais frios alcançam a minha têmpora.
E as aranhas procuram meu coração.
Há uma luz que, em minha boca, se apaga.

Repleto de musgo,
Coberto pela poeira remota das estrelas,
encontro a solidão no prado escuro,
e outra vez soam no campo
angélicos sinos de cristal.

Friday, May 12, 2006

ORAÇÃO DOS JOELHOS

(Um Poema à moda Aerodrama)

Há um caminho
De desejo e tentação,
De mistério e de loucura
Que passa pelo teu olhar.
Não. Não adianta
Fechar os olhos
nem corar
Ou fazer gestos desconexos.
Se nada parece funcionar
é ilusão
Que logo há de explodir em luzes.
É questão de tempo e paciência.
A ciência é não ter pressa
Não se afobar.
Tentemos novamente:
Afasta teus joelhos docemente...
Que é hora de rezar.

Wednesday, May 10, 2006

DOIS POEMAS PARAGUAIOS

RECONOCE LA MASCARA
Esteban Cabañas

La palabra es la casa del ser.
HEIDEGUER

Reconoce la máscara
al hundir su boca
en esa oscuridad
sin palabras
que el ser no tiene casa
sino tan sólo la mueca
ese recuerdo del hastío
huella de alguna vez
de un viento de ironía
de algún beso
de algún verano que pasó la tarde
rumiando su historia entre los árboles.
Pero esa boca
de pena se desgaja
de lugar en lugar
buscando el sitio
de su casa perfecta.
La maldición es vasta:
también se sabe
condenada a la búsqueda.

RECONHECE A MÁSCARA

Reconhece a máscara
ao fundir sua boca
na obscuridade
sem palavras
que o ser não tem a casa
mas somente o rosto
essa memória do fastio,
das pegadas, às vezes,
de um vento de ironia
de algum beijo
de algum verão que aconteceu tão tarde
murmurando sua historia entre as árvores.
Porém essa boca
na dor se desgasta
de lugar em lugar
procurando o local
para a casa perfeita.
A maldição é vasta:
também se sabe
condenada à busca.

SOMBRA DE TIGRE...

Sombra de tigre y de sabueso
rostro de tirano
el dedo que detiene la tormenta
se enreda y adelgaza
para formar un filo:
el puñal que asegure
tu corazón furtivo
sobre el propio estandarte
de un sueño despeñado.

SOMBRA DO TIGRE...

Sombra do tigre e do cão de caça
Rosto de tirano
o dedo que detém a tempestade
se enrola e se adelgaça
para dar forma a uma borda:
o punhal que assegura
teu coração furtivo
para brandir o estandarte
de um sonho do despedaçado.

Tuesday, May 09, 2006

WALLACE STEVENS

Thirteen Ways of Looking at a Blackbird
I
Among twenty snowy mountains,
The only moving thing
Was the eye of the blackbird.
II
I was of three minds,
Like a tree
In which there are three blackbirds.
III
The blackbird whirled in the autumn winds.
It was a small part of the pantomime.
IV
A man and a woman Are one.
A man and a woman and a blackbird
Are one.
V
I do not know which to prefer,
The beauty of inflections
Or the beauty of innuendoes,
The blackbird whistling
Or just after.
VI
Icicles filled the long window
With barbaric glass.
The shadow of the blackbird
Crossed it, to and fro.
The mood Traced in the shadow
An indecipherable cause.
VII
O thin men of Haddam,
Why do you imagine golden birds?
Do you not see how the blackbird
Walks around the feet
Of the women about you?
VIII
I know noble accents
And lucid, inescapable rhythms;
But I know, too,
That the blackbird is involved
In what I know.
IX
When the blackbird flew out of sight,
It marked the edge
Of one of many circles.
X
At the sight of blackbirds
Flying in a green light,
Even the bawds of euphony
Would cry out sharply.
XI
He rode over Connecticut
In a glass coach.
Once, a fear pierced him,
In that he mistook
The shadow of his equipage
For blackbirds.
XII
The river is moving.
The blackbird must be flying.
XIII
It was evening all afternoon.
It was snowing
And it was going to snow.
The blackbird sat In the cedar-limbs.

Treze Modos de Olhar uma Graúna
I
Entre vinte montanhas de neve
Só uma coisa se movia:
Eram os olhos da graúna.
II
Eu tinha só três idéias,
Como uma árvore
Onde pousavam três graúnas.
III
A graúna rodopiava nos ventos de outono.
Era uma pequena parte da pantomima.
IV
Um homem e uma mulher
São um.
Um homem e uma mulher e uma graúna
São um.
V
Eu não sei o que preferir,
A beleza das inflexões
Ou a beleza das insinuações,
O canto da graúna
Ou logo depois.
VI
O frio da neve cobriu a vitrina
Com uma áspera camada de gelo.
A sombra da graúna
Atravessou-a de um lado ao outro.
O ânimo
Marcou na penumbra
Um motivo indecifrável.
VII
Oh! Magros homens de Haddam,
Porque imaginais aves douradas?
Não vês que a graúna
Caminha em volta dos pés
Das mulheres junto a vós?
VIII
Conheço ilustres acentos
E claros e inevitáveis ritmos;
Mas sei tambémQue a graúna está envolta
Com as coisas que sei.
IX
Quando a graúna voou além do olhar,
Marcou o limite
De um de muitos círculos.
X
Sob a visão das graúnas
Voando numa luz verde,
Até os palavrões de eufonia
Hão de bradar afinados.
XI
Voou sobre Connecticut
Numa cabine de vidro.
Um medo trespassou-o
Certa vez que confundiu
A sombra do seu equipamento
Com as graúnas.
XII
O rio precisa correr.
A graúna deve voar.
XIII
Houve pôr do sol toda a tarde.
Nevava
E ainda ia nevar muito mais.
A graúna pousou
Nas bordas do cedro.
(Collected Poems of Wallace Stevens, de 1954)

Saturday, May 06, 2006

ORQUÍDEAS PARA VOCÊ

Uma poesia para Lia, uma flor de amiga.

Ah! As orquídeas do Espírito Santo!
São como notas musicais
de uma sinfonia
de cores, de luz, de poesia,
que a Natureza faz
para o mundo ser bonito, ainda mais.
As orquídeas do Espírito Santo
são dos seres vegetais suave canto,
são formas naturais de tanto encanto,
que brotam sem esforço
sobre a terra, embelezando até o pranto.
As orquídeas do Espírito Santo
são, da beleza, fontes
são, como você, querida,
flores da vida.
El miedo
Hebert Abimorad

Primera escena:
Sopla el viento
las hojas del árbol se agitan
Segunda escena:
Sopla el vientolas hojas del árbol
y las ramas se agitan
Tercera escena:
Sopla el viento
las hojas del árbol y las ramas se agitan
el tronco se inclina
Última escena:
Todo el árbol tiembla
No hay ninguna señal de viento.

O Medo

Primeira cena:
Sopra o vento
E as folhas de arvores se agitam
Segunda cena:
Sopra o vento
As folhas de arvores e os ramos se agitam
Terceira cena:
Sopra o vento
As folhas de arvores e os ramos se agitam
E o tronco se inclina
Ultima cena:
Toda a arvore treme
Não há nenhum sinal de vento.

Cambio
El vecino se mudará
llevará un espacio consigo
rodeado de ventanas herméticas
y miradas furtivas.

Mudança

O vizinho vai se mudar
E há de levar um espaço consigo
Rodeado por janelas herméticas
E olhares furtivos

El arroyo de nuestra infancia

No hacemos más que nadar
en el arroyo de nuestra infancia
en busca de caramelos, mas,
recogemos sólo sus envolturas.

O córrego de nossa infância

Nós não fazemos nada mais que nadar
no córrego de nossa infância
em busca dos bombons, mas,
recolhemos somente seus invólucros.


Extinción
Un punto luminoso
se está extinguiendo
alrededor huellas en círculo
de hombres.

Extinção

Um ponto luminoso
está se extinguido
em redor das trilhas no círculo
dos homens.

Friday, May 05, 2006

A BELA DAS TELAS, JANELAS E PASSARELAS

ODE DELA, A BELA

Só os olhos azuis
De Giselle Büdchen
Nos out-doors da Colcci
me convencem
Que o bem sempre vence.
Na realidade atual o mal
Segue vencendo sem igual
e pt, ponto final,
de goleada.
As substituições que fazem
Não alteram nada.
O que nos leva a pensar
Que, no fim,
O resultado será ruim,
Muito ruim.
Olho, porém para ela
E, surpresa, a bela
Pisca, marota,
Para mim.

Wednesday, May 03, 2006

A DOR DE RENUNCIAR


LA RENUNCIA
Andrés Eloy Blanco

He renunciado a ti. No era posible.
Fueron vapores de la fantasía.
Son ficciones que a veces dan a lo inaccesible
Una proximidad de lejanía.

Yo me quedé mirando como el río se iba
Poniendo en cinta de la estrella...
Hundí mis manos locas hacia ella
Y supe que la estrella estaba arriba.

He renunciado a ti sinceramente
Como renuncia a Dios el delincuente.
He renunciado a ti como el mendigo
Que no se deja ver del viejo amigo.

Como el que ve partir grandes navíos
Con rumbo hacia imposibles y ansiados continentes.
Como el perro que apaga sus amorosos bríos
Cuando hay un perro grande que le enseña los dientes.

Como el marino que renuncia al puerto
Y el buque errante que renuncia al faro
Y como el ciego junto al libro abierto
Y el niño pobre ante el juguete caro.

He renunciado a ti, como renuncia
El loco a la palabra que su boca pronuncia.
Como esos granujillos otoñales,
Con los ojos estáticos y las manos vacías
Que empañan su renuncia, soplando cristales
En los escaparates de las confiterías.

He renunciado a ti, y cada instante
Renunciamos un poco de lo que antes quisimos
Y al final ¡cuántas veces el anhelo menguante
Pide un pedazo de lo que antes fuimos!

Yo voy hacia mi propio nivel. Ya estoy tranquilo.
Cuando renuncie a todo, seré mi propio dueño.
Desbaratando encajes regresaré hasta el hilo.
La renuncia es el viaje de regreso, del sueño.

A RENÚNCIA

Renunciei a ti. Não era possível.
Foram vapores de pura fantasia.
São ficções que, às vezes dão, ao inacessível
Uma proximidade da distância.

Eu fiquei olhando o rio que tentavaS
egurar nas suas águas a estrela...
Mergulhei as mãos loucas atrás dela
Para saber que no alto a estrela estava.

Renunciei a ti sinceramente
Como a Deus renuncia o delinqüente.
Renunciei a ti como o mendigo
Que não quer ver sequer ao velho amigo.

Como o que vê partir grandes navios
No rumo de impossíveis e sonhados continentes.
Como o cão que arrefece os amorosos brios
Diante de um maior que lhe arreganha os dentes.

Marujo que recusa o porto certo,
Buque errante que foge do farol claro.
Sou como cego junto ao livro aberto,
Menino pobre ante o brinquedo caro.

Renunciei a ti como renuncia
O louco as palavras que sua boca pronuncia.
Como, no outono, esses pobrezinhos ocasionais
Com os olhos estáticos e as mãos vazias
Disfarçam sua renúncia bafejando cristais
Sobre as vitrinas das confeitarias.

Renunciei a ti, como a cada instante
Renunciamos um pouco ao que fomos antes,
E, ao final, quantas vezes o desejo minguante
Pede um pedaço do que éramos dantes!

Rumo até meu próprio nível. Estou tranqüilo.
A tudo renunciando, serei meu próprio dono,
E, desfazendo os nós, há o fio e é só segui-lo.
A renúncia é a viagem de regresso, o sono.