Wednesday, March 03, 2010
MAIS BOCCANERA
Arder
Jorge Boccanera
Cuando nos besamos trituramos un ángel.
Su última voluntad será nuestro deseo.
Tiempo habrá para escupir sus vidrios de colores,
su sombrero de plumas,
barajas manoseadas por tahures y ahora
hay que hacerlo entrar,
ofrecerle licor (que él lee en la oscuridad).
Dirá sus barajitas,
su forma de guiarnos al secreto de la vieja
estación.
Dirá que el vino está hecho de hojas secas,
que puede hacer fuego con tu rostro y el mío.
(Ni un centavo de luz a su trabajo).
Cuando nos besamos desollamos un ángel,
un condenado a muerte que va a resucitar en otras
bocas.
No tengas lástima por él, solo hay que hincar el
diente
y triturar al ángel.
Abrir tus piernas blancas y darles sepultura.
Arder
Quando nos beijamos trituramos um anjo.
Sua última vontade será o nosso desejo.
Haverá tempo para esculpir seus vitrais,
seus chapéus de plumas,
as cartas manuseadas por jogadores e agora há
de fazê-lo entrar,
oferecer-lhe licor (o que ele lê na obscuridade).
Dirá suas banalidades,
sua forma de nos guiar ao segredo da velha
estação.
Dirá que o vinho é feito de folhas secas,
que não pode fazer fogo com o seu rosto e o meu.
(Nem um centavo de luz ao seu trabalho).
Quando nos beijamos desalojamos um anjo,
um condenado a morte que vai ser ressuscitado em outras
bocas.
Não tenhas pena dele, só tens que cravar
os dentes
e triturar o anjo.
Abrir suas pernas brancas e dar-lhe sepultura.
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