Tuesday, April 26, 2011

Miguel Arteche


CANCION DEL RÍO INDIFERENTE

Miguel Arteche

Cuando las soledades metálicas de las ruedas hicieron
vibrar tu cabeza rasgada por estrellas
-rápido, señorial, antiguo,
inmutable, prisionero por las islas de arena-,
reposaste fluyendo, en la noche, en la muerte.

Cuando la punta yerta de la flecha se hundió en tierra,
y el cuerpo sigiloso del conquistador, vencido, cayó en tierra
haciéndose igualmente hueso: tú entrabas en el mar,
te detenías huyendo, en la noche, en la muerte.

Cuando todo sea olvidado (porque todo será olvidado);
cuando no recordemos quiénes fuimos bajo ese árbol que ha de ser
una mesa,
y cuando la mesa se transforme en el fuego,
y cuando todo se restituya en ti -¡oh madre tierra!-, en tu terrón
amargo:
tú fluirás cantando, seguramente cantando
en la noche, en la muerte.

Canção do rio indiferente

Quando as solidões metálicas das rodas fizerem
vibrar a tua cabeça rasgada por estrelas
-rápido, elegante, antigo,
imutável, prisioneiro das ilhas de areia
repousarás fluindo, na noite, na morte.

Quando a ponta da flecha se afundar imóvel no chão,
e o corpo do conquistador em silêncio, vencido, caiu na terra
fazendo-se igualmente osso: tu entravas no mar,
te detinhas fugindo, na noite, na morte.

Quando tudo estiver esquecido (porque tudo será esquecido);
quando não nos lembrarmos de quem fomos sob esta árvore que há ser
uma mesa
e quando a mesa se transformar em fogo,
e quando tudo se restitua em ti - oh mãe terra! - em tua protuberância
amarga
tu fluirás cantando, seguramente cantando,
na noite, na morte.

Saturday, April 23, 2011

Rojas de volta


Retozo

Jorge Rojas

Escucha, no importa que te lo diga
por teléfono,
de todos modos son palabras
a tu oído.

Te amo.

¿Por qué somos así?

Mientras tú hueles una rosa
yo gusto un vino.

Porque somos así
iguales cada uno
en la plenitud de su destino.

Me amas como soy
si no sería equivocarte.

Te amo, y me equivoco
y vuelvo a amarte.

¡Cómo te amo!

Brincadeirinha

Ouça, não importa o que te digo
por telefone
são palavras de qualquer jeito
no teu ouvido.

Eu te amo.

Por que somos assim?

Enquanto tu és perfumada como uma rosa
Eu gosto de um vinho.

Porque nós somos assim
igualdade de cada um
na plenitude de seu destino.

Me amas do jeito que sou
senão seria equivocar-se

Eu te amo, e me equivoco
e volto a te amar.

Como te amo!

Jorge Rojas


Vida

Jorge Rojas

Vivir como una isla,
lleno por todas partes
de ti, que me rodeas
ya presente o distante

con un temblor de luz
primera, sin pulir,
sin arista de tarde,
ni sombra de jardín.

Y ángeles en espejos
guardando tu mirada
para hacerse verdades
y noches estrelladas.

Vida

Viver como uma ilha
pleno em todas as partes
de ti, que me rodeias
já presente ou distante

com um tremor de luz
primeira, sem adereços,
sem aresta de tarde
ou jardim sombreado.

E os anjos nos espelhos
guardam os teus olhos
para fazer verdades
e noites estreladas.

Thursday, April 21, 2011

Uma nova traiçãozinha...


Só para provar que minha professora de inglês não tem culpa de nada e acerta até quando só vê um pedaçinho do seu aluno malcriado!

Afterbelievers

Paul Nguyen

Love is like your shadow, stop trying to chase after it,
because it'll run away from you.
Learn hard to walk away from it
than it'll come after you.

Além das crenças

O amor é como tua sombra, pare de tentar persegui-lo,
porque ele fugirá de ti.
Aprenda, por mais que seja difícil, a renunciar
que ele virá atrás de ti.

César Moro


El amor al desperdirse

César Moro

El amor al despedirse dice: sueña conmigo
el sueño es una bestia huraña
que hace revolverse los ojos con la respiración
entrecortada pronunciar tu nombre
con letras indelebles escribir tu nombre
y no encontrarte y estar lejos y salir dormido
marchar hasta la madrugada a caer en
el sueño para olvidar tu nombre
y no ver el día que no lleva tu nombre
y la noche desierta que se lleva tu cuerpo

O amor ao se despedir

O meu amor ao se despedir disse: sonha comigo
o sonho é uma besta mal-humorada
que me faz revolver os olhos e, com a respiração
entrecortada, pronunciar o teu nome
com letras indeléveis escrever o teu nome
e não encontrar-te e estar distante e sair dormido
marchando até a madrugada cair no
sonho para esquecer o teu nome
e não ver o dia que não leva o teu nome
e a noite deserta que leva o teu corpo.

Tristeza...não tem fim...


TRISTESSE

Alfred de Musset

J’ai perdu ma force et ma vie.
Et mes amis et ma gaîté;
J’ai perdu jusqu’à la fierté
Qui faisait croire à mon génie.

Quand j’ai connu la Vérité,
J’ai cru que c’était une amie;
Quand je l’ai comprise et sentie,
J’en étais déjà dégoûté.

Et pourtant elle est éternelle
Et ceux qui se sont passés d’elle
Ici-bas ont tout ignoré.

Dieu parle, il faut qu’on lui réponde.
Le seul bien qui me reste au monde
Est d’avoir quelquefois pleuré.

Tristeza

Eu perdi a minha força e a vida.
E meus amigos e a alegria;
Eu perdi o orgulho
Que me dava a impressão de genialidade.

Quando eu vi a Verdade
Eu pensei que era um amigo;
Quando a percebi e senti,
Eu já estava perturbado.

E, no entanto, eterna é ela
E quem passou por ela
Vê abaixo o que é de todos ignorado.

Deus fala, devemos uma resposta.
O único bem que no mundo me resta
Foi, muitas vezes, ter gritado.

Canção do amor distante


Talvez seja ilusão
desta paixão escondida
ser razão de tanta vida
sem ninguém saber de nada.
Até mesmo quando minto
só disfarço o amor que sinto,
esta coisa tão sagrada
sendo assim tão pecadora
percebe que o mundo doura
em pensar na doce amada.
Percebo na madrugada
seu perfume no jasmin,
que me dá a certeza, enfim,
da dor, que dói tanto em mim,
da distância que separa.
E o amor, que é dor não pára,
para não me deixar impune
a distância que separa
é o que ainda mais nos une!

Wednesday, April 20, 2011

Justificativa inútil


Se foi preciso
Subires nas alturas
Para perderes num avião tua razão
Nem deves ligar, ò santa criatura,
Se não te ligo, se não te dou noticias não.
É sempre por um motivo justo
que justifico tamanha distração
e sou o mesmo que tanto te adora
que não diz nada e te envia uma canção.
Podes me insultar, me castigar,
se assim quiseres,
me chamar mesmo de abjeto e vil,
de um inútil para todas as mulheres,
porém, só irás provar, amor, que tu me queres,
que, igual a mim, por pimentas, pirulitos, picolés
és louca,
e provocar minha vontade tão gentil
de sempre, sempre te amar
e morrer de gozar...
como sonhas na tua imaginação.

Como no cinema


Quando tu chegastes,
uma lua radiosa,
te vi tão formosa
que nem tive hesitação,
fui no se colar, colou,
com todo o coração
e te passei a mão,
a língua, o braço, o dedo,
sem receio ou medo,
e veio, então, o beijo
que só selou o desejo,
o gosto, a emoção
e, como no cinema,
tocou uma canção.
Me vi em Bagdá,
dormi em Bariloche,
acordei em Casablanca,
corri por Zanzibar
em grego fui falar
somente com o intento
de te amar, te amar, te amar...

Saturday, April 16, 2011

Novamente Juarroz


Poesía vertical 24

Roberto Juarroz


Darlo todo por perdido.
Allí comienza lo abierto.

Entonces cualquier paso
puede ser el primero.
O cualquier gesto logra
sumar todos los gestos.

Darlo todo por perdido
Dejar que se abran solas
las puertas que faltan.

O mejor:
dejar que no se abran.

Poesia vertical 24

Dar tudo por perdido.
Ali ó o começo da abertura.

Portanto, qualquer passo
pode ser o primeiro.
Ou qualquer gesto logra
somar todos os gestos.

Dar tudo por perdido
Deixar que se abram só
as portas que faltam.

Ou melhor:
deixar que não se abram.

Roberto Juarroz


Porque esta noche no duermes lejos...

Roberto Juarroz

Porque esta noche duermes lejos
y en una cama con demasiado sueño,
yo estoy aquí despierto,
con una mano mía y otra tuya.
Tú seguirás allí
desnuda como tú
y yo seguiré aquí
desnudo como yo.
Mi boca es ya muy larga y piensa mucho
y tu cabello es corto y tiene sueño.
Ya no hay tiempo para estar
desnudos como uno
los dos.


Porque esta noite não dormes longe ...


Porque esta noite dormes longe
e em uma cama com demasiado sono
Eu estou aqui acordado
com uma mão minha e a outra tua.
Tu seguirás por ali
desnuda como tu
e eu seguirei aqui
desnudo como eu.
Minha boca é já muito larga e pensa muito
e teu cabelo é curto e tem sono.
Já não há tempo para estar
desnudos como ambos
estamos.

Thursday, April 14, 2011

Explicaçãozinha do maior amor


É preciso apenas que tu entendas
Que o meu amor também se alimenta do silêncio.
Às vezes até me canso de mim mesmo
E minha alma, que não tem pauta,
Segue seus compassos desarmoniosos pela vida
Dançando de forma errante e misteriosa.
Nem pense que não é por te amar, querida,
Nem que no meu coração não sigas
Como a jóia mais preciosa.
Mas, crê em mim,
Que a melhor proteção até mesmo das rosas,
Muitas vezes, é a distância e o isolamento.
Se afastar, algumas vezes, é por fermento
No pão de cada dia
E comemorar isto com a alegria.
Como eu poderia te explicar
Que quanto menos convivo
Mais aumenta meu desejo de te amar
E, mesmo assim, distante
Sei que não consigo mais viver sem ti
De forma que quando chego
Sinto um desejo imenso de partir...
Só para te amar mais do que te amo.

Tuesday, April 12, 2011

A minha alma dança...


Perto de ti dança,
voa, voa minha alma,
Completamente desarmada
Como se fosse um cupido inocente
Que pode errar a seta,
Mas, deixa o veneno do amor
No olhar, na vontade infinita de amar
Na presença e também no silêncio
De quem sabe que o amor é uma loucura,
Sem cura, sem cura, sem cura....

Paraíso Proíbido


Nunca pensei que nosso amor
Fosse ficar tão triste
Por um tempinho assim
No qual não te falei.
Talvez eu não seja mesmo
O que lhe convém,
Mas, feche os olhos
E pense como te quero bem.
Esta tristeza não pode perdurar
Afinal teus olhos não foram feitos
Para guardar imagens sem sentido
Eu sei que teu coração pode estar ferido
Por jamais ser o que tu desejavas
Porém, não tenho a menor culpa
De que antes de conhecer já te amava
E se tu és meu paraíso proibido
Não estou nem aí para o pecado
Quero é comer a maça de teu lado!

Monday, April 11, 2011

Aprendizado II


Bem que tentei te ensinar economia,
porém, apenas aprendi
que a ordem dos fatores
tudo altera.
De modo que, se professor eu antes era,
agora aluno aplicado sou
da professora que me ensina
amor.

Brincadeirinhas


Aprendizado I

Eu que já fui teu professor,
E nem me lembro,
Agora aprendo,
feliz e infantil,
a pesquisar a ingênua beleza
que existe na tua natureza,
contraditoriamente,
tão selvagem e culta
que descubro outra criança
na mulher tão adulta.

Sunday, April 10, 2011

Devoção


Eu sei que, muitas vezes, meu amor,
Não sou, nem faço, o que desejas
E pareço que adoro malabares.

Eu sei que, muitas vezes, me esperas
Enquanto me perco pelos bares
Ou apenas olhando o sol se por.

Outras vezes, em dois lugares
Ainda, por azar, não posso estar
E, a fraqueza minha, é tua decepção.

Porém, os crentes, em outro lugar,
Cultivam seus deuses nos altares
E, em todo lugar, estais no meu coração.

Vê, mulher, que estou a teus pés!
Sê bondosa, segue tua percepção
De que é a minha devoção te amar!

Saturday, April 09, 2011

Historinha pra lá de infantil


Final feito por você

Eu deveria te devorar
Como o lobo mau fez com o chapeuzinho.

No entanto, hoje, me senti tão cansadinho
Que nem saí da cama.
Havia em mim preguiça de uma semana,
Dois meses, um ano...

Sei que cometi um erro, um engano.
Que amanhã talvez não possa te devorar
Que você nem queira mais
Andar pela floresta
Para que possa fazer festa.

As histórias modernas são assim
Já não se pode contar com o mesmo começo
Quanto mais com o mesmo fim,

Mas, sou humilde e te peço...rima por mim!

SEM DESCULPAS


Podes reclamar dos dias que não te vejo,
Dos dias que não te beijo,
Dos dias que nem dou notícia,
Dos dias que quedo vencido pela preguiça.
Podes reclamar que te dou razão
E reconheço a fraqueza de minha posição.
Eu não reclamo não.
Eu nada digo
E a vida sigo,
Mas, no meu coração,
Todos os dias são inúteis e sem vida,
Minha querida, se não te posso amar.
Continua me amando como forma de me perdoar!

Thursday, April 07, 2011

Tudo tem seu tempo certo....


Velhas lembranças

O teu amor
Que é quase como se fosse um estepe
É a única coisa que me faz serelepe
Que me faz sorrir e cantar
Ainda que isto seja estragar outros ouvidos
E esgotar os sentidos em tentativas de amar
mais do que posso.
Todo o entorno, porém, pouco importa
Se há ideias, momentos, detalhes tão nossos
Que me sinto tão feliz como te sentes
Por trás de véus, de cortinas e de portas
E guardamos estes segredos ternamente
Como um arco-iris que a chuva levou ...

Há um tempo em que haveremos de esquecer
Tanta coisa que nos tornou tão felizes.
E nos dias em que houver uma chuvinha
Em que os pingos cantarem no telhado,
Ainda haverá em ti um resto de memória
Que há de te dar um vago sentimento de euforia
E dirás mesmo sem pensar de onde viria
Que tudo passou, mas, foi uma glória...
Sentirás que fostes amada-tua maior vitória-
E rirás e dançarás feito uma louca
E gemerás como se beijada na boca!

Entre os vários mistérios...o do desencontro


O mistério do desencontro

Todo grande amor
É sempre sofrimento
Parece que Deus brinca
Com os sentimentos
Só fazendo com que os amantes
Se encontrem no momento
Em que não devem se amar.
Sei que sou um pobre mortal
Que a vontade divina
Não ousa desafiar,
Mas, como se explica
Que tenha feito assim?
Por que nosso começo
Tem que ser no fim
Por que o nosso amor
Tem que viver na escuridão
Quando é só prazer e luz?
É um mistério
Como o da Santíssima Trindade
Ou por que sacrificar Jesus.
Que sei eu? Sei nada não.
É que não posso te esquecer, meu coração!

Marchinha da Boa Vida


A vida é boa

Nem quero saber de nada
Tô à-toa, à-toa
Vamos nesta pisada
Que a vida é boa,
Que a vida é boa!

Balança, meu amor,
Dança, dança,
Me olha, mais uma vez,
Com este jeito sedutor
Que pra onde quiser ir eu vou!

Sei que a música tá no fim,
Mas, pode deixar ela acabar
Que, meu bem, há o amanhã sim
E a vida tão boa, tão linda
Tão doce há de continuar..

Não preciso nem de carnaval
Que minha folia é te beijar.
Vem, meu amor, que a vida é boa
Enquanto eu poder te amar!

Um Van Gogh do amor


Nada do que fizermos há de mudar o que houve.
Sei que, hoje, talvez, te arrependas do amor passado,
Mas, a vida só vale à pena
Quando se olha para trás e há mais do que os ramos secos dos dias,
Quando existe a certeza de que existiu a alegria, o sentimento, a emoção!

Sei que dizes por aí que fui uma ilusão infeliz
Como se quisesses apagar a ternura que ainda me transmite
o teu olhar.
Deve ser pelo fato de que não consigas chorar
E porquê não vivemos todo o grande amor que deveríamos viver.
Sinto te dizer
Que não há tempo nem espaço para mudar
o roteiro que a vida nos deu.
O que se perdeu, se perdeu.
O que se ganhou foi a ternura, o amor
Que construímos com as palavras e os encontros
Que, mesmo não sendo tantos,
Foi palco de um gozo tão grande e infinito
Que permanece na galeria de nossas vidas
Como o quadro mais bonito
E não posso fazer nada
Se, hoje, me diz
Que o escondeu voltado para a parede.

O nosso amor foi uma obra de arte
E cada qual faz o que quer com sua parte.
A minha sempre vou expor
Como se fosse um Van Gogh do amor.

Wednesday, April 06, 2011

Então, se acreditas em mim...


Pierre de Ronsard

Donc, si vous me croyez, Mignonne,
Tandis que votre âge fleuronne
En sa plus verte nouveauté,
Cueillez, cueillez votre jeunesse:
Comme à cette fleur, la vieillesse
Fera ternir votre beauté.

( Oeuvres poétiques. Paris, Larousse, 1972)

Então, se acreditas em mim, querida,
Apesar de que tua idade floresceu,
No seu maior frescor de novidade
Colhe, colhe tua juventude:
Como a uma flor, a velhice
Não pode manchar tua beleza.

Sem morrer na praia


Não irei cair nas praias derrotado
Vencendo as ondas já morto presumido.
Segui o farol nos céus escurecido
E hei de sorrir do naufrágio passado.

Este episódio em cinzas desatado
È parte apenas de um tempo já vencido;
Todo guerreiro não se dá por perdido,
Exceto se a espada o tem atravessado.

Se a nau, o mau augúrio e as tormentas
Em conluio me ofertam as desventuras
Não me entregarei sem luta e sem combate

Sei bem que sou mortal e considero
Que vencer, viver ,de qualquer forma, quero,
E os obstáculos só um fraco é que abate!

Ainda vivo do brilho das estrelas...


Persistência indolor

Eu sei que vivo a caçar estrelas
E que meu telescópio está quebrado.
Mas, sou teimoso e, com a vista ruim,
Continuo atrás do brilho mesmo assim.
E não desisto, se uma estrela do mar,
Na minha pescaria sideral eu pego.
Erro, erro muito-isto nunca nego-
Porém, de tanto errar, quem sabe,
Um dia acerte, por ironia, a mais bela,
A que me apontastes um dia, aquela,
Que povoou os meus sonhos de amor
E apaga de todos os erros a minha dor.

Tuesday, April 05, 2011

Novamente Miguel Otero Silva


El aire ya no es aire, sino aliento...

Miguel Otero Silva

El aire ya no es aire, sino aliento;
el agua ya no es agua, sino espejo,
porque el agua es apenas tu reflejo
y ruta de tu voz es sólo el viento.

Ya mi verso no es verso, sino acento;
ya mi andar no es andar, sino cortejo,
porque vuelvo hacia ti cuando te dejo
y es sombra de tu luz mi pensamiento.

Ya la herida es floral deshojadura
y la muerte es fluencia de ternura
que a ti me liga con perpetuos lazos:

tornóse en rosa espléndida la herida
y ya no es muerte, sino dulce vida,
la muerte que me das entre tus brazos.

O ar não é o ar, mas, sim alento ...


O ar não é o ar, mas, sim alento;
a água já não é água, mas, espelho
porque a água é apenas teu reflexo
e a rota de tua voz é só o vento.

Já meu verso não é verso, sim acento
e meu andar não é andar, mas, sim cortejo
porque volto até ti quando te deixo
e é sombra de tua luz meu pensamento.

Já a ferida é desfolhada roseira
e a morte é a fluência de ternura
que a ti me liga com perpétuos laços:

Torna-se em rosa esplendida a ferida
e já não é mais a morte, mas, a doce vida
a morte que me dás entre teus braços.

Miguel Otero Silva


Calma mi sed, amor, en tus vertientes...

Miguel Otero Silva

Calma mi sed, amor, en tus vertientes,
enraízame, amor, en tus sembrados,
llévame, amor, por mares encrespados,
clávame, amor, tus uñas y tus dientes.

Di palabras, amor, incoherentes,
gime versos, amor, jamás pensados,
sacude, amor, tus pétalos mojados,
amor, sobre mis huesos combatientes.

Hiéreme, amor, con filo de claveles,
átame, amor, con tu dogal de mieles,
quémame, amor, en tu rosal de fuego.

Cimbra, amor, tu silencio estremecido,
dame tu boca, amor, que la he perdido,
muere conmigo, amor, que ya estoy ciego.

Acalma minha sede, amor, em tuas vertentes...

Acalma minha sede, amor, em tuas vertentes,
enraíza-me, amor, nos teus prados,
leva-me, amor, por mares agitados,
crava-me, amor, tuas unhas e teus dentes.

Diga palavras, amor, incoerentes,
geme poesias, amor, jamais pensadas
sacode, amor, tuas pétalas molhadas,
amor, sobre meus ossos combatentes.

Me machuca, amor, com a ponta de cravos,
ata-me, amor, com o meu de teus laços,
me queima, amor, em tua roseira de fogo.

Sustenta, amor, teu silêncio estremecido,
Dá-me tua boca, amor que hei perdido,
morre comigo, amor, que já estou cego.

Sunday, April 03, 2011

De novo Juarroz


Cada uno tiene su pedazo de tiempo...

Roberto Juarroz

Cada uno tiene
su pedazo de tiempo
y su pedazo de espacio,
su fragmento de vida
y su fragmento de muerte.

Pero a veces los pedazos se cambian
y alguien vive con la vida de otro
o alguien muere con la muerte de otro.

Casi nadie está hecho
tan sólo con lo propio.
Pero hay muchos que son
nada más que un error:
están hechos con los trozos
totalmente cambiados.

Cada um tem o seu pedaço de tempo ...

Cada um tem
o seu pedaço de tempo
e seu pedaço de espaço,
seu fragmento de vida
e seu fragmento de morte.

Porém, às vezes, as peças são alteradas
e alguém vive com a vida de outro
ou alguém morre com a morte de outro.

Quase ninguém está feito
tão só consigo próprio.
Porém, há muitos que são
nada mais do que um erro:
estão feitos com as peças
totalmente trocadas.

Ilustração: http://bnts-jrmb.blogspot.com/

Ainda Roberto Juarroz


Así como no podemos...

Roberto Juarroz

Así como no podemos
sostener mucho tiempo una mirada,
tampoco podemos sostener mucho tiempo la alegría,
la espiral del amor,
la gratuidad del pensamiento,
la tierra en suspensión del cántico.

No podemos ni siquiera sostener mucho tiempo
las proporciones del silencio
cuando algo lo visita.
Y menos todavía
cuando nada lo visita.

El hombre no puede sostener mucho tiempo al hombre,
ni tampoco a lo que no es el hombre.

Y sin embargo puede
soportar el peso inexorable
de lo que no existe.

Assim como não podemos

Assim como não podemos
sustentar por muito tempo um olhar,
tampouco podemos sustentar muito tempo a alegria,
a espiral do amor,
o pensamento livre,
a terra suspensa na canção.

Não podemos nem sequer sustentar muito tempo
as proporções de silêncio
quando algo nos visita.
Ainda menos
quando nada o visita.

O homem não pode mais sustentar muito tempo o homem,
nem tampouco o que não é homem.

E sem embargo
suportar o peso inexorável
do que não existe.

Roberto Juarroz


No se trata de hablar...

Roberto Juarroz

No se trata de hablar,
ni tampoco de callar:
se trata de abrir algo
entre la palabra y el silencio.
Quizá cuando transcurra todo,
también la palabra y el silencio,
quede esa zona abierta
como una esperanza hacia atrás.
Y tal vez ese signo invertido
constituya un toque de atención
para este mutismo ilimitado
donde palpablemente nos hundimos.

Não se trata de falar ...

Não se trata de falar
nem tampouco de calar:
se trata de abrir algo
entre a palavra e silêncio.
Talvez quando tudo se transcorra
também a palavra e o silêncio,
quedem nessa zona aberta
como uma esperança de volta.
E talvez o sinal invertido
constitua um aviso de atenção
para este mutismo ilimitado
palpável, onde nos afundamos.