Sunday, July 28, 2013

Jogadores do amor


Nós nos apegamos a tudo:
a cada momento de prazer e de ilusão
como se cada pedacinho do que vivemos
não fosse, como sempre foi, transitório e efêmero.
Nós, pobres marionetes do destino,
sabemos que a vida é um jogo,
uma bolha de sabão,
que flutua, mantendo por um tempo,
a ilusão de que podemos ser felizes.
Seguimos, desafiando as regras,
buscando uma solução
para o jogo labirinto que pode ter, ou não,
um lance mágico
que abra as portas de um final feliz.
Mas, quando tu sorris
Sinto que a chave deste jogo
é tudo que a vida nos dá:
são estes momentos
em que podemos nos amar
e este prazer de jogar
contra todas as possibilidades.


Ilustração: divadiz.com

Saturday, July 27, 2013

De volta Giovanni Quessep


Esfinge

Giovanni Quessep

Feliz tú que no miras
los ojos de la Esfinge,
y no ves que es azul el laberinto
de su arena; terrible
conocimiento de una vida amarga
el que nos dan los últimos jardines.
Feliz tú que no sabes
quién teje la ilusión de tus tapices,
ni quién es la hilandera de tus días,
vendimiadora que da un vino triste.
Cantas tu himno, loco de esperanza,
y no sabes si mueres o si vives.

Esfinge

Feliz tu que não olhas
os olhos da Esfinge,
e não vês que é azul o labirinto
de sua areia; terrível
conhecimento de uma vida amarga
o que nos dão os últimos jardins.
Feliz tu que não sabes
quem tece a ilusão de teus tapetes,
nem quem é a fiandeira de teus dias,
a colhedora de uva de um vinho triste.
Cantas teu hino, louca de esperança,
e não sabes se morres ou se vives.


Ilustração: cultura.culturamix.com

Giovanni Quessep


Cántico de dos rosas

Giovanni Quessep

No digas nada, escucha a las estrellas.
Tal vez te digan algo
de la rosa que hay en tu jardín
y la rosa del tiempo,
-la que está viva o muerta-
en la arena que arde.
La rosa que hay en tu jardín es bella.
No la amarga hechicera que te llama
desde tu nacimiento, rosa oscura
que te alumbra el final y las orillas
del aqueronte. No hables, que estás solo
con nada indecible, siempre lejos
del azul más profundo. Mira pues
si el agua va a una isla donde crecen
rosas ya sin ventura o venturosas;
y escribe y canta.  Y oye a las estrellas
que hablan desde una página pedida.

Cântico das duas rosas

Não digas nada, escuta as estrelas.
Talvez te digam algo
da rosa que está em teu jardim
e da rosa do tempo
-a que está viva ou morta-
sobre a areia ardente.
A rosa que está em teu jardim é bela.
Não a amarga feiticeira que te chama
desde de teu nascimento, rosa escura,
que ilumina o final e as margens
do Aqueronte. Não fales, que estais só 
com nada indecifrável, sempre longe
do azul mais profundo. Olha, pois,
se a água vai para uma ilha onde crescem
rosas já sem ventura ou venturosas;
e escreve e canta. E ouve as estrelas
que falam de uma página pedida.


Novamente Iván Segarra Báez



IX

Iván Segarra Báez

"El hombre es mortal por sus temores e inmortal por sus deseos"

Pitágoras

Descubrimos que la vida se va asesinando
entre pétalos descalzos y llantos desnudos,
como símbolos desterrados
de pequeñas muertes desoladas y tristes.

El tiempo
va trasnochando horizontes muertos de frío
y todo se acuesta entre la nota absurda
de la sombra en pena de la risa muerta.

Descubrimos que los cuerpos son el cosmos,
un deseo que se retuerce en el mar de la lujuria.

IX

"O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos"

Pitágoras

Descobrimos que a vida vai nos assassinando
entre pétalas descalças e prantos nus,
como símbolos desterrados
de pequenas mortes desoladas e tristes.

O tempo
vai transnoitando horizontes mortos de frio
e tudo se ajusta entre a nota absurda
na sombra da pena de um riso morto.

Descobrimos que os corpos são os cosmos,

um desejo que se retorce num mar de luxúria.

Ilustração: produto.mercadolivre.com.br

Iván Segarra Báez


COMO ME SIENTO

Iván Segarra Báez

Me siento como se siente el agua
entre mares de cenizas.
Mi fuerza es un ciclón
que choca contra el viento.
¡Será que soy de espuma,
de silencios muertos!
Sé que no conozco
los gorriones sedientos.

Mi mundo es una playa sin orillas
y mi cuerpo tendido de azucenas
no conoce la desgracia
aunque la viva cerca.
¡Seré un marinero sin puerto,
un abismo suicida
que llorará sobre el tiempo!

¿Cómo me siento vida,
cómo me siento?

Como eu me sinto

Me sinto como se sente a água
em mares de cinzas.
Minha força é um ciclone
que se choca contra o vento.
Será que sou a espuma
de silêncios mortos!
Sei que não conheço
os pardais famintos.

Meu mundo é uma praia sem beiras
e meu corpo encoberto de lírios
 não conhece a desgraça
embora viva perto.  
Eu sou um marinheiro sem porto,
um abismo suícída
que chorará sobre o tempo!

Como me sinto vida,

como me sinto?

Ilustração: solitude.spaceblog.com.br

Jorge Debravo outra vez



Poema

Jorge Debravo

Desde que el primer hijo -en noche de tortura-
se desprendió de ti como un brazo viviente,
la carne se te ha hecho una fruta madura
y el amor como un pan se te ve y se te siente.

Tus mejillas se han vuelto suaves como pañales,
la voz se te ha llenado de ternuras y almohadas,
palpitan en tus ojos dos tiernos animales
y son como dos sombras tus manos sosegadas...

Poema

Desde que o primeiro filho- em noite de tortura-
se desprendeu de ti como um braço vivente,
a carne fez de ti uma fruta madura
e amor como um pão em ti se vê e em ti se sente.

Tuas faces tornaram-se suaves como lenços,
a voz encheu-se de ternura e travesseiros,
palpitam em seus olhos dois ternos animais
e são como duas sombras tuas mãos sossegadas ...

Ilustração: blog.clickgratis.com.br

Jorge Debravo


Este es mi amor

Jorge Debravo

Este es mi amor, hermanos, este esfuerzo
denso, maduro, alto,
estos dedos agónicos y este
manojo de entusiasmo.

Yo no os amo dormidos:
Yo os amo combatiendo y trabajando,
haciendo hachas deicidas,
libertando.

Amo lo que de dioses se os revela
ante el miedo y el látigo,
lo que suda, viviente y guerrillero,
en el fondo del hueso americano,
lo que es amor no siendo más que carne,
lo que es lucha no siendo más que paso,
lo que es fuego no siendo más que grito,
lo que es hombre no siendo más que árbol.

Este é o meu amor

Este é o meu amor, irmãos, este esforço
denso, maduro, alto,
estes dedos agonizantes e este
manancial de entusiasmo.

E não os amo dormindo:
Eu os amo lutando e trabalhando,
criando ideias deícidas,
libertando.

Amo o que de deuses se revela em vós
ante o medo e o chicote,
o que sua, vivente e guerrilheiro
no fundo do osso americano
o que é amor, não sendo mais que carne,
o que é luta não sendo mais que passo,
o que é o fogo não sendo mais que grito,
o que é o homem não sendo mais que árvore.

Ilustração: mardeamoremondasdepoesias.blogspot.com

Tuesday, July 23, 2013

Antecipação amorosa


Hoje neste dia frio,

gostaria mesmo era de dançar,

de contigo me agarrar e me embriagar ,

sem me importar se o papa Francisco iria me perdoar.

Como nada é tão simples

tive mesmo foi que tomar vinho e dormir,

mas, não antes de comer carne de porco e queijo

(o que não tem o mesmo sabor da tua carne

nem do teu beijo).

Porém, só em pensar na delícia que seria

te beijar no cangote,

meu coração correu ao galope,

num frenesi de ilusão

e o desejo que me assaltou

antecipadamente me absolveu

do que não aconteceu

pela certeza de que um amanhã haverá

em que, com frio ou com calor,

de amor hei de te matar!
Ilustração: fabianomartatobias.blogspot.com

Yanina Magrini de volta


XXIII

Yanina Magrini

Casi que nunca amanece. Como equívoco cierto

nada se desprende de hoy.

Cambiemos noche por diluvio y dejemos el exceso

de lo humano sobre el manifiesto de su luz.

 
(Le sugiero a tu imbecilidad el instante de un relámpago

el intersticio de su voz).

 
A veces, un mínimo detalle

suele sanar toda intemperie del mundo.


XXIII

Quase que nunca amanhece. Como equívoco certo

nada se desprende de hoje.

Trocamos a noite pelo dilúvio e deixamos o excesso

do humano sobre o manifesto de sua luz.

 
(Sugiro à tua imbecilidade o instante de um relâmpago

o interstício de sua voz).

 
Às vezes, um mínimo detalhe

Pode sanar toda intempérie do mundo.
 

Yanina Magrini


NOTICIA DE ÚLTIMO MOMENTO:


Yanina Magrini

 
Otra vez un poeta

manifiesta en primera persona

el instante fantástico

de su lirismo.


Quiere morir. Matarse

con una rebanada de pan

o una hoja de lechuga.


Cree que puede irse

y dejar

su pequeño monstruo

afuera.
 

Notícia de última hora


Outra vez um poeta

se manifesta na primeira pessoa

no fantástico instante

de seu lirismo.


Quer morrer. Matar-se

com uma fatia de pão

ou uma folha de alface.


Crê que que pode ir-se

e deixar

seu pequeno monstro

de fora.

 
Ilustração: radiacaogama.blogspot.com

Outro poema de Jaime Torres Bodet


Ambición

Jaime Torres Bodet

Nada más, Poesía:

la más alta clemencia

está en la flor sombría

que da toda su esencia.

 
No busques otra cosa.

¡Corta, abrevia, resume;

no quieras que la rosa

dé más que su perfume!

 
Ambição


Nada mais, poesia:

a mais alta clemência

está na flor sombria

que dá toda sua essência.

 
Não busques outra  coisa.

Corta, abrevia, resume;

não queiras que a rosa

dê mais que seu perfume!

 

Jaime Torres Bodet


Paz

Jaime Torres Bodet

No nos diremos nada. Cerraremos las puertas.

Deshojaremos rosas sobre el lecho vacío

y besaré, en el hueco de tus manos abiertas.

la dulzura del mundo, que se va, como un río...

Paz

Não nos diremos nada. Fecharemos as portas.

Desfolharemos rosas sobre o leito vazio

e beijarei, nas palmas de tuas mãos abertas,

a doçura do mundo, que se vai, como um rio...

Ilustração: ultradownloads.com.br

Sunday, July 21, 2013

Como se Mistral fosse




Me tua mão e dançaremos;
me dá tua mão e amemos mais
como um jasmin nós dois seremos
um jasminzinho e nada mais.
A mesma canção cantaremos
e, mesmo sem jeito, dançarás
como dois tontos beberemos
só por prazer e nada mais.
Te chamo Linda e eu sou criança;
porém, teu nome esquecerás,
porque seremos uma dança
ao luar e nada mais ...

A suavidade do reencontro







Contra todas as probabilidades,
e mesmo que este dia não venha,
ainda hoje, quando acordo,
já me vejo sonhando em te encontrar.
Como um jogador obsessivo
que, ainda que perdendo sempre,
insiste em jogar ignorando o azar.
Há, porém, um diferente valor
que é esta certeza do teu amor
que me mantém nos dias mais tristes,
nos dias mais sem sol,
em que nos sentimos sós, que é como um farol
a avisar que, adiante, virão os dias luminosos,
nos quais apenas segurar tuas mãos,
ouvir tua voz, ter a tua companhia
há de me devolver da  vida todo sentido e a alegria
e que teu riso e a tua calma
farão a vida ter a doçura que só tu podes dar.