Monday, March 31, 2014

W. B. Yeats


A Drinking Song

  by W. B. Yeats        

Wine comes in at the mouth  
And love comes in at the eye;  
That’s all we shall know for truth  
Before we grow old and die.  
I lift the glass to my mouth,
I look at you, and I sigh.

Uma canção para beber

Quando o vinho vem à boca
O amor vem ao olhar;
É tudo que nós devemos saber da verdade
Antes de envelhecer e morrer.
Eu levanto o copo à boca,
Eu olho para você, e suspiro.

Ilustração: www.groupon.com.br  

Sunday, March 30, 2014

Antonio Gamoneda em dose dupla



Amé las desapariciones

Antonio Gamoneda

Amé las desapariciones y ahora el último rostro ha salido de mí.
He atravesado las cortinas blancas: ya sólo hay luz dentro de mis ojos.

Ame os desaparecimentos

Ame os desaparecimentos e, agora, o último rosto me deixou.
Atravessei as cortinas brancas: já só há luz dentro de meus olhos.

AMOR

Antonio Gamoneda

Mi manera de amarte es sencilla:
te aprieto a mí
como si hubiera un poco de justicia en mi corazón
y yo te la pudiese dar con el cuerpo.

Cuando revuelvo tus cabellos
algo hermoso se forma entre mis manos.

Y casi no sé más. Yo sólo aspiro
a estar contigo en paz y a estar en paz
con un deber desconocido
que a veces pesa también en mi corazón.

Amor

Minha maneira de te amar é simples:
me aperto a ti
como se houvesse um pouco de justiça no meu coração
e que te poderia dar meu corpo.

Quando aliso o teu cabelo
Algo formoso se forma em minhas mãos.

E quase não sei mais. Eu só aspiro
estar com você em paz e a estar em paz
como um dever desconhecido
que, às vezes, também pesa no meu coração.

Ilustração: clickmobile.com.br -

Saturday, March 29, 2014

O poeta Roque Dalton


Y sin embargo, amor

Roque Dalton

    Y sin embargo, amor, a través de las lágrimas,
yo sabía que al fin iba a quedarme
desnudo en la ribera de la risa.

    Aquí,
hoy,
digo:
siempre recordaré tu desnudez en mis manos,
tu olor a disfrutada madera de sándalo
clavada junto al sol de la mañana;
tu risa de muchacha,
o de arroyo,
o de pájaro;
tus manos largas y amantes
como un lirio traidor a sus antiguos colores;
tu voz,
tus ojos,
lo de abarcable en ti que entre mis pasos
pensaba sostener con las palabras.

    Pero ya no habrá tiempo de llorar.

    Ha terminado
la hora de la ceniza para mi corazón.

Hace frío sin ti,
pero se vive.

Ainda te amo

    E, sem embargo, amor, em meio as lágrimas,
eu sabia que, ao fim, estava indo ficar
despido às margens do riso.

     Aqui
hoje,
digo:
sempre lembrarei tua nudez em minhas mãos,
teu cheiro de desfrutada madeira de sândalo
cravado pelo sol da manhã;
teu riso de mulher,
de igarapés,
ou de pássaros;
tuas mãos longas,  quentes e amantes
como um lírio traidor de suas antigas cores;
tua voz,
teus olhos,
o que abarcava em ti que, entre meus passos,
pensava sustentar com as palavras.

     Porém, já não há tempo para chorar.

   Já terminou
a hora das cinzas para o meu coração.

Faz frio sem ti,  
porém, se vive.


Ilustração: bdforevers2.tumblr.com 

Gonzalo Rojas



      ALEPH, ALEPH

Gonzalo Rojas

¿Qué veo en esta mesa: tigres, Borges, tijeras, mariposas
que no volaron nunca, huesos
que no movieron esta mano, venas
vacías, tabla insondable?

Ceguera veo, espectáculo
de locura veo, cosas que hablan solas
por hablar, por precipitarse
hacia la exigüidad de esta especie
de beso que las aproxima, tu cara veo.

Aleph, Aleph

O que vejo nesta mesa: tigres, Borges, tesouras, borboletas
que não voaram nunca, ossos
que não moveram esta mão, veias
vazias, tábua insondável?

Cegueira vejo, espetáculo
De loucura vejo, coisas loucas que falam por só
por falar, para precipitar-se
até a exiguidade desta espécie
de beijo que as aproxima, vejo o teu rosto.

Ilustração: www.kevinalfredstrom.com

Friday, March 28, 2014

Gustavo Adolfo Becquer mais uma vez


XLIV

Gustavo Adolfo Becquer

Dices que tienes corazón, y sólo
lo dices porque sientes sus latidos;
eso no es corazón... es una máquina
que al compás que se mueve hace ruido.

XLIV

Dizes que tens coração e só
o dizes porque sentes suas batidas:
isto não é coração....é uma máquina
que, ao compasso que se move, faz ruído. 
               

Thursday, March 27, 2014

De volta Salvador Novo


"AMOR"

Salvador Novo

Amar es este timido silencio
cerca de ti, sin que lo sepas
y recordar tu voz cuando te marchas
y sentir el calor de tu saludo.
Amar es aguardarte
como si fueras parte del ocaso,
ni antes, ni despues, para que estemos solos
entre los juegos y los cuentos
sobre la tierra seca.
Amar es percibir, cuando te ausentas,
tu perfume en el aire que respiro,
y contemplar la estrella en que te alejas
cuando cierro la puerta de la noche.

Amor

Amar é este tímido silêncio
perto de ti, sem que o sintas,
e recordar tua voz quando partes
e sentir o calor de tua saudação.
Amar é te aguardar
como se fosses parte do ocaso.
nem antes, nem depois, para que estejamos sós
entre os contos e os jogos
sobre a terra seca.
Amar é perceber, quando te ausentas,
teu perfume no ar que respiro.
e contemplar a estrela em que te escondes
quando fecho a porta da noite.


Ilustração: http://claudiaoliveira-sun.blogspot.com.br/2011/06/eu-te-amo-com-toda-forca-do-meu-ser.html

Wednesday, March 26, 2014

Ainda Rafael Cadenas



Me muevo

Rafael Cadenas

Me muevo. Uno, dos, tres pasos. Nadie puede negar que avancé un poco. Se pueden ver mis huellas en el suelo, pero amanezco en el mismo sitio. ¿No me desplacé? Es cierto —verifico las marcas— que ayer no estaba donde ahora estoy, pero algo me dice que no me he movido. No sé qué significa desplazarme.

Me movo


Me movo. Um, dois, três passos. Ninguém pode negar que avancei um pouco. Se  podem ver as minhas pegadas pelo chão, porém, amanheço no mesmo lugar. Não me desloquei? É verdade-verifico as marcas- que ontem estavam onde estou agora, porém, algo me diz que não mudei. Eu não sei o que significa deslocar-me.

Rafael Cadenas


Ella, la insojuzgable, no pudo detener la jauría

Rafael Cadenas

Ella, la insojuzgable, no pudo detener la jauría. Oigo voces,
teas, látigos. Desde hace meses están aquí. Les grito: no soy
el que buscan. Pero ellas conocen su presa: saben que no
me he movido.

Ela, a indomável, não pode deter a matilha


Ela, a indomável, não pode deter a matilha. Ouço vozes, tochas, chicotes. Faz meses que estão aqui. Grito-lhes: não sou o que buscam. Porém, elas conhecem suas presas: sabem que não mudei.

Ilustração: contraimpugnantes.blogspot.com

Tuesday, March 25, 2014

Alberto Baeza Flores novamente



¡COMO CAE ESA ROSA INSTANTE DE LA VIDA


Alberto Baeza Flores

 
¡Cómo cae esa rosa-instante de la vida

a ese pozo sin fin del silencio sin nadie!


¡Y cómo tu hermosura delicada y poética

es esa flor de pétalos sonámbulos

que en las manos del sueño se deshace!

 
Como cai essa rosa instante da vida

Como cai esta rosa- instante da vida
neste poço sem fim de silêncio sem nada!

E como a tua formosura, delicada e poética,
é esta flor de pétalas sonâmbulas
que nas mãos do sono se desfaz!

Ilustração: www.becodospoetas.com.br 

Monday, March 24, 2014

Borges, sempre Borges


SOY

Jorge Luis Borges

Soy el que sabe que no es menos vano
que el vano observador que en el espejo
de silencio y cristal sigue el reflejo
o el cuerpo (da lo mismo) del hermano.
Soy, tácitos amigos, el que sabe
que no hay otra venganza que el olvido
ni otro perdón. Un dios ha concedido
al odio humano esta curiosa llave.
Soy el que pese a tan ilustres modos
de errar, no ha descifrado el laberinto
singular y plural, arduo y distinto,
del tiempo, que es de uno y es de todos.
Soy el que es nadie, el que no fue una espada
en la guerra. Sov eco, olvido, nada.

Sou

Sou o que sabe que não é menos vão
Que o vão observador que, no espelho
de silêncio e vidro segue o reflexo
ou o corpo (dá no mesmo) do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
que não há outra vingança que o esquecimento
nem outro perdão. Um deus há concedido
ao ódio humano esta curiosa chave.
Sou o que, em que pese os ilustres modos
de errar, não há decifrado o labirinto
singular e plural, árduo e distinto
do tempo, o que é um e de todos.
Sou o que é nada,  o que não foi uma espada
na guerra. Sou eco, esquecimento, nada.

Ilustração: "A moça diante do espelho" de Pablo Picasso

Sunday, March 23, 2014

Nicolás Guillén




CANCIÓN

Nicolás Guillén

¡De qué callada manera
se me adentra usted sonriendo,
como si fuera
la primavera!
(Yo, muriendo.)

Y de qué modo sutil
me derramó en la camisa
todas las flores de abril.

¿Quién le dijo que yo era
risa siempre, nunca llanto,
como si fuera
la primavera?
(No soy tanto.)

En cambio, ¡qué espiritual
que usted me brinde una rosa
de su rosal principal!

¡De qué callada manera
se me adentra usted sonriendo,
como si fuera
la primavera!
(Yo, muriendo.)

Canção

De que maneira calada
assim me entras sorrindo
como se fosse
a primavera!
(E eu, morrendo.)

E de que modo sutil
me derramou na camisa
todas as flores de abril.

Quem te disse que eu era
riso sempre, nunca pranto,
como se fosse
a primavera?
(Não sou tanto.)

Em troca, que espiritual
que me brindes com uma rosa
de tua roseira principal!

De que maneira calada
assim me entras sorrindo
como se fosse
a primavera!
(E eu, morrendo.)


Ilustração: http://algarve-saibamais.blogspot.com.br/

Ainda Manuel Altolaguirre


HORIZONTE

Manuel Altolaguirre


Yo estoy aquí. Pero existe también
un aire paralelo a mi figura,
un horizonte igual a mi contorno,
que me agranda en los ámbitos.

Orgullosa mi frente guarda entonces
el altivo silencio de las nubes.
Te guarda a ti también, ángel visible
que atraviesa mi ensueño.

Estás dentro de mí aunque te vean
los anhelantes ojos de mi alma.

Dentro estás de mi vida estando fuera
porque cubre tu cuerpo un horizonte
de amor, igual a mi contorno,
un aire paralelo a mi figura.

Horizonte

Eu estou aqui. Porém, existe também
um ar paralelo à minha figura,
um horizonte igual ao meu contorno,
que me amplia em todos os campos.

Orgulhosa minha testa guarda, então,
o silêncio altivo das nuvens.
Te guarda a ti  também, anjo visível
que atravessa os meus sonhos.

Estais dentro de mim ainda que te vejam
os olhos desejosos de minha alma.

Dentro estais de mim estando fora
porque cobre teu corpo um horizonte
de amor, igual ao meu contorno,
um ar paralelo como a minha figura.

Ilustração: ultradownloads.com.br  


Manuel Altolaguirre


LA NUBE

Manuel Altolaguirre

Ni un músculo se mueve
en tu fuga veloz, nube tranquila;
no eres ya como el cuerpo
líquido que saltaba
en la tierra, en tu vida,
no eres ola ni río,
eres un alma o ángel
que, pese a su blancura,
ha de ser condenado
a deshacer su túnica
en lluvia, nieve o llanto.

A nuvem

Nem um músculo se move
na tua fuga veloz, nuvem tranquila;
não és mais como o corpo
líquido que saltava
na terra, e na tua vida,
não és onda nem rio
és uma alma ou anjo
que, apesar de sua brancura,
há de ser condenado
a desfazer o seu manto
em chuva, neve ou pranto.

Ilustração: geofisica.fc.ul.pt 




Saturday, March 22, 2014

Jaime Sabines de volta


Digo que no puede decirse el amor

Jaime Sabines

Digo que no puede decirse el amor.
El amor se come como un pan,
se muerde como un labio,
se bebe como un manantial.
El amor se llora como a un muerto,
se goza como un disfraz.
El amor duele como un callo,
aturde como un panal,
y es sabroso como la uva de cera
y como la vida es mortal.

El amor no se dice con nada,
ni con palabras ni con callar.
Trata de decirlo el aire
y lo está ensayando el mar.
Pero el amante lo tiene prendido,
untado en la sangre lunar,
y el amor es igual que una brasa
y una espiga de sal.

La mano de un manco lo puede tocar,
la lengua de un mudo, los ojos de un ciego,
decir y mirar.
El amor no tiene remedio
y sólo quiere jugar.

Não se pode dizer o amor

Digo que não pode dizer-se o amor.
O amor se come como pão,
se morde como um lábio,
se bebe como um manancial.
O amor se chorando como a um morto
se goza como um disfarce.
O amor dói como um calo
atordoa como um favo de mel,
e é saboroso como uva de cera
e como a vida é mortal.

O amor não se diz com nada,
nem com palavras, nem com o silêncio.
Trata de dizê-lo ao ar
e o esta ensaiando o mar.
Porém, o amante o tem prendido,
e untado no sangue na lunar,
e o amor é igual a uma brasa
e a uma espiga de sal.

A mão de um manco o pode tocar,
a língua de um mudo, os olhos de um cego,
dizer e olhar.
O amor não tem remédio

e só quer brincar.