Wednesday, November 30, 2011

Ainda Leo Zelada


Koan de la iluminación

Leo Zelada

-Maestro ¿qué es la sabiduría?
-La no pregunta

-Maestro ¿qué es la renuncia?
-Contemplar las estrellas sin ojos

-Maestro ¿qué es la iluminación?
-Quedarte sin brazos y tocar la noche

-Maestro ¿cómo alcanzar la sabiduría?
-Quema el papel, la pluma y el báculo
-¿Por qué he de hacerlo?
-Siente en tu rostro el invierno.

Koan da iluminação

-Mestre, o que é sabedoria?
-É não perguntar.

Mestre-O que é a renúncia?
-Contemplar as estrelas sem os olhos

-Mestre, o que é a iluminação?
-Ficar sem braços e tocar a noite

-Mestre, como alcançar a sabedoria?
-Queima o papel, caneta e o báculo
- Por que hei de fazer isto?
-Sente em teu rosto o inverno.

Leo Zelada


Haikus de la noche

Leo Zelada

I

Ciervo azul.
La danza de la noche
Rozó el cielo

II

Cabellos blancos
Despides al invierno
Danza la luna

III

Cae el dragón
Anuncias los otoños
Flor del durazno

IV

Rugen los dioses
La lira del poeta
Acalla el hielo.

Haikais da noite

I

Cervo azul.
A dança da noite
Roçou o céu

II

Cabelos brancos
Despede-te do inverno
Dança a lua

III

Cai o dragão
Anuncias os outonos
Flor de pessegueiro

IV

Rugem os deuses
A lira do poeta
Silencia o gelo.

Tuesday, November 29, 2011

José Ángel Buesa ainda


CANCIÓN A LA MUJER LEJANA

José Ángel Buesa

En ti recuerdo una mujer lejana,
lejana de mi amor y de mi vida.
A la vez diferente y parecida,
como el atardecer y la mañana.

En ti despierta esa mujer que duerme
con tantas semejanzas misteriosas,
que muchas veces te pregunto cosas,
que sólo ella podría responderme.

Y te digo que es bella, porque es bella,
pero no sé decir, cuando lo digo,
si pienso en ella porque estoy contigo,
o estoy contigo por pensar en ella.

Y sin embargo si el azar mañana
me enfrenta con ella de repente,
no seguiría a la mujer ausente
por retener a la mujer cercana.

Y sin amarte más, pero tampoco
sin separar tu mano de la mía,
al verla simplemente te diría:
«Esa mujer se te parece un poco».

Canção da mulher distante

Em ti recordo uma mulher distante
longe de meu amor e da minha vida.
Por sua vez, diferente e parecida
como o entardecer e a manhã.

Em ti desperta esta mulher que dorme
com tantas semelhanças misteriosas
que, muitas vezes, te pergunto coisas
que só ela poderia responder-me.

E eu te digo que és bela, porque és bela,
porém, não sei dizer, quando o digo,
se penso nela por estar contigo,
ou se estou contigo porque penso nela.

E, sem embargo, se o destino amanhã
me confrontasse com ela, de repente,
não seguiria a mulher ausente
por me reter esta mulher tão próxima

E sem amar-te mais, nem tampouco
e sem separar tua mão da minha,
ao vê-la simplesmente te diria:
"Esta mulher parece contigo um pouco."

Ilustração: http://jbpires.blogspot.com/

Ángel Buesa de volta


INESPERADAMENTE

José Ángel Buesa

Inesperadamente tu amor llega a mi vida,
mujer de besos hondos y plenitud creciente,
como brota un retoño de una rama caída,
como en un río seco renace la corriente.

Llegas como las nubes, inesperadamente;
inesperadamente llegas como el verano,
para dejarme el peso de una sombra en la frente
y un dolor de raíces profundas en las manos.

Y es que tu boca alegre me inspira un beso triste,
y en tus ojos cercanos veo un mirar ausente,
porque sé que algún día, lo mismo que viniste,
te me irás de los brazos, inesperadamente...

Inesperadamente

Inesperadamente teu amor chega em minha vida,
mulher de beijos profundos e plenitude crescente,
como brota uma muda de um galho caído,
como de um rio seco renasce uma corrente.

Chegas como as nuvens, inesperadamente;
inesperadamente chegas como o verão,
para deixar-me o peso de uma sombra na testa
e uma dor de raízes profundas nas mãos.

É que tua boca alegre me inspira um beijo triste,
e nos teus olhos próximos vejo um olhar ausente,
porque sei que algum dia, como tu vinhestes,
te irás de meus braços, inesperadamente ...

José Ángel Buesa


Ah, sí, ya abrí mi casa

José Ángel Buesa

Ah, sí, ya abrí mi casa
para todo el que llega, para todo el que pasa.

Sobran salud y pan, y, sin embargo,
hay algo en esta miel con sabor amargo.

Y desdeño mis bienes,
estos bienes ganados con sangre y con lamentos,
y envidio el hombre sucio que despide los trenes
viendo crecer sus hijos alegremente hambrientos.

Ah, sim, eu abri a minha casa

Ah, sim, eu abri a minha casa
para todos que chegam, para todos os que passam.

Sobram saúde e pão, e sem embargo,
há algo neste mel com um gosto amargo.

E desdenho meus bens,
estes bens ganhos com sangue e com lamentos,
e invejo o homem sujo que despacha os trens
vendo seus filhos crescerem alegremente famintos.

Ilustração: http://8tracks.com/leavealinealone/a-minha-casa-vive-aberta-abri-todas-as-portas-do-coracao.

Sunday, November 27, 2011

Viver é doer


Eu te amo ainda quando não te vejo.
Eu te amo mais porque aqui não estais.

Eu te amo por esta solidão em que vivemos,
por sermos assim no espaço separados,
porque este longo tempo que perdemos
ainda assim nos faz parecer mais vida ter.
Te amo porque te perdi sem ter,
no inexistente tempo em que não te pude amar,
e não te tendo ainda assim não te perdi...

Eu te amo porque mesmo distante
penso em ti como se não estivesses longe
e sei que basta te chamar para todo amor voltar...

Eu te amo por ser este nosso amor,
um amor bandido, que nos rouba mais que dá,
porém, não saberia viver sem ti, sem ele,
por mais que este amor conjugue o verbo torturar
e tenha, nas carícias que não fazemos, tanta dor
que, muitas vezes, chamo sofrer de amor
e, ainda assim, só esta dor poderia desejar.

Ainda Francisco Pino


Y la vida

Y la vida, la vida es un instante
mas cual millones de mayos perdura,
cae pronto y se levanta
pronto. No es un olvido.

Quien ve amanecer ve lo bastante;
una luz, el rocío,
ese Dios que ahora calla
dentro. No es un olvido.

Un instante lo es todo si oscurece.
Quien ve oscurecer contempla como
la muerte de una rosa que no muere
nunca. No es un olvido,

es un rostro que ciego ve una flor.

De "Cuaderno salvaje" 1983

E a vida

E a vida, a vida é um instante,
mas, que milhões de maios permanece
cai logo e se levanta
em breve. Não é um esquecimento.

Quem vê o amanhecer vê o bastante;
uma luz, o orvalho,
este Deus que agora cala
dentro. Não é um esquecimento.

Um momento em que tudo se escurece.
Quem vê o escurecer o contempla como
a morte de uma rosa que não morre
nunca. Não é um esquecimento,

é um rosto que cego vê uma flor.

Ilustração: De Frida Kahlo "O sol e a vida"

Francisco Pino


Ausência

Francisco Pino

Solitario campo.
Me encuentro conmigo.
Soy mi descampado.

Solitario cielo.
Me encuentro conmigo.
Soy mi desanhelo.

Solitario alud.
Me encuentro conmigo.
Soy mi multitud.

De "Versos para distraerme" 1982

Ausência

Solitário campo.
Me encontro comigo.
Sou meu descampado.

Solitário céu.
Me encontro comigo.
Sou meu desencanto.

Solitária avalanche.
Me encontro comigo.
Sou minha multidão.

Ilustração: http://jorgebichuetti.blogspot.com/2011/09/poesia-para-alem-do-ego-uma-multidao-de.html

Gibrán Jalil Gibrán


Que o melhor de ti

Gibrán Jalil Gibrán

Que lo mejor de ti sea para tu amigo.
puesto que él conoce tu bajamar
deja que también conozca tu pleamar.
Y no lo busques para matar las horas
sino para vivir las horas.
Porque su papel es llenar tus necesidades
pero no tu vacío.
Y que en la dulzura de la amistad haya
risas y placeres compartidos.
Porque en el rocío de las pequeñeces
el corazón encuentra su mañana y se refresca".


Que o melhor de ti seja para teu amigo.
posto ele conhece tuas marés
deixa que também conheça a preamar.
E não o queiras para matar as horas,
mas, para viver as horas.
Porque seu papel é o de atender às tuas necessidades,
mas, não o teu vazio.
E que, na doçura da amizade, haja
risos e prazeres compartilhados.
Porque no orvalho das pequenas coisas
o coração encontra sua manhã e se refresca.

Saturday, November 19, 2011

Maya Angelou


A Conceit

Maya Angelou

Give me your hand

Make room for me
to lead and follow
you
beyond this rage of poetry.

Let others have
the privacy of
touching words
and love of loss
of love.

For me
Give me your hand.

Uma opinião

Me dê sua mão

Faça o quarto para me
liderar que vou seguir
você
além desta fúria da poesia.

Deixe que os outros tenham
a privacidade das
palavras sensíveis
e o amor à perda
do amor.

Me dê sua mão
para mim.

Ilustração: gothamist.com

Vício virtuoso


Teu corpo foi feito para os meus beijos
e tem o sabor de frutas, de doces, de iguarias.
Teu beijo é uma doce selvageria
que detona adrenalina no meu coração
e faz de cada momento de amor uma vitória.
E se tremo, estremeço, e me perco em emoção,
como se um sopro de Deus convulsionasse a terra,
é que o prazer despertado jamais em si mesmo se encerra.
És muito mais do que uma bandeja de frutas,
um banquete, uma orgia ou um carnaval.
És um manjar que meus lábios nem mereciam
posto, como um milagre, todo dia ao meu dispor
como um manancial inesgotável de amor,
um remédio milagroso,uma poderosa magia
que me enche de vida e de alegria.

Ilustração: http://amorbandidu.blogspot.com/2011/08/que-loucura.html

Tuesday, November 15, 2011

Antonio Martínez Sarrión mais uma vez


Riquezas

Antonio Martínez Sarrión

Unos sostienen sus huertos oreados,
sus panales, sus eras y sus viñas,
mas no conocen las fases del mosto.
Yo no te tengo más que a ti.
Otros tienen sus flotas y arsenales
y capean temporales en la Bolsa
durmiendo entre unos brazos mercenarios.
Yo no te tengo más que a ti.

Los demás tienen prisas y negocios
y tratan de llegar pronto a una cita
para que esta demencia continúe.
Yo no te tengo más que a ti.

"El centro inaccesible" 1975 – 1980

Riquezas

Uns sustentam suas hortas adubadas,
seus pentes, suas heras e as suas vinhas,
a maioria não conhece as etapas do vinho.
Eu não tenho mais do que a ti.
Outros têm suas frotas e arsenais
e investigam temporais na Bolsa
dormindo entre uns braços mercenários.
Eu não tenho mais do que a ti.

Os outros têm pressa e negócios
e tentam chegar rápido a um encontro
para que esta loucura continue.
Eu não tenho mais do que a ti.

Ilustração: http://sonhosdeareia.blogs.sapo.pt

Antonio Martínez Sarrión


Carpe Diem

Antonio Martínez Sarrión

Qué dispendioso pulular de nombres,
de ateridas esperas mientras la madrugada
difuminaba taxis en una sucia niebla.
Qué lástima de tiempo barajando
naipes ya de textura ala de mosca
cuando el sol meridiano, más de un punto granado,
no sabe de demoras, admite alistamientos
sin requisito alguno,
por ahogado de sombra que llegue el aspirante,
para entregar a cambio manos como paneles,
ríos de campanillas, zureos de palomas,
terco mundo presente,
que fulgura y se esfuma tan tranquilo,
negándose de plano -y con cuánto derecho-
al deshonesto oficio de pañuelo de lágrimas.

"Horizontes desde la rada" 1983

Carpe Diem

Que dispendioso pulular de nomes,
de temerosas esperas pelo amanhecer
turvando os táxis na névoa suja.
Que lástima de tempo embaralhando
naipes já de textura das asas de mosca
quando o sol ao meio-dia, além de um punhado de romãs,
não sabe de demoras, admite inscrições
sem requisito algum,
afogado na sombra que chega ao candidato,
para entregar em troca as mãos como painéis,
rios de sinos, arrulhar dos pombos,
o teimoso mundo presente,
que brilha e desaparece tão tranquilo,
negando-se de pronto- e com todo o direito-
ao desonesto ofício de lenço de lágrimas.

Ilustração: http://diocesedeuruacu.com.br

Sunday, November 13, 2011

Louquinhos de amor


Eu bem sei que o nosso amor é uma loucura.
Porém, ela me diz, num e-mail, que me ama.
E,se me acaricia, jura
Que, cada vez mais, é melhor.
E a verdade é que, com ela, me sinto tão bem
Que, se for ser louco, for ser assim
Melhor para ela,
Melhor para mim.
E, até onde sei,
O mal que faz é nos dar prazer,
Prazer demais!

Ilusttração: http://alcoolgel.wordpress.com

Luis Perez


De todos los dioses

Luis Perez


De todos los dioses
con los que me enfrento
en esclavo me convierto
cegado de sonrisas piadosas
sin piedade me pagan com desprecios

De favor les debo la vida
confundiendo castigo com caricias
tan lleno de dudas y desconcierto
como falto de luces a nada me atrevo
porque quien suplica nada promete

Lejos ando de beneficiarme
de mi miserias e ensueños
tratando de hallar
las claves de la vida eterna
descrído y sin fuerzas
ya no querré pagarme
ni un buen enterro.

De todos os deuses

De todos os deuses
com os quais lido
em escravo me converto
cego de sorrisos piedosos
sem piedade me pagam com desprezo

De favor lhes devo a vida
confundindo castigo com carícias
tão cheio de dúvidas e desconcertos
como falto de luzes a nada me atrevo
porque quem suplica nada promete

Longe ando de me beneficiar
de minhas misérias e sonhos
tratando de encontrar
as chaves da vida eterna
descrente e sem forças
já não querem me pagar
nem um bom enterro.

Ilustração: http://www.fotolog.com.br/seiyart/4305255

Jack Kerouac


149th Chorus

Jack Kerouac


I keep falling in love
with my mother,
I dont want to hurt her
-Of all people to hurt.

Every time I see her
she's grown older
But her uniform always
amazes me
For its Dutch simplicity
And the Doll she is,
The doll-like way
she stands
Bowlegged in my dreams,
Waiting to serve me.

And I am only an Apache
Smoking Hashi
In old Cabashy
By the Lamp.

Choro 149

Eu continuo apaixonado
pela minha mãe,
Eu não quero magoá-la
-Entre todos é a que menos desejo ferir.

Toda vez que eu a vejo
ela parece mais velha.
Mas, seu uniforme sempre
me espanta
por sua simplicidade holandesa
e a boneca que ela é,
a boneca-como forma
ideal-
pernas arqueadas em meus sonhos,
esperando para me servir.

E eu sou apenas um apache
fumando haxixe
numa velha cabana
sob a lâmpada.

Ilustração: http://prensada.blogspot.com

Charles Bukowski



A Smile To Remember

Charles Bukowski


we had goldfish and they circled around and around
in the bowl on the table near the heavy drapes
covering the picture window and
my mother, always smiling, wanting us all
to be happy, told me, 'be happy Henry!'
and she was right: it's better to be happy if you
can
but my father continued to beat her and me several times a week while
raging inside his 6-foot-two frame because he couldn't
understand what was attacking him from within.

my mother, poor fish,
wanting to be happy, beaten two or three times a
week, telling me to be happy: 'Henry, smile!
why don't you ever smile?'

and then she would smile, to show me how, and it was the
saddest smile I ever saw

one day the goldfish died, all five of them,
they floated on the water, on their sides, their
eyes still open,
and when my father got home he threw them to the cat
there on the kitchen floor and we watched as my mother
smiled

Um sorriso para relembrar

Nós tinhamos peixinhos dourados que circulavam ao redor e ao redor
da bacia em cima da mesa perto das cortinas pesadas
tapava as pinturas da janela e
minha mãe, sempre sorrindo, querendo que todos nós
fossemos felizes, me dizia: 'seja feliz Henry! "
e ela estava certa: é melhor ser feliz se você
pode,
mas, meu pai continuou a bater nela por várias vezes por semana, enquanto
corria dentro de seu quarto de seis metros e dois sem poder
entender o porque estava a atacá-la ali dentro.

minha mãe, pobre peixe,
querendo ser feliz, apanhando duas ou três vezes por
semana, me dizendo para ser feliz: "Henry, sorria!
por que você não nunca sorri? "

e, em seguida, ela sorria, para me mostrar como, e foi o
mais triste sorriso que eu já vi

um dia o peixinho dourado morreu, todos os cinco deles,
flutuavam sobre a água, em seus lados, seus
os olhos ainda abertos,
e quando meu pai chegou em casa atirou-os para o gato,
lá no chão da cozinha, e nós assisitmos como a minha mãe
sorriu.

Ilustração: olhares.aeiou.pt

Thursday, November 10, 2011

Rafael Duyos


SONETO

Rafael Duyos

Ese perfume de tu piel que inunda
los poros de la mía si te abrazo,
deja en mi sueño el venturoso trazo
del rosal que, a mi mano se fecunda....
Otra cosa no soy, si no profunda
semilla, polen sobre tu regazo,
estambre de clavel que aprieta el lazo
que te injerta a mi carne vagabunda...
Hueles, Amor, igual que los jardines
de mi Levante moro de azahares....
Hueles, Amor, a algas de mis mares
revolcada en la arena entre jazmines...
Y a nardo, a muerta, a estío en los pinares
¡y a la espuma que anuncia a los delfines!

Soneto

Este perfume de tua pele que inunda
os poros da minha se eu te abraço,
deixa no meu sonho o venturoso traço
da rosa que, na minha mão se fecunda
Outra coisa não sou, se não a profunda
semente, pólen em teu regaço,
estame de cravo que aperta o laço
que te injeta a minha carne vagabunda...
Cheiras, amor, igual aos jardins
de laranjeiras aos montes, de suas flores ....
Cheiras, amor, a algas de meus mares
revolta na areia entre os jasmins....
E a nardo, a murta, ao verão entres os pinheiros
E a espuma que anuncia os delfins!

Wednesday, November 09, 2011

José Carlos Becerra


Ritmo de viaje

José Carlos Becerra

Este cuerpo que yo acaricio lentamente extendiendo la noche,
este cuerpo donde yo he penetrado en mi propia distancia,
en mi sofocamiento de sombra.

Este vientre donde el amor abarca a la noche,
estos senos donde la luz altera los signos,
este cuerpo al que ahora me entrelazo, este cuerpo al que ahora me solicito.

Este cuerpo conmigo se traspone, se vence,
se lleva consigo a la noche y sus altares,
sus caminos ardiendo por su propia señal,
su oleaje, sus costas encendidas...

Esta mujer donde la noche descifra sus juegos ocultos,
este amor al que no debemos llamar amor sino adentro de sus aguas.
Este amor, este amor,
este instante donde el infinito es la obra de los que se aman,
de aquellos que llegan al estanque de cada caricia como buzos sagrados.
Este ritmo, este ritmo de viaje,
esta navegación entre la bruma,
todo lleva consigo su bandera extraviada,
su aurora boreal...

Ritmo de viagem

Este corpo que acaricio lentamente estendendo a noite,
este corpo onde eu hei penetrado na minha própria distância,
no meu sufocamento de sombra.

Este ventre onde o amor abarca a noite,
estes seios onde a luz altera os signos,
este corpo ao qual agora me entrelaço, este corpo ao qual agora me solicito.

Este corpo que comigo se transpõe, se vence,
se leva consigo à noite e seus altares,
seus caminhos ardendo por seu próprio sinal,
sua oleagem, suas costas acendidas....

Esta mulher onde a noite decifra seus jogos ocultos,
este amor ao qual não devemos chamar de amor senão dentro de suas águas.
Este amor, este amor,
este instante onde o infinito é a obra dos que se amam,
daqueles que chegam ao compartimento de cada carícia como búzios sagrados.
Este ritmo, este ritmo de viagem,
esta navegação entre a bruma,
tudo leva consigo sua bandeira extraviada
sua aurora boreal....

Ilustração: feriasetemposlivres.com

Juan Gelman


Las maravillas y miserias del amor

Juan Gelman

Las maravillas y miserias del amor.
Sus oscuros fulgores, sus catástrofes.
Caminar por el filo de la pérdida.
Dar lo que no se tiene.
Recibir lo que no se da.
El amor a la poesía,
a la madre, a la mujer,
a los hijos, a los compañeros
que cayeron por una esperanza,
a la belleza todavía de este mundo.
Como cualquier hombre,
amé y amo todo eso.
Algo de todo eso tal vez
tiemble en los poemas que siguen,
escritos a lo largo de 50 años.
La muerte me enseñó
que no se muere de amor.
Se vive de amor.

De: En el hoy y mañana y ayer

As maravilhas e as misérias do amor


As maravilhas e as misérias do amor.
Seus brilhos escuros, suas catástrofes.
Caminham pelo fio da perda.
Dar o que não se tem.
Receber o que não se dá.
O amor à poesia,
à mãe, à mulher,
aos filhos, aos companheiros
que caíram por uma esperança,
pela beleza, todavia, deste mundo.
Como qualquer homem,
Eu amei e amo tudo isto.
Algo de tudo isto talvez
treme nos poemas que foram
escritos por mais de 50 anos.
A morte me ensinou
que não se morre de amor.
Se vive de amor.

Ilustração: http://weheartit.com/entry/14557780

Tuesday, November 08, 2011

Ser feliz é viver louco de paixão..


Traçado

O destino, caminho
de pedras e flores,
me faz e desfaz
sonhos e amores.

Brinca como uma criança
com o que desejei, ou não,
e me dá a humana condição
de ter sempre, ainda, esperança.

Há sempre uma voz
que as desilusões releva
e de desistir de seguir
me leva, mesmo, se não entendi.

E se, falhei no que fiz,
conquistei ou perdi,
não importa, nem conta
-sigo até às tontas-
em busca de ser feliz.

Monday, November 07, 2011

Elizabeth Bishop

One Art

Elizabeth Bishop

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

Uma arte

Na arte de perder não é difícil ser mestre;
Tantas coisas parecem cheias de intenção
de perdê-las que perder não é um desastre,

Perca alguma coisa todo dia. Aceite o tinir
das chaves das porta perdidas, a hora mal gasta.
Na arte de perder não é difícil ser mestre.

Então pratique perder mais, perder mais rápido:
lugares, e nomes, e a escala subsequente
para viajar. Nada disto irá trazer o desastre.

Perdi o relógio de minha mãe. E olhe! Nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
Na arte de perder não é difícil ser mestre.

Perdi duas cidades, lindas mesmo. E, o mais vasto
império que era meu, dois rios, e mais um continente.
Sinto falta deles, mas não foi um desastre.

- Mesmo perder você (a voz brincalhona , um gesto
que amo) não muda nada. É evidente
na arte de perder não é difícil de ser mestre
embora possa parecer (Escreve!) um desastre.

Tomas Tranströmer ...traindo o traidor


After a Death

by Tomas Tranströmer
(translated by Robert Bly)

Once there was a shock
that left behind a long, shimmering comet tail.
It keeps us inside. It makes the TV pictures snowy.
It settles in cold drops on the telephone wires.

One can still go slowly on skis in the winter sun
through brush where a few leaves hang on.
They resemble pages torn from old telephone directories.
Names swallowed by the cold.

It is still beautiful to hear the heart beat
but often the shadow seems more real than the body.
The samurai looks insignificant
beside his armor of black dragon scales.

Depois da morte

Uma vez foi como um choque
que deixou atrás uma longa e brilhante cauda de cometa.
Que nos mantém inseridos. Faz os quadros da TV gélidos.
Instalou-se em gotas frias nos cabos telefônicos.

Ainda se pode ir devagar em esquis no sol de inverno
através do pincel, onde algumas folhas penduravam-se.
Elas assemelhavam-se a páginas arrancadas de antigas listas telefônicas.
Nomes engolidos pelo frio.

Ele permanecia belo ao ouvir o coração bater,
mas, muitas vezes, a sombra parece mais real que o corpo.
O samurai parece insignificante
ao lado de sua armadura de escamas negras de dragão.

Saturday, November 05, 2011

Cristina Peri Rossi


Bitácora

Cristina Peri Rossi

No conoce el arte de la navegación
quien no ha bogado en el vientre
de una mujer, remado en ella,
naufragado
y sobrevivido en una de sus playas.
"Linguística general" 1979

Armário da bússola

Não conhece a arte da navegação
quem não há navegado no útero
de uma mulher, remado nela,
naufragado
e sobrevivido em uma das suas praias.

Ilustração: http://www.igorpaskual.com

Idea Vilarino


LO QUE SIENTO POR TI

Idea Vilarino

Lo que siento por ti es tan difícil.
No es de rosas abriéndose en el aire,
es de rosas abriéndose en el agua.

Lo que siento por ti. Esto que rueda
o se quiebra con tantos gestos tuyos
o que con tus palabras despedazas
y que luego incorporas en un gesto
y me invade en las horas amarillas
y me deja una dulce sed doblada.

Lo que siento por ti, tan doloroso
como pobre luz de las estrellas
que llega dolorida y fatigada.

Lo que siento por ti, y que sin embargo
anda tanto que a veces no te llega.

O que eu sinto por ti

O que eu sinto por você é tão difícil.
Não é de rosas abrindo-se no ar,
é de rosas abrindo-se na água.

O que eu sinto por ti. Isto que rola
ou se quebra com tantos gestos teus
ou com palavras despedaçadas
e que, logo, incorporas num gesto
e me invade nas horas amarelas
e me deixa uma doce sede dobrada.

O que eu sinto por ti, é tão doloroso
como a pobre luz das estrelas
que chegam doloridas e fatigadas.

O que eu sinto por ti, e que, sem embargo,
anda tanto, que, às vezes, não te chega.

Thursday, November 03, 2011

Jack Prelutsky


Be Glad Your Nose is on Your Face

by Jack Prelutsky

Be glad your nose is on your face,
not pasted on some other place,
for if it were where it is not,
you might dislike your nose a lot.

Imagine if your precious nose
were sandwiched in between your toes,
that clearly would not be a treat,
for you'd be forced to smell your feet.

Your nose would be a source of dread
were it attached atop your head,
it soon would drive you to despair,
forever tickled by your hair.

Within your ear, your nose would be
an absolute catastrophe,
for when you were obliged to sneeze,
your brain would rattle from the breeze.

Your nose, instead, through thick and thin,
remains between your eyes and chin,
not pasted on some other place--
be glad your nose is on your face!

Ser feliz é ter seu nariz no rosto

Ser feliz é ter o seu nariz no rosto,
Não colocado em algum outro lugar,
pois, ficaria onde não deveria estar,
e você desgostaria de seu nariz muito.

Imagine se o seu precioso nariz
fosse imprensado nos seus pés, nos dedos,
quão claramente não teríamos medo,
de ser forçado a cheirar o odor infeliz.

Seu nariz seria uma fonte de temor
se fosse no topo da cabeça, que horror!
Seria um desespero em meio a tanto pelo;
sempre agarrado a um monte de cabelo.

Se dentro de sua orelha, seu nariz seria
uma catástrofe absoluta, e iria,
quando fosse obrigado a espirrar,
tornar seu cérebro um chocalho de ar.

Seu nariz, em vez disto, para o bem ou mal,
entre os seus olhos e o queixo, segue igual.
Onde deveria e não em algum outro lugar -
ser feliz é ter o seu nariz onde deve estar!

Ilustração: http://meucazzzulo.blogspot.com

Wednesday, November 02, 2011

Carlos Canã


Amada

Carlos Canã

Yo te escribo en secreto
mi ángel, mi flor amada.
y tener
de tu amor o boceto
en mi alma ilusionada.

y quisiera poner
una luna en tu piel,
y del cielo traer
un gran beso de miel.

y en tu pecho nacer
mi flor de alborada.

Amada

Eu te escrevo em segredo
meu anjo, minha flor amada.
e ter
de teu amor o esboço
anima toda minha alma.

e quisera por
uma lua na tua pele,
e do céu trazer
um grande beijo de mel.

e no teu peito nascer
a minha flor do amanhecer.

Ilustração: http://mayluescalada.blogspot.com

Dois poemas de Carlos Gagliardo


puede ser

Carlos Gagliardo

que en ese coma feroz
pase el resto de los días,
obnubilado
por tu cuerpo que respiro.

Pode ser

Que neste coma feroz
passe o resto dos dias,
encoberto
por teu corpo que respiro.

De una vez

Carlos Gagliardo

las nubes,
se alcanzaron en el cielo
y algo dejó
de ser como era.
Las huellas del dolor
están siempre.

De uma vez

As nuvens,
foram alcançadas no céu
e algo deixou
de ser como era.
As trilhas da dor
permanecem.

Ilustração: http://elmundosara.blogspot.com