Thursday, September 29, 2016

MANDACARU POÉTICO

Eu não sou mais capaz   
De fazer poemas para você.
É que o meu amor se entranhou tanto
Que, somente, todo dia, canto
E, como não sei cantar,
Sai este canto quase pranto
Despido, nu, sem poesia,
Descarnado.  
Tão estranho
Que possui este encanto
De sendo profundamente meu
(Porquê de alguma forma se perdeu)
Parece que nem saí de mim
Como se tivesse sido sempre teu.


Ilustração: ruralcentro.uol.com.br

Wednesday, September 28, 2016

Outra poesia de Oriah "Mountain Dreamer"


Slipping Away

Oriah "Mountain Dreamer"

She slips away
Following the path of lunar light
Into the unknown
Because once in a blue moon
She needs to break routines
Create empty space
And welcome what comes in the stillness

Wise grandmothers and shining figures of slender light
Come to her in night dreams
Moving along the dark forest floor like mist
They ask her to step through the door
Into magic and mystery
They tell her to write
They tell her to trust the story

So she slips away by the light of the full moon


ESCAPULINDO

Ela escapole
Seguindo o caminho da luz do luar
Rumo ao desconhecido
Porque uma vez numa lua azul
Ela precisa quebrar rotinas
Criar um espaço vazio
E acolher o que vem na quietude

Avós sábias e brilhantes figuras de luzes delicadas
Entram nos seus sonhos noturnos
Movendo-se ao longo do chão da floresta escura como a névoa
Eles pedem a ela para atravessar a porta
Da magia e do mistério
Eles dizem para ela escrever
Eles dizem a ela para confiar a história
Então ela escapole pela luz da lua cheia

Ilustração: www.siteastronomia.com

Ainda Patrícia Díaz Bialet


DE CUANDO APRENDÍ A NO AMAR

Ya no estoy aquí
No he cambiado de lugar
Pero ya no estoy aquí

VASKO POPA

Patricia Díaz Bialet

y entonces los demás me atraen me cobijan me gobiernan
pero bien internado en mi muslo hay algo de avestruz que huye
algo de vértigo profundo de malabar equivocado

por eso algo de mí
no todo
algo de mí se despedaza se quiebra se anquilosa
y regresa serenamente con sus escombros a su lugar de animal doméstico

y también algo de mí se yergue en caja de bestia
y me lanza estrepitosa hacia tu cuello erguido
hacia tu siemprenunca transparente en la promesa

algo de mí se evapora cuando me atraen me cobijan me gobiernan
cuando en este mismo sillón el dedo infame me corrompe
cuando justo debajo de tus glúteos se desenvuelve la parsimonia exacta
cuando entreveo vellos en septiembre
hombres duchas jabones diezmados en fricción tremebunda

por eso declaro que algo de mí
no todo
se repone a sí mismo el coto de ciervos malheridos

algo de mí se fuga envuelto en palabras
mientras miento felizmente en descaro de ahogo
y vuelvo a abofetear el aire
y me elevo desierta de mí
como se eleva el alma de celofán de los niños cuando mueren


DE QUANDO APRENDI A NÃO AMAR

Já não estou aqui
Não hei trocado de lugar
Porém, já não estou aqui
Vasko Popa


E, então, os demais em atraem me cobiçam me governam,
porém, bem internado no meu musculo há algo de avestruz que foge
algo da vertigem profunda de um malabarismo equivocado

por isso algo de mim
não tudo
algo de mim se despedaça se quebra se atrofia
e regressa serenamente com seus escombros  a seu lugar de animal doméstico

e também algo de mim se faz uma caixa de animal
e me joga estrepitosa ao teu pescoço erguido
até tu semprenunca transparente na promessa

algo de mim se evapora quando me atraem me cobiçam me governam
quando nesta mesma cadeira o dedo infame me corrompe
quando justo sob tuas nádegas se desenvolve a parcimônia exata
quando entrevejo pelos em setembro
homens duchas sabonetes dizimados em tremebunda fricção

poristo declaro que algo de mim
nem tudo
se repõe a si mesmo o coto dos veados gravemente feridos

algo de mim foge envolto em palavras
enquanto minto felizmente num descaramento de afogado
e volto a esbofetear o ar
e me elevo deserta de mim
como se eleva a alma de celofane das crianças quando morrem. 

Ilustração: confissoesinconscientes.blogspot.com

Tuesday, September 27, 2016

Uma poesia de Patricia Díaz Bialet


COMO LOS GATOS

Patricia Díaz Bialet


Caigo siempre de pie como los gatos.

Pero no tengo su misma suerte.

Ellos no saben del amor subterráneo de los deseos impuros.
No sospechan su desazón en el imán apesadumbrado del abismo.

No tengo su misma suerte.

A mí me ubican  frente a los estrados
y me acusan de ser cruel y acostumbrada al dolor.

Sin embargo
sonrío mágicamente después de las despedidas
y caigo de pie como los gatos

una vez más.

COMO OS GATOS

Caio sempre de pé como os gatos.

Porém, não tenho deles a mesma sorte.

Eles não sabem do amor subterrâneo, dos desejos impuros.
Não sustentam seu desgosto no imã penoso do abismo.

Não tenho deles a mesma sorte.

A mim me colocam sempre nos tribunais
e me acusam de ser cruel e acostumada à dor.

Sem embargo
Sorrio, magicamente, depois das despedidas
e caio de pé como os gatos


uma vez mais. 

Monday, September 26, 2016

Uma poesia de Oriah "Moutain Dreamer""




Finding The Beloved

Oriah "Mountain Dreamer"

It’s not about doing anything
Not about earning or accomplishing
Not about trying harder or moving faster
It’s simply a whole-hearted willingness
To walk to the end of the dock
And let the rising sun
Fill me and ignite
The old forgotten hunger
And every time
Every. Single. Time.
When I let the longing guide me
When I turn my face just a little
The Beloved is there

Encontrando o Amado

Não se trata de fazer alguma coisa
Não se trata de ganhar ou realizar
Nada acerca de tentar o mais difícil ou se mover mais rápido
É simplesmente uma vontade de todo o coração
De caminhar até o fim das docas
E deixar o sol nascente
Me cobrir e me alegrar
A velha e esquecida fome
Em cada tempo
Cada. Simples. Tempo.
Quando eu deixar o anseio me guiar
Quando eu voltar o meu rosto um pouco
O meu amado estará lá


Ilustração: balletdepalavras.blogspot.com

Saturday, September 24, 2016

Uma poesia de Monje Weongam




"El brazo corto"

 Monje Weongam

Son muy largos los brazos de la gente mundana.
Se extienden sin cesar a oriente y occidente.
Pero son muy cortos los brazos del ermitaño.
Nunca, ni una vez pueden extenderse hasta otros.
La gente mundana no desea comprender
a los amigos de los monjes de brazos cortos.
Aún más, si recién nos llegamos a conocer
¿quién protege al pobre y necesitado del monte?
Mis brazos, por ser muy cortos, no llegan hasta otros.
Los brazos de otros que me llegan no son de amigos.
Ah, ¿cómo puedo alargar mis brazos más y más
para tener amigos en los cuatro mares?

O BRAÇO CURTO

São muito largos os braços da gente mundana.
Se estendem sem cessar ao oriente e ocidente.
Porém, são muito curtos os braços do ermitão.
Nunca, nenhuma vez, podem estender-se até os outros.
A gente mundana não deseja compreender
Aos amigos dos monges de braços curtos.
Ainda mais se recentemente somos conhecidos
Quem protege ao pobre necessitado do monte?
Meus braços, por serem curtos, não chegam até os outros.
Os braços dos outros que me chegam não são de amigos.
Ah! Como posso alargar meus braços, mais e mais,
Para ter amigos nos quatro mares?

Fonte: Original do coreano Monje Weongam en Weongamrok (1920) traduzido para o espanhol por de Antonio Cabezas García.

Ilustração: associacaoaraponguensedekarate.blogspot.com

CHORINHO DO APERTO

Eu não sei se vou pra lá.  
Eu não sei vou pra cá.
Ando tão apertadinho
Que vou pra qualquer lugar
Que me leve este chorinho
Eu não quero é mais chorar.
Eu não quero nem saber
Quando ou onde vou descer
Nem onde irei parar.
Eu quero é sacolejar
Ir de lá pra cá.
Ir de cá pra lá
Até me acomodar
No ritmo deste chorinho
Me resolvo, de mansinho,
Deus há de me encaixar.
Mas, por enquanto,
Vou pra lá
Vou pra cá
E, se cair,
Vou levantar!

Ilustração: aculpaedaju.blogspot.com

Friday, September 23, 2016

Mais uma vez Rubén Darío




Amo, amas


Rubén Darío


Amar, amar, amar, amar siempre, con todo
El ser y con la tierra y con el cielo,
Con lo claro del sol y lo oscuro del lodo;
Amar por toda ciencia y amar por todo anhelo.


Y cuando la montaña de la vida
Nos sea dura y larga y alta y llena de abismos,
Amar la inmensidad que es de amor encendida
¡Y arder en la fusión de nuestros pechos mismos!


AMO, AMAS


Amar, amar, amar, amar sempre, com todo
o ser e com a terra e com o céu,
com o claro do sol e o escuro do lodo;
Amar por toda a ciência e amar por todo desejo.


E quando a montanha da vida
nos seja dura e larga e alta e plena de abismos,
amar a imensidão que é de amor incendiada
e arder na fusão de nossos peitos mesmos!


 

Wednesday, September 21, 2016

MEU AMOR É A POESIA


 

Eu e você, você e eu-
Um mundo tão completo-
Que, em si mesmo, exala poesia.
Não há palavra tão suave
Quanto a sua pele
Nem canção com a melodia
De sua boca
A sussurrar, na paixão,
As coisas mais loucas.
E, quando o amor,
Num mar de satisfação,
De exausto termina
Há algo de mágico e de poético
No corpo calmo que a vista examina,
Que parece, como as melhores poesias,
Uma perfeição de métrica e de rima!
 
(De “Jardim Diz Persivo”, Editora Per Se, 2013)
Ilustração: https://www.bing.com/

Tuesday, September 20, 2016

Mais uma poesia de Irene Salvatori


Hai mai visto una pallina

Irene Salvatori

Hai mai visto una pallina di gomma cadere dalle scale?
Rimbalza sugli scalini saltandoli a due a due.
Accelera quel ritmo,
le si moltiplica dentro una gioia
che esplode, scoppia
Si fa sempre più frenetica in quel suo saltare,
schizza sempre più in alto
poi tocca terra
ma solo per prendere uno slancio
ancora
nuovo
più veloce.
Così, più o meno, mi sentivo
quando scendevo le scale sapendo che stavo per incontrarti.


Alguma vez já viu uma bola

Alguma vez já viu uma bola de borracha caindo da escada?
Ela salta sobre os degraus pulando aos pares.
Acelera este ritmo,
e se repete dentro de uma alegria
que explodindo, estoura
e vai ficando cada vez mais frenética à medida que dá o seu salto,
em pulos cada vez mais elevados
em seguida, toca o solo,
mas, apenas para dar um salto
mais
novo
mais veloz.
Então, mais ou menos, eu me sinto
quando desço as escadas, deste modo, para encontrá-lo.



Monday, September 19, 2016

Dois poemas de Rubén Darío




Cuando llegues a amar
Rubén Darío
Cuando llegues a amar, si no has amado,
Sabrás que en este mundo
Es el dolor más grande y más profundo
Ser a un tiempo feliz y desgraciado.
Corolario: el amor es un abismo
De luz y sombra, poesía y prosa,
Y en donde se hace la más cara cosa
Que es reír y llorar a un tiempo mismo.
Lo peor, lo más terrible,
Es que vivir sin él es imposible.
QUANDO CHEGARES A AMAR
Quando chegares a amar, se não hás amado,
Saberás que neste mundo
É a dor maior e mais profunda
Ser a um tempo feliz e desgraçado.
Corolário: o amor é um abismo
De luz e sombra, poesia e prosa,
Onde se faz a mais cara coisa
Que é rir e chorar a um tempo mesmo.
O pior, o mais terrível,
É que viver sem ele é impossível.
¿Cómo decía usted, amigo mío?

 

Rubén Darío

 

¿Cómo decía usted, amigo mío?

¿Qué el amor es un río? No es extraño.

Es ciertamente un río

Que, uniéndose al confluente del desvío,

Va a perderse en el mar del desengano.

 

Como dizia você, amigo meu?

 

Como dizia você, amigo meu?

Que o amor é um rio? Não é estranho.

É, certamente, um rio

Que unindo-se ao confluente do desvio,

Vai a perder-se no mar dos desenganos.

Outra poesia de Marilina Rébora


 
Desencanto                                                          

 

Marilina Rébora

 

Yo quisiera quererte como antes te quería,

Y sentirte, como antes, en todo consecuente,

Yo quisiera decirte: te quiero todavía...

Y recibirte, al fin, con ánimo sonriente.

 

Yo quisiera tomar tu mano con la mía,

Y llevarlas fraternas, como antes, a mi frente,

Guardándote a mi lado, junto a mí todo el día,

Saber que estás conmigo, aunque te halles ausente.

 

Pero ya no es posible que esta dicha suceda,

Desde que el desencanto se apoderó del alma,

Y pienso que vivir así, tampoco pueda...

Porque quiero querer y mi amor se resiste,

Porque quiero esperar, cuando no tengo calma,

Porque quiero reír y por siempre estoy triste.

 

DESENCANTO

 

Eu quisera querer-te como antes te queria,

E sentir-te, como antes, em tudo consequente,

Eu quisera dizer-te: te quero, todavia...

E receber-te, ao fim, com o ânimo sorridente.

 

Eu quisera tomar, na minha, a tua, mão

E levá-las fraternas, como antes, à minha fronte,

Guardando-te a meu lado, em todo dia, na canção

Saber que estás, comigo ainda que te ausentes.

 

Porém, não é possível que tal sorte se suceda,

Desde de que o desencanto se apoderou da alma,

E que viver assim, tampouco, logo não ceda.

 

Porque quero querer e meu amor só resiste,

Porque quero esperar, quando não tenho calma,

Porque quero rir e para sempre estou triste.  

 

Ilustração: http://3.bp.blogspot.com.