Saturday, October 31, 2009

JOSÉ MARIA EGUREN



La luz de Varsovia

José María Eguren

Y en la racha que sube a los techos
Se pierden, al punto, las mudas señales,
Y al compás alegre de enanos deshechos
Se elevan divinos los cantos nupciales.

Y en la bruma de la pesadilla
Se ahogan luceros azules y raros,
Y, al punto, se extiende como nubecilla
El mago misterio de los ojos claros.

A luz de Varsóvia

E na maré que sobe até o teto
Se perdem, a ponto, os sinais de silêncio,
E ao compasso alegre dos restos desfeitos
Se elevam divinos os cantos nupciais.

Na névoa do pesadelo
Se destacam luzes azuis e raras,
E, a ponto, se estende como uma nuvenzinha
O mágico mistério dos teus olhos claros.

PORFIRIO BARBA JACOB



CANCIÓN DEL TIEMPO Y EL ESPACIO

Porfirio Barba Jacob

El dulce niño pone el sentimiento
entre la pompa de jabón que fía
el lirio de su mano a la extensión.

El dulce niño pone el sentimiento
y el contento en la pompa de jabón.

Yo pongo el corazón -¡pongo el lamento!
entre la pompa de ilusión del día,
en la mentira azul de la extensión.

El dulce niño pone el sentimiento
y el contento. Yo pongo el corazón...
A doce criança doce põe sentimento
entre a bolha de sabão que cria
e o lírio em sua mão que estende.

Canção do tempo e do espaço

A doce criança doce põe sentimento
e alegria na bolha de sabão.

Eu ponho o coração – e ponho o lamento!
entre a bolha da ilusão do dia,
e a mentira azul da extensão.

A doce criança doce põe sentimento
e alegria. Eu ponho o coração ...

JORGE DEBRAVO


Esta canción amarga

Sufro tanto que a veces ni siquiera
sé si sufro por mí o por el obrero.
El sufrimiento nace, simplemente.
Es como un árbol ciego.

No lo busco, lo llamo ni lo aguardo.
Nace cuando lo quiere.
Es como un chorro de alcohol, como una
almohada de alfileres.

Es amargo y sangriento a medianoche
y a veces -sin permiso- en las aceras.
Me anuda la camisa hasta asfixiarme.
Me riega ácidos malos en las venas.

Sin embargo, hermanos, cuando falta
es como si mi carne estuviera vacía.
Como si no corriera el jugo de mi sangre.
Como si a chorros, roja, se me huyera la vida.

Esta canção amarga

Eu sofro tanto que às vezes até
Não sei que se sofro por mim ou pelo trabalhador.
O sofrimento vem, simplesmente.
Como uma árvore cega.

Eu não o procuro, chamo nem o aguardo.
Nasce quando quer.
É como um pouco de álcool, como uma
almofada de alfinete.

É amargo e sangrento à meia-noite
e, às vezes, sem a permissão, nas calçadas.
Eu amarrei a camisa para sufocar.
Eu regei ácidos ruins nas suas veias.

No entanto, irmãos, na sua ausência
É como se minha carne estivesse vazia.
Como se corresse o suco de meu sangue.
Como por jatos, vermelhos, a vida me fugisse.

Thursday, October 29, 2009

BORGES



El sueño

Jorge Luis Borges


Si el sueño fuera (como dicen) una
tregua, un puro reposo de la mente,
¿por qué, si te despiertan bruscamente,
sientes que te han robado una fortuna?

¿Por qué es tan triste madrugar? La hora
nos despoja de un don inconcebible,
tan íntimo que sólo es traducible
en un sopor que la vigilia dora

de sueños, que bien pueden ser reflejos
truncos de los tesoros de la sombra,
de un orbe intemporal que no se nombra

y que el día deforma en sus espejos.
¿Quién serás esta noche en el oscuro
sueño, del otro lado de su muro?

Sonhos

Se o sonho fosse (como dizem) uma
Trégua, um puro repouso da mente,
Por que, se te despertam, bruscamente,
Sentes que te hão roubado uma fortuna?

Por que é tão triste madrugar? A hora
Nos despoja de um dom inconcebível,
Tão íntimo que só é traduzível
Num torpor que a vigília doura

De sonhos, que bem podem ser reflexos
Torcidos dos tesouros da sombra,
De universo intemporal que não se nomeia

E que um dia distorce em seus espelhos.
Quem serás esta noite no escuro
Sonho, do outro lado de seu muro?

Wednesday, October 28, 2009

RUBEN DARIO


Solo

Ruben Dario

A veces, te preguntas
Qué será de tu vida
En caso de que sigas
Y sigas solo.

Asomado al balcón
De la plaza desierta
Las horas no son horas,
Los días no son días

Si nadie los comparte
Contigo, si no sientes
El calor de otra mano
Junto a la tuya.
Pero
Cómo abrir esa puerta.

La que quizá no existe.




Às vezes, te perguntas
Que será de tua vida
No caso em que sigas
E sigas só.

Encostado ao balcão
Da praça deserta
As horas não são horas,
Os dias não são dias

Se ninguém os comparte
Contigo, se não sentes
O calor de outras mãos
Junto as tuas.
Porém,
Como abrir esta porta.

A que talvez não exista.

JACQUELINE GOLDBERG



hay un tiempo...

Jacqueline Goldberg

hay un tiempo
de esperas
y calles altas
un hombre
un ángel
un sueño
que escribo
desde siempre
en la madera
del deseo
en los últimos rincones
de lo que
simplemente
no puedo deci

Há um tempo…

Há um tempo
De esperas
E longos silêncios
Um homem
Um anjo
Um sonho
Que escrevo
Desde sempre
Na madeira
Do desejo
Nos últimos locais
Em que simplesmente
Nada pude dizer

Ilustração: http://oficioliterario.files.wordpress.com/2009/06/tempo.jpg

CAROL ANN DUFFY



Talent

Carol Ann Duffy

This is the word tightrope. Now imagine
a man, inching across it in the space
between our thoughts. He holds our breath.

There is no word net.

You want him to fall, don't you?
I guessed as much; he teeters but succeeds.
The word applause is written all over him.


Talento

Esta é a palavra corda bamba. Agora imagine
um homem, todo ele avançando no espaço
entre os nossos pensamentos. Ele prende a respiração.

Não há rede de palavras.

Você deseja que ele caia, não é?
Imaginei tanto; ele balança, mas, é bem-sucedido.
O termo aplausos é escrito todo sobre ele.

Ilustração: http://gestaofeminina.files.wordpress.com/2009/08/talento.jpg

Tuesday, October 20, 2009

Ainda Slobodjanac



17


Sebastián H. Slobodjanac


Qué básico y qué sencillo:
cuando salgo por la vereda
del frente de la vida,
aunque piense
que no hay nadie;
aún así te encuentro en cada horizonte,
en cada desierto
y en todos los árboles.

17

Como é básico e simples:
quando saio pela calçada
de frente para a vida,
ainda que pense
que não há nada;
Ainda assim te encontro em cada horizonte,
em cada deserto
e em todas as árvores.

Slobodjanac




30

Sebastián H. Slobodjanac

Estamos en el camino
o bien el camino
está en nosotros
y nos trasciende.

30

Estamos no caminho
Ou bem o caminho
Está em nós
E nos transcende.

Monday, October 19, 2009

HAI KAI DA LIA




Não, nunca, jamais me sentirei só
Nem mesmo se solitário tiver dó
Numa cabana fria em Caparaó.

Saturday, October 17, 2009

De novo Slobodjanac



31

Sebastián H. Slobodjanac

Mirabas desde lejos,
con la ironía de quien juzga
y se cree todo lo que juzga.
Ven aquí, con nosotros
y tan sólo bailemos
y verás cómo cesan los pensamientos.

31

Olhavas de muito longe,
Com a ironia de quem julga
E crê em tudo que julga.
Vem aqui, conosco,
E tão somente dancemos
E verás como os pensamentos cessam.

SONHO NO AR



Sem noção do mundo o poeta
Embriagado ouve a canção
E sonha com a paixão secreta

Friday, October 16, 2009

Slobodjanac


18

Sebastián H. Slobodjanac

Es púrpura y es salvaje
beberse el infinito
en un solo trago de universo.

18

É púrpura e selvagem
beber o infinito
num só trago de universo

LONG-OHNI



Del amor presente

Silvia Long-Ohni

Descubrir
tu voz de enredadera
anudarse a mis ojos
vueltos hacia la noche
y el rastro de tu boca,
sombra que se detiene en el misterio
de mi cuerpo desnudo.
Descubrir que te amo
después de haberte amado.


Do amor presente

Descobrir
tua voz de trepadeira
enrolar-se nos meus olhos
voltados para a noite
e o rastro de tua boca,
sombra que se detém no mistério
do meu corpo nu.
Descobrir que te amo
depois que te amei.

Thursday, October 15, 2009

SEMPRE EM FRENTE



Há sempre as sombras, longas sombras,
Por trás dos corredores e portas.
As sombras...assombras...
Nas horas mortas...o grito.
O terror...o medo...o choro aflito.
A dor como uma invisível música de fundo
Que prenuncia o lancinante gemido
E o monótono arrastar das cadeiras e correntes
Que antecipam o calafrio inevitável
Como o espanto, o suor e o desejo de correr.
Ah! O pavor há de me fazer tremer...
Bem sei...mas, valente, seguirei em frente
Por não desconhecer, e não desconhecerei,
Que, por instinto, sei, e pelo que já suei,
Que a indesejada vem atrás
Lenta, lenta, porém, só esperando
O meu cansaço
Com sua foice de frio aço.

Wednesday, October 14, 2009

SLOBODJANAC



16

Sebastián H. Slobodjanac

Dices, a esta altura,
que no crees.
Y, probablemente,
como cambian las creencias, los saberes,
es probable que a ciegas extiendas tus manos…
Y entonces crees.

16

Dizes, neste momento,
que não acreditas.
E provavelmente
como mudam as crenças, os conhecimentos,
É provável que cegamente estendas as mãos ...
E então creias.

DARIO LEIVA



Séptimo

Darío Leiva

“Yo me acuesto y me duermo,y me despierto tranquilo porque el Señor me sostiene”
Salmo 4.6

Me perdí en tu territorio
en la comisura de tus signos
en la magia de tus códigos no escritos.

Me llevas por la cornisa de tu sueño
experimento la metamorfosis
te apoderas de mis vísceras
tienes la voz azul oscura casi negra
hueles a silencio con música de arena.

Me haces conocer el colmillo de la luna
me muestras el rectángulo del sol
juegas con imágenes a piedra papel y tijera
y al sumergirme en tu mar de inspiración
mi soledad esboza sus poemas.

Sétimo

"Eu me encosto e durmo e desperto tranquilo porque o Senhor me sustém" Salmo 4.6

Perdi-me em teu território
nas curvas de teus sinais
na magia de teus códigos não escritos.

Me levas pelas bordas dos teus sonhos
experimento a metamorfose
te apoderas de minhas vísceras
tens uma voz azul escura quase negra
cheiras a silêncio com música de areia.

Me fazes conhecer a poeira da lua
me mostras o retângulo do sol
jogas com imagens a pedra papel e tesoura
e ao submergir em teu mar de inspiração
minha solidão esboça teus poemas.

NÃO É BRASILEIRA



Un gran país

Lina Zerón

Vivo en un país tan grande que todo queda lejos
la educación,
la comida,
la vivienda.

Tan extenso es mi país
que la justicia no alcanza para todos.


Um grande país

Vivo num país tão grande que tudo fica distante
A educação,
A comida,
A casa.

Tão extenso é meu país
Que a justiça não alcança a todos.

Saturday, October 10, 2009

AINDA GELMAN


Opiniones

Juan Gelman

Un hombre deseaba violentamente a una mujer,
a unas cuantas personas no les parecía bien,
un hombre deseaba locamente volar,
a unas cuantas personas les parecía mal,
un hombre deseaba ardientemente la Revolución
y contra la opinión de la gendarmería
trepó sobre muros secos de lo debido,
abrió el pecho y sacándose
los alrededores de su corazón,
agitaba violentamente a una mujer,
volaba locamente por el techo del mundo
y los pueblos ardían, las banderas.
de "Gotán"


Resenhas

Um homem desejava violentamente uma mulher,
para algumas pessoas não lhes parecia bem,
um homem desejava loucamente voar,
para algumas pessoas parecia errado,
um homem desejava ardentemente a Revolução
e contra o parecer da polícia
escalou os muros secos do devido,
abriu o peito e puxando
das profundezas de seu coração,
agitou violentamente uma mulher,
voando loucamente através do telhado do mundo
e as pessoas queimavam, as bandeiras.
de "Gotan"

GELMAN


Nota I

Juan Gelman

te nombraré veces y veces.
me acostaré con vos noche y día.
noches y días con vos.
me ensuciaré cogiendo con tu sombra.
te mostraré mi rabioso corazón.
te pisaré loco de furia.
te mataré los pedacitos.
te mataré una con paco.
otro lo mato con rodolfo.
con haroldo te mato un pedacito más.
te mataré con mi hijo en la mano.
y con el hijo de mi hijo/ muertito.
voy a venir con diana y te mataré.
voy a venir con jote y te mataré.
te voy a matar/derrota.
nunca me faltará un rostro amado para matarte otra vez.
vivo o muerto/un rostro amado.
hasta que mueras/
dolida como estás/ya lo sé.
te voy a matar/yo
te voy a matar.

Nota I

Te nomearei vezes e vezes.
me encostarei em ti noite e dia.
noites e dias contigo.
me pegarei agarrando tua sombra.
te mostrarei meu raivoso coração.
te pisarei louco de fúria.
te matarei aos pedaçinhos.
te matarei com um Paco.
outro o mato com Rodolfo.
com Haroldo te mato um pouquinho mais.
te matarei com o meu filho na mão.
e com o filho do meu filho/mortinho.
Eu virei com Diana e te matarei.
Eu virei com alegria e te matarei.
Eu vou te matar / derrota.
Nunca me faltará um rosto amado para matar-te outra vez.
Vivo ou morto/ rosto amado.
até que morra /
doída como estais / Eu já sei
Vou te matar/ Eu
Vou te matar.

MEJIA OUTRA VEZ



DOLORA VII

Feliciano Mejia

Como un alfanje moro,
como un florete de hielo,
como un fondo de horno
de oro incandescente,
como un rígido abismo
desgajando
su risa y su amor apretujado
en estos cinco siglos,
te pienso, amada.

Riverside, 9.IX.97


DOR VII

Como uma espada moura
como um florete de gelo,
como um fundo de fogão
de ouro incandescente,
como um rígido abismo
rasgando
seu riso e seu amor esmagado
nestes cinco séculos,
te penso, querida.

FELICIANO MEJIA


HERVOR CON DUERMEVELA

Feliciano Mejia

Orgabardo, el abuelo de ojos cuneiformes,
soñó que hervía patatas y pescado
para su tenue y alada mujer;
pero al despertar bañado por la lluvia
de asco,
vio que la sangre, ligera
como peces de mercurio, huía
de sus axilas;
y las apestadas balas de los soldados
seguían aún perforando su antigua piel.

Fervor com cochilo

Orgabardo, o avô de olhos cuneiformes,
sonhou que fervia batatas e peixe
para sua frágil e alada mulher;
porém, ao acordar encharcado pela chuva
de desgosto,
viu que o sangue, ligeiro
como peixes de mercúrio fugiam
de suas axilas;
e as pestilentas balas dos soldados
seguiam perfurando sua velha pele.

Friday, October 09, 2009

DESPEDIDA



Amiga,
Amiga,
Nem meu bem,
Nem meu amor,
Amiga
Assim te chamarei.
Não amante, nem amada, nem querida.
Sim, amiga.
Lá fora te chamarei senhora
E passarei indiferente
Negando a toda gente
Este sentimento sem limites.

Amiga,
Não fale,
Não diga,
Não lembre.
A vida é sempre assim:
Uma sucessão de sentimentos e coisas mutáveis.
Se leio nos teus olhos que a paixão não existe
É certo que fico triste mesmo que digas que não
Que não é assim como se mentir não fosse próprio da mulher,
Mas, do homem também é.

E também o é
Não saber mentir-
Se engana quem quer se enganar.
Não é o momento.
O momento como o amor se foi
Feito passarinho liberto.
Teus seios brancos já não mais aperto
Imagens distantes que são.
Distante está agora o gozo, a dor, a ansiosa espera
Da confusão de pernas e de braços ,
A explosão, o êxtase, a vontade de ficar...

Amiga,
Sem palavras,
Sem embaraços
Parta.
A porta está aberta
O relógio marca a hora certa
E o tempo sempre vence o amor.

Vá!
Siga, por favor,
Sem olhar para trás.
Trouxestes a beleza,
Levas a paz
E a paixão que deixas
Não tem queixas
Porque sorriu, gozou, amou
O que viveu
E sofreria mil vezes mais o mesmo gozo
E gozaria mil vezes mais a mesma dor
Assim como não se arrependeria da loucura de seu amor
Ciente de que infeliz é quem não tem paixão.

Vai!
Amiga vai!
Que contigo também sai
Mais uma ilusão.
E se meu coração agüenta
Meus olhos não.
Amiga, amiga...
Não diga adeus,
Nem demora,
Em todo amor há sempre a hora
Em que é preciso chorar.

Ilustração: http://thejackdesigner.wordpress.com/2009/01/16/um-grande-amor/

Thursday, October 08, 2009

TOADA INFANTIL



Eu vou para Porto Velho
Que lá é uma terra boa
Já teve até muito ouro,
Mas, ainda tem garoa,
Poeira, carapanã, besouro,
Bem como gentis morenas
Que encantam o coração
E são como belas açucenas
Ao alcance da mão.

Eu vou para Porto Velho
Por falta do que fazer
Que lá tem muito peixe,
Luar e o sol na tarde
Rola feito bola vermelho
Que parece até que tudo arde
E Deus assim deixe
Para gerar prazer.

Eu vou pra Porto Velho
Provar que o mundo é bom
Cantando no caminho
Que a vida lá tem som
E passa com carinho
Sob o céu que sempre azul
E me lembra no espelho
Que Narciso és tu!

MINHA LOUCURA



NORMALISSÍMO
Por ser a minha loucura
Assim tão simples,
Assim tão natural,
Assim tão transparentemente louca
Sei que me tomam por normal
E finjo crer na minha normalidade
Quanto mais ela cresce com a idade.
Caminho, falo, me comporto e visto
de forma tão comum
que, de fato, pareço só mais um
tanto que ao me olhar no espelho
até me penso também normal,
exceto por esta tentação animal
de adorar sopas de mãos e orelhas
e, quando me dá na telha,
cortar os mais belos pescoços.

UPDIKE



Perfection Wasted

John Updike


And another regrettable thing about death
is the ceasing of your own brand of magic,
which took a whole life to develop and market --
the quips, the witticisms, the slant
adjusted to a few, those loved ones nearest
the lip of the stage, their soft faces blanched
in the footlight glow, their laughter close to tears,
their tears confused with their diamond earrings,
their warm pooled breath in and out with your heartbeat,
their response and your performance twinned.
The jokes over the phone. The memories
packed in the rapid-access file. The whole act.
Who will do it again? That's it: no one;
imitators and descendants aren't the same.

Perfeitamente supérfluo

E uma outra coisa lamentável, sobre a morte
é a cessação da sua própria espécie de magia,
quem teve toda uma vida para crescer e negociar-
os gracejos, os feitiços, a inclinação
para algumas coisas, os entes mais próximos
o estágio dos lábios, suas faces macias e flácidas
no fulgor da ribalta, seu riso fechado para as lágrimas,
suas lágrimas confundidas com os brincos de diamante,
seu hálito quente em conjunto com as batidas do coração,
sua resposta e seu desempenho geminados.
As piadas sobre o telefone. As memórias
embaladas no arquivo de acesso rápido. O ato no seu todo.
Quem vai fazer isto de novo? É isto aí: ninguém;
imitadores e descendentes não são a mesma coisa.

Ilustração: http://img.limao.com.br/fotos/24/65/45/246545F450BD4DF99B5FBC7E97B8794F.jpg

Monday, October 05, 2009

ALFONSINA STORNI


La Caricia Perdida

Alfonsina Storni

Se me va de los dedos la caricia sin causa,
se me va de los dedos... En el viento, al pasar,
la caricia que vaga sin destino ni objeto,
la caricia perdida ¿quién la recogerá?

Pude amar esta noche con piedad infinita,
pude amar al primero que acertara a llegar.
Nadie llega. Están solos los floridos senderos.
La caricia perdida, rodará... rodará...

Si en los ojos te besan esta noche, viajero,
si estremece las ramas un dulce suspirar,
si te oprime los dedos una mano pequeña
que te toma y te deja, que te logra y se va.

Si no ves esa mano, ni esa boca que besa,
si es el aire quien teje la ilusión de besar,
oh, viajero, que tienes como el cielo los ojos,
en el viento fundida, ¿me reconocerás?

A carícia perdida

Se de meus dedos vai a carícia sem causa,
se me vai dos dedos... No vento, de passagem,
a carícia vagando sem rumo ou objeto,
a carícia perdida quem a recolherá?

Pude amar esta noite com piedade infinita,
pude amar ao primeiro que acertou chegar.
Ninguém vem. Estão sós os caminhos floridos.
A caricia perdida rodará...rodará...

Se nos seus olhos te beijam esta noite, viajante,
se estremecem os ramos de um doce suspirar,
se te oprime os dedos uma mão pequena
que te leva e te deixa, que te engana e se vai.

Se não vês esta mão, nem esta boca que beija,
Se é o ar quem te tece a ilusão de beijar.
Ah, viajante, que tem os olhos como o céu,
que no vento se perde, me reconhecerás?

GOMES DE AVELLANEDA



Al Destino

Gertrudis Gómez de Avellaneda

Escrito estaba, sí: se rompe en vano
Una vez y otra la fatal cadena,
Y mi vigor por recobrar me afano.
Escrito estaba: el cielo me condena
A tornar siempre al cautiverio rudo,
Y yo obediente acudo,
Restaurando eslabones
Que cada vez más rígidos me oprimen;
Pues del yugo fatal no me redimen
De mi altivez postreras convulsiones.

¡Heme aquí! ¡Tuya soy! ¡Dispón, destino,
De tu víctima dócil! Yo me entrego
Cual hoja seca al raudo torbellino
Que la arrebata ciego.
¡Tuya soy! ¡Heme aquí! ¡Todo lo puedes!
Tu capricho es mi ley: sacia tu saña...
Pero sabe, ¡oh cruel!, que no me engaña
La sonrisa falaz que hoy me concedes.

Destino

Escrito estava, sim: se rompe em vão
Uma vez e outra a cadeia fatal,
E meu vigor por recobrar me afano.
Estava escrito: o céu me condena
A tornar sempre ao rude cativeiro,
E eu obediente acudo,
Restaurando elos
que cada vez mais rígidos me oprimem;
Pois, jugo fatal não me redime
De meu orgulho as convulsões passadas.

Eis-me aqui! Tua sou! Dispõe do meu destino,
De tua vítima dócil! Eu me entrego
Qual folha seca ao rápido torvelinho
Que a arrebata cego.
Tua sou! Eis-me aqui!Tudo o que podes!
Teu capricho é minha lei: saciar a raiva ...
Porém, sabes, ó cruel!, que não me enganas
O sorriso falaz que hoje me concedes.

MANUEL BRETÓN DE LOS HERREROS



A la Pereza.

Manuel Bretón de los Herreros

¡Qué dulce es una cama regalada!
¡Qué necio el que madruga con la aurora
aunque las musas digan que enamora
oír cantar a un ave en la alborada!

¡Oh, qué lindo en poltrona dilatada
reposar una hora y otra hora!
Comer, holgar..., ¡qué vida encantadora,
sin ser de nadie y sin pensar en nada!

¡Salve, oh, Pereza! En tu macizo templo
ya, tendido a la larga, me acomodo.
De tus graves alumnos el ejemplo

arrastro bostezando: y en tal modo
tu apacible modorra a entrar me empieza
que no acabo el soneto... de per... (eza).

A Preguiça

Que doce é uma cama arrumada!
Que bobo é o que madruga com a aurora
Ainda que as musas digam que se enamora
Quem ouve cantar uma ave na alvorada!

Oh! Que bom é numa poltrona bem estofada
Repousar uma hora e outra hora!
Comer, folgar...que vida encantadora,
Sem ser de ninguém e sem pensar em nada!

Salve, oh, Preguiça! No teu macio templo
Já, estendido, à larga, me acomodo,
De teus graves alunos sigo o exemplo

Me arrasto bocejando de tal modo
na tua aprazível modorra que começa
A me impedir de acabar o soneto de preguiça.

PIZARNIK


A la Espera de la Oscuridad.

Alejandra Pizarnik

Ese instante que no se olvida,
Tan vacío devuelto por las sombras,
Tan vacío rechazado por los relojes,
Ese pobre instante adoptado por mi ternura,
Desnudo desnudo de sangre de alas,
Sin ojos para recordar angustias de antaño,
Sin labios para recoger el zumo de las violencias
perdidas en el canto de los helados campanarios.

Ampáralo niña ciega de alma,
Ponle tus cabellos escarchados por el fuego;
Abrázalo pequeña estatua de terror.
Señálale el mundo convulsionado a tus pies,
A tus pies donde mueren las golondrinas
Tiritantes de pavor frente al futuro.
Dile que los suspiros del mar
Humedecen las únicas palabras
Por las que vale vivir.

Pero ese instante sudoroso de nada,
Acurrucado en la cueva del destino
Sin manos para decir nunca,
Sin manos para regalar mariposas
A los niños muertos.

A espera da escuridão No instante em que não se esquece,

Tão vazio devolvido pelas sombras,
Tão vazio rejeitado pelos relógios,
Este pobre instante adotado por minha ternura,
Desnudo, desnudo de sangue nas asas,
Sem olhos para lembrar as angustias do passado,
Sem lábios para recolher o suco das violências
perdidas na canção dos gelados campanários.

Ampará-la, menina cega da alma,
Por teus cabelos chamuscados pelo fogo;
Abraçá-la pequena estátua de terror.
Assinalar-te o mundo convulsionado a teus pés,
A teus pés, onde morrem as andorinhas
Tremendo de pavor frente ao futuro.
Digo-te que a brisa do mar
Umedece as únicas palavras
Pelas quais vale a pena viver.

Porém, este instante suculento de nada,
Acocorado na curva do destino
Sem mãos para dizer nunca,
Sem mãos para ofertar as borboletas
Aos meninos mortos.

Saturday, October 03, 2009

ROBERTO PACHECO



La Luz Regresó

Roberto Pacheco

La luz regresó
con miles de iguanas que movían la cabeza
y gritaban escalando hasta la punta
de palmeras y mangales

Las tortugas se arrastraron hacia el mar
“como cascos de soldados muertos”
yo me quede bajo la sombra
escuchando como se consume el viento

alguien había soñado una isla.

A luz voltou

A luz voltou
com milhares de iguanas que balançavam a cabeça
e gritavam até subir ao topo
das palmeiras e dos manguezais

As tartarugas se arrastavam para o mar
"como os capacetes dos soldados mortos"
Fiquei na sombra
escutando como o vento se consumia

alguém tinha sonhado com uma ilha.

NERUDA


Nada Más

Pablo Neruda

De la verdad fui solidario:
de instaurar luz en la tierra.

Quise ser como el pan:
la lucha no me encontro ausente.

Pero aqui estoy con lo que ame,
con la soledad que perdi:
junto a esta piedra no reposo.

Trabaja el mar en mi silencio.


Nada mais


Na verdade fui solidário:
Ao instaurar a luz na terra.

Quis ser como o pão:
A luta não me encontrou ausente.

Porém, aqui estou com o que amo,
Com a solidão que perdi:
Junto a esta pedra não repouso.

Trabalha o mar no meu silêncio.

Thursday, October 01, 2009

SEGOVIA



SE ME HACE

Francisco Segovia

SE ME HACE un gentío la garganta
y en las venas se me embalsama un ruido
(el llanto y su mortaja de gangrena
disecando, mortificando sangre
No me quiebra la tristeza
Es su ruido el que me quiebra
el que me abre por la fuerza los dos puños
Es su ruido el que me asienta
(en el sólido tumulto de mi carne)
sobre esta silla del mal endurecido
(Sentado
sobre la silla viva
a punto de implotar de miedo
y tremendamente culpable)

La sirena en el espejo, 1990

SE ME FAZES

Se me fazes um nó na garganta
e nas veias me embalsamas um ruido
(choro e sua mortalha de gangrena
dissecando, mortificando sangue
Não me quebra a tristeza
É o barulho que me quebra
e que me abri pela força dos punhos
É seu ruído que me resolve
(no sólido tumulto da minha carne)
sobre esta cadeira mal endurecida
(Sentado
sobre a cadeira viva
prestes a explodir de medo
e tremendamente culpado)