Sunday, May 31, 2015

Uma poesia de Ana Ilce Gómez

CUANDO SE OYE LA VOZ DEL AMOR                          

Ana Ilce Gómez

No. No quiero oír su voz.
Amarradme cuando cante
porque su música
--oh, amigos
es insidiosa como canto
de sirenas
y no me dice sino
que después de él
yo no he de tocar
ningún otro
Paraíso.

Quando se ouve a voz do amor


Não. Não quero ouvir a sua voz.
Amarra-me quando cantar
porque sua música
-Oh, amigos
é insidiosa como o canto
de sirenas
e não me diz senão
que depois dele
eu não hei de tocar
nenhum outro
paraíso.


Ilustração: sentimientosentrepalabras.blogspot.com

Saturday, May 30, 2015

Uma poesia de Virginia Grütter Jiménez

MALDICIÓN                                                                 

Virginia Grütter Jiménez

Te condeno
a que sigas oyendo mi canto de campana
en el mar, el agua, en el viento.
Te condeno
a que sigas mirando mis ojos doloridos
en el sueño, en la luz, en el fuego.
Te condeno
a que escuches mi voz grave, amorosa,
en las hojas, en los ríos, en el eco
Te condeno
a que lleves mi recuerdo en la vida,
en la piel, en el alma, en el pecho.


MALDIÇÃO

Te condeno
A que sigas ouvindo a minha música de trabalho
no mar, na água, no vento.
Te condeno
a que sigas a olhar meus olhos doloridos
no sono, na luz, no fogo.
Te condeno
a que escutes a minha voz grave e amorosa,
nas folhas, nos rios, no eco
Te condeno
a que leves minha recordação pela vida,
na pele, na alma, no peito.


Uma poesia de Yvonne Mendoza




MUCHAS VECES HEMOS DICHO ADIÓS

Yvonne Mendoza

Muchas veces hemos dicho adiós.
Cuando pronunciamos la etérea palabra
vuela de los labios
y el mundo rota ciento ochenta grados.
Sale, sí,
pero también se queda atrapada
en un rincón oscuro de la boca.

Muitas vezes temos dito adeus

Muitas vezes temos dito adeus
Quando pronunciamos a etérea palavra
voando dos lábios
e girando cento e oitenta graus  no mundo.
Vai, sim,
Porém, também, fica presa
num canto escuro da boca.


Ilustração: www.ominutodosaber.com

Friday, May 29, 2015

Uma poesia de Julia Barella


VIVIRÉ LO BASTANTE

Julia Barella

Nos alimentamos de palabras,
luego soñamos con colores,
los más puros van anidando en la memoria,
ayer el blanco y el amarillo
hoy el verde y el azul.
Palabras alimento, oxígeno directo a mi cerebro,
puedo hablar sin consideración,
decir rojo y negro para los estados de incertidumbre.
Ideas tiranas,
vivo con algunas cosas que se niegan a ser,
la diferencia las difumina,
son transparentes e incoloras,
las nombro mil veces pero me dominan,
me dejan atrapada en lo aparente,
viviré lo bastante para encontrar una personalidad.

Viverei o bastante

Nós alimentamos em palavras,
logo sonhamos com cores,
as mais puras vão se instalando na memória,
ontem, o branco e  o amarelo,
hoje,  o verde e o azul.
Palavras alimento, oxigênio direto para o meu cérebro,
posso falar sem consideração,
dizer vermelho e preto para os estados de incerteza.
Idéias tirânicas,
vivo com algumas coisas que se negam a ser,
a diferença são resíduos,
são transparentes e incolores,
as nomeio mil vezes, porém, me dominam,
me deixam preso no aparente,
viverei o bastante para encontrar uma personalidade.


Ilustração: psicologa-on-line.com

Uma poesia de Aída Toledo

AL PARECER EL TEXTO NACE DE ALGO COTIDIANO     

Aída Toledo

Qué es
Es amor
Es dolor
O es un espantoso resentimiento
De siglos
Por ser mujer
Por lo que implica
Por los dolores
En la sala de parto
Por el postparto
Por la memoria colectiva
Por todas las otras mujeres
En las que a veces me resumo
Por esta sempiterna necedad
De asumir
El sexo débil

Aparentemente o texto nasce de algo cotidiano

O que é
o amor
é dor
ou é um terrível ressentimento
de séculos
por ser mulher
pelo que implica
pelas dores
na sala do parto
pelo pós-parto
pela memória coletiva
Por todas as outras mulheres
nelas que, às vezes, me resumo
por esta eterna necessidade
de assumir
o sexo frágil

Ilustração: www.bbc.co.uk 

Thursday, May 28, 2015

Uma poesia de Lorca

Vuelta de paseo                                                       
Federico García Lorca
Asesinado por el cielo.
Entre las formas que van hacia la sierpe
y las formas que buscan el cristal,
dejaré crecer mis cabellos.
Con el arbol de muñones que no canta
y el niño con el blanco rostro de huevo.
Con los animalitos de cabeza rota
y el agua harapienta de los pies secos.
Con todo lo que tiene cansancio sordomudo
y mariposa ahogada en el tintero.
Tropezando con mi rostro distinto de cada día.
¡Asesinado por el cielo!

Volta do passeio

Assassinado pelo céu.
Entre as formas que vão até ao campo
E as formas que buscam os espelhos,
Deixarei crescer meus cabelos.
Com os tocos das árvores que não cantam
E o menino com o rosto branco de ovo.
Com os animalzinhos de cabeças quebradas
E a água salpicada de pés secos.
Com tudo o que tem um cansaço surdo-mudo
E a borboleta afogada num tinteiro.
Tropeçando com meu rosto distinto de cada dia.
Assassinado pelo céu.


Ilustração: thumbs.dreamstime.com

Tuesday, May 26, 2015

Uma poesia de Violeta C. Rangel

                                                                                                   
PASIONES COMPARTIDAS

Violeta C. Rangel

Es verdad, quisiera desclavarte,
Descansar, hacer de tonta,
Tomarme un tripa a tu salud
Y luego descorchar una granada

Volar ha sido siempre
Una pasión que compartimos

Paixões compartilhadas

É verdade, quisera te arrancar,
descansar, me fazer de tonto,
beber um trago à tua saúde
e, em seguida, destravar uma granada

fugir sempre foi
uma paixão que compartilhamos


Uma poesia de Rae Armantrout

SLIP                                                                                  

Rae Armantrout

As if we know
what bliss is,

this lozenge
dissolves,

purple and pink,
a warm largesse,

into the cool sea.

Deslize

Assim se soubéssemos
o que é felicidade,

este losango
dissolve,

o roxo e o rosa,
uma cálida generosidade,

no mar fresco.


Ilustração: www.viajoteca.com

Monday, May 25, 2015

Outra poesia de Ártemis Nire

                                                                                           

Voy a escribir con sangre en el papel

Ártemis Nire

Voy a escribir con sangre en el papel,
hasta mi última gota.
Que no se diga que no luché.
Hasta que mis manos ya muertas,
ya no puedan sostener el pincel de mi escritura,
hasta que se rasgue la piel.
Hasta que mis entrañas estén una a una
dibujadas por doquier.
Que mi alimento es carboncillo
y mi agua cuadrícula que bebo a placer.
Aprisionada entre hojas y hojas,
que no digan que no lo intenté,
porque enamorada estoy de mis letras,
pero más aún de tu ser.

Vou escrever com sangue no papel

Vou escrever com sangue no papel,
até minha última gota.
Que não se diga que não lutei.
Até que minhas mãos já mortas,
já não possam segurar o pincel da minha escrita,
até que se rasgue a pele.
Até que minhas entranhas estejam uma a uma
desenhadas em todos os lugares.
Que meu alimento seja o carvão
e minha água um quadrinho que bebo com prazer.
Aprisionada entre páginas e páginas,
não digam que  não o tentei,
porque estou apaixonado por minhas letras,
porém, ainda mais por teu ser.


Ilustração: download.ultradownloads.com.br

Sunday, May 24, 2015

A vida nos engole

Hoje,                                
Sentindo a tua ausência mais do que o calor da noite,
Percebo que a vida, como uma gigantesca jiboia, nos engole.
A vida nos engole
De um hausto, com a rapidez de um sopro,
Ou lentamente, nos deixando como deixa, oco,
Sem lirismo, sem amor, sem vontade.
Só este corpo que se mexe,
Como se vivo estivesse,
Para cumprir as obrigações diárias.

É um rito
Ou uma dança inconsequente.
Não sei.
Sei que somente a vida nos engole.
Muitas vezes,
É somente alguém
Que, de repente, desce por um bueiro,
Mas, há sintomas de sumir um quarteirão inteiro,
Bairros, favelas, cidades...

A vida nos engole.
Seja pelo gesto que não fiz
Ou pelo o gesto que você não faz-
Não importa-
A vida nos engole
E, na verdade, não te amo menos
E tu não me amas mais.
E vivemos dizendo adeus
Sem que, na verdade,
Não desejes me perder
Nem te perder desejo.
E não nos falamos
E não mais te beijo
E o tempo do amor parece, agora, tão distante.


É tarde...
Olho pela janela as luzes da cidade...
Os barulhos noturnos, as sirenes
De ambulâncias e polícias
E o som silencioso
Da vida que nos engole
Enquanto, possivelmente, dormes
Para bem cedinho ir trabalhar...

Não tenho sono
Nem vontade de dormir
Nem mais capacidade de sonhar.
Só sei que a vida nos engole.


Ilustração: 2.bp.blogspot.com 

Uma poesia de Ártemis Nire

No son sólo estas letras lo que siento                   

Ártemis Nire

No son sólo estas letras lo que siento,
Son las que lloro, las que sudo y las sangro.
No importan los versos que escribo a cientos,
Cuenta el que mi alma perdida quedó a mi cargo.
Un beso, una caricia, un susurro, un abrazo...

No son sólo estas letras lo que siento,
Son las que adoro, las que amo, las que guardo.
No existen las líneas que trazo de alimento,
Cuenta el que la vida arrolla y no pasa de largo.
Una senda, un camino, un recodo, un atajo.

En estos días extraños, que hasta mi voz reclamo,
Los minutos pasan lejanos y el mundo sigue girando.
Se nos muere el aliento si descuidamos
Y se nos tragan las horas, hambrientas, acechando.

Não são somente estas letras o que sinto

Não são somente estas letras o que sinto,
são as que choram, as que suo e as  que sangro.
Não importam os versos que escrevo às centenas,
Conta o que minha alma perdida deixou a meu cargo.
Um beijo, uma carícia, um sussurro, um abraço ...

Não são apenas estas letras que eu sinto,
Elas são as que adoro, que eu amo, que eu guardo.
Não existem as linhas que traço de alimento,
Conta o que a vida arrola e não passa ao largo.
Um caminho, uma estrada, uma curva, um atalho.

Nestes dias estranhos que afirmam a minha voz,
Os minutos passam rápidos e o mundo segue girando.
Se nos morre o alento, se nos descuidamos
Já nós engole as horas, famintas, à espreita.

Ilustração: atarde.uol.com.br


Saturday, May 23, 2015

De volta Charles Bukowski

don't forget                                            

Charles Bukowski

there is always somebody or something
waiting for you,
something stronger, more intelligent,
more evil, more kind, more durable,
something bigger, something better,
something worse, something with
eyes like the tiger, jaws like the shark,
something crazier than crazy,
saner than sane,
there is always something or somebody
waiting for you
as you put on your shoes
or as you sleep
or as you empty a garbage can
or pet your cat
or brush your teeth
or celebrate a holiday
there is always somebody or something
waiting for you.

keep this fully in mind
so that when it happens
you will be as ready as possible.

meanwhile, a good day to
you
if you are still there.
I think that I am---
I just burnt my fingers on
this
cigarette.

Não se esqueça

há sempre alguém ou algo
esperando por você,
algo mais forte, mais inteligente,
mais maldoso, mais amável, mais durável,
algo maior, algo melhor,
algo pior, algo com
olhos como o tigre, mandíbulas, como o tubarão,
algo mais louco do que louco,
mais sã do que são,
há sempre algo ou alguém
esperando por você
enquanto você coloca seus sapatos
ou enquanto você dorme
ou como esvazia uma lata de lixo
ou cuida do seu gato de estimação
ou escova os dentes
ou comemora um feriado
há sempre alguém ou algo
esperando por você.

guarde isto totalmente em sua mente
assim quando isso acontecer
estará tão pronto quanto possível.

Enquanto isso, um bom dia para
você
se você ainda estiver aí.
Eu penso que eu sou-
E justo quando queimei meus dedos com
este
cigarro.

Ilustração: dna-diferente.blogspot.com

Um poema de Julio Pazos

Autoestima                                                      

Julio Pazos

Escritor sin ángel de la guarda.
Degradado, autoafamado, subdesarrollado.
Escritorino colega del gallinazo. Sentimental.
Apto para cualquier encargo.
Escritor sin obra, sin amada, sin editorial,
sin alma gemela, sin lector, sin periodista.
Escritor sin retrato al óleo, sin fotografía, sin partidarios.
Sin contrato, sin premio, sin el aprecio de los conciudadanos.
Sin columna dominical, sin pan de San Antonio,
sin carnet profesional.

Escritor lívido, vela junto al féretro marginal,
sin derecho al parte de la boda, sin membresía,
sin condecoración edilicia.
Sin infancia, sin motocicleta, sin visa, sin rebaño,
sin clase de cívica, sin seguro dental, sin carta de recomendación.

Escritor sin poemas en antologías, sin entrada en diccionarios,
sin caricatura, sin invitaciones a los clubes de lectura.
Escritorzuelo ausente en la página web.
Escritor de segunda, de adorno, de dudosa procedencia.

Autoestima

Escritor sem anjo da guarda.
Degradado, autoafamado, subdesenvolvido.
Escritorzinho colega de urubu. Sentimental.
Apto para qualquer tarefa.
Escritor sem trabalho, sem amada, sem editor,
sem alma gêmea, sem leitor, sem jornalista.
Escritor sem retrato a óleo, sem fotografia, sem seguidores.
Sem contrato, sem prêmio, sem apreciação dos cidadãos.
Sem coluna dominical, sem pão de Santo Antonio,
sem carreira profissional.

Escritor pálido, vela junto do ferétro marginal,
sem direito à parte do casamento, sem irmandade,
sem condecoração de reconhecimento.
Sem infância, sem motocicleta, sem visto, sem rebanho,
sem civismo, sem seguro, sem uma carta de recomendação.

Escritor sem poemas em antologias, nenhuma entrada nos dicionários,
sem caricatura, não há convites para os clubes.
Escritorzinho ausente das páginas da web.
Escritor de segunda, de faz de conta, de origem duvidosa.


Ilustração: karaminholas.zip.net