Sunday, November 25, 2012

Ainda Rafael Gutiérrez





ANGÉLICA EXPLORADORA                                     

Rafael Gutiérrez

En la búsqueda de un corazón
de cinco pétalos
no ha habido lecho lunar o terrestre, Angélica,
que nuestras pieles no hayan hollado.
Nocturnos y diurnos,
varón y hembra,
somos dos guerreros asidos a un mismo escudo amoroso:
en las fauces del tigre afilamos el fuego
en las dunas del alba derramamos espuma.

Angelica exploradora  

Na busca de um coração
de  cinco pétalas
não tem havido leito lunar ou terrestre, Angélica,
que nossas peles não hajam pisado.
Noites e dias,
macho e fêmea,
somos dois guerreiros agarrados a um mesmo escudo amoroso:
nas faces do tigre aguçamos o fogo
nas dunas da amanhecer derramamos a espuma.


Ilustração: Antoni Guansé

E ainda Dulce...




Poema LVII

Dulce María Loynaz

No te nombro; pero estás en mí como la música en la garganta del ruiseñor
aunque no esté cantando.

Poema LVII

Não te nomeio, porém, estais em mim como a música na garganta do rouxinol
ainda que não esteja cantando.

Ilustração: faelmousa.wordpress.com

Ainda Dulce María Loynaz




Deseo

Dulce María Loynaz

Que la vida no vaya más allá de tus brazos.
Que yo pueda caber con mi verso en tus brazos,
que tus brazos me ciñan entera y temblorosa
sin que afuera se queden ni mi sol ni mi sombra.
Que me sean tus brazos horizonte y camino,
camino breve, y único horizonte de carne;
que la vida no vaya más allá... ¡Que la muerte
se parezca a esta muerte caliente de tus brazos!...


Desejo

Que a vida não vai além de teus braços.
Que eu possa caber com meu verso em teus braços,
que teus braços me entrelaçem inteira e trêmula
sem lá fora se percam nem meu sol nem minha sombra.
Que sejam teus braços horizonte e caminho,
caminho breve, e único horizonte de carne;
que a vida não vá mais além ... Que a morte
assemelhe-se  a esta morte quente de teus braços! ...

Dulce María Loynaz





Poema XXXVI

Dulce María Loynaz

He de amoldarme a ti como el río a su cauce, como el mar a su playa, como la espada a su vaina.
He de correr en ti, he de cantar en ti, he de guardarme en ti ya para siempre.
Fuera de ti ha de sobrarme el mundo como le sobra al río el aire, al mar la tierra, a la espada la mesa del convite.
Dentro de ti no ha de faltarme blandura de limo para mi corriente, perfil de viento para mis olas, ceñidura y reposo para mi acero.
Dentro de ti está todo; fuera de ti no hay nada.
Todo lo que eres tú está en su puesto; todo lo que no seas tú me ha de ser vano.
En ti quepo, estoy hecha a tu medida; pero si fuera en mí donde algo falta, me crezco...
Si fuera en mí donde algo sobra, lo corto.

Poema XXXVI

Hei de amoldar-me a ti como o rio a sua fonte, como o mar na sua praia, como a espada na bainha.
Hei de correr em ti, de cantar em ti, hei de guardar-me em ti para sempre.
Fora de ti há de sobrar-me o mundo como sobr ao rio o ar, terra, ao mar, para a espada da mesa o convite.
Dentro de ti não há de faltar-me a suavidade do limo para a minha corrente, perfil do vento para as minhas ondas, agasalho e descanso para o meu aço.
Dentro de ti está tudo, fora de ti não há nada.
Tudo que és esta no seu posto; tudo que não sejas tu me há de ser vão.
Em ti me encaixo, estou feita sobre medida; porém, se fora de mim algo falta, me cresce...
Se fora algo ainda sobra, o corto

Ilustração: brizadeira.blogspot.com

Wednesday, November 21, 2012

Rafael Gutiérrez





ANGÉLICA CREPUSCULAR

Rafael Gutiérrez

Ves Angélica
esa quejumbrosa gaviota que allá arriba
vuela en laxos, sombríos círculos
en torno a tu cabeza: así suele rondarme la tristeza
cuando me dices adiós
y te alejas
y te olvidas de mí.           

Angélica crepuscular

Veja Angélica
a  queixosa gaivota que voa lá em cima
em voltas soltas, sombrios círculos
em torno de tua cabeça: assim sói rondar-me a tristeza
quando eu digo adeus
e te alheias
e te esqueces de mim.

Ilustração:  pt.wikipedia.org

Tuesday, November 20, 2012

Maria Tereza Cervantes

EL AFÁN DE EXISTIR                                           

Maria Tereza Cervantes

Esa ansiedad de ser, de no morirse.
Lo que nunca entendemos.
El afán de existir, la desmedida en todo.
Ese otro día por el que vanamente vivimos.

O afã de existir

Esta ansiedade de ser, de não morrer.
O que nunca entendemos.
O afã de existir, o desejo excessivo de tudo.
Este outro dia pelo qual vagamente vivemos.

Toni García Arias




ESPEJO                                                       


Toni García Arias

Frágil como un pequeño espejo,
el tiempo resbala por nuestras manos
con la inocencia de lo que no perdura
y estalla contra el suelo
y se hace memoria.

Una pareja sale del hospital
y se abraza. No hay amor
en sus rostros.
Lloran.

Lloran a pesar de la gente que pasa,
a pesar de este sol de agosto
que abrasa
y que en sus ojos
se congela.

Espelho

Frágil como um pequeno espelho,
o tempo resvala por nossas mãos
com a inocência do que não perdura
e estala contra o solo
e se faz memória.

Um casal sai do hospital
e se abraça. Não há amor
em seus rostos.
Choram.

Choram, apesar da gente que passa,
apesar deste sol de agosto
que abras
e que, em seus olhos,
se congela.