Thursday, June 18, 2020

Uma poesia de Gwendolyn Brooks



Speech To The Young : Speech To The Progress-Toward

Gwendolyn Brooks

Say to them,
say to the down-keepers,
the sun-slappers,
the self-soilers,
the harmony-hushers,
"even if you are not ready for day
it cannot always be night."
You will be right.
For that is the hard home-run.

Live not for battles won.
Live not for the-end-of-the-song.
Live in the along.


ORAÇÃO AOS JOVENS: ORAÇÃO EM DIREÇÃO AO PROGRESSO


Diga para eles,
diga para os guardiões
os escondedores do sol,
os auto-destruidores,
os silenciadores da harmonia,
"até se você não estiver pronto para o dia
não pode ser sempre noite ".
Você estará certo.
Pois, esta é a mais dura jogada.

Não viva para as batalhas vencidas.
Não viva para o fim da música.
Viva o tempo todo.





Wednesday, June 17, 2020

E, voltando Guillaume Apollinaire


69 6666 ...6 9...                                                                   




Guillaume Apollinaire

Les inverses 6 et 9
Se sont dessinés comme un chiffre étrange
69
Deux serpents fatidiques
Deux vermisseaux
Nombre impudique et cabalistique
6 : 3 et 3
9 : 3 3 et 3
La trinité
La trinité partout
Qui se retrouve
Avec la dualité
Car 6 deux fois 3
Et trinité 9 trois fois 3
69 dualité trinité
Et ces arcanes seraient plus sombres
Mais j'ai peur de les sonder
Qui sait si là n'est pas l'éternité
Par-delà la mort camuse
Qui s'amuse à faire peur
Et l'ennui m'emmantelle
Comme un vague linceul de lugubre dentelle
Ce soir



69 6666 ... 6 9 ...

Os inversos 6 e 9
são desenhados como uma figura estranha
69
Duas cobras fatídicas
Dois vermes
Número impúdico e cabalístico
6: 3 e 3
9: 3 3 e 3
A Trindade
A Trindade em toda parte
Que se encontra
Com dualidade
Carro 6 duas vezes 3
E trindade 9 três vezes 3
69 dualidade da trindade
E esses arcanos seriam mais sombrios
Mas tenho medo de sondá-los
Quem sabe se não há eternidade
Além da Morte Camuse
Quem se diverte assustando
E o tédio me assombrou
Como uma mortalha vaga de renda sombria
Esta noite



Ilustração: https://themedizine.com/.

Um poema de Jorge Manrique




COPLAS POR LA MUERTE DE SU PADRE/3

Jorge Manrique

Nuestras vidas son los ríos
Que van a dar en la mar,
Que es el morir;
Allí van los señoríos
Derechos a se acabar
Y consumir;
Allí los ríos caudales,
Allí los otros medianos
Y más chicos,
Y llegados, son iguales
Los que viven por sus manos
Y los ricos.

CASAIS PELA MORTE DE SEU PAI/3

Nossas vidas são os rios

que vão dar no mar,
o que é o morrer?
ali vão as autoridades
com direitos a se acabar
e consumir;
ali os rios caudalosos,
ali os outros medianos
e mais jovens,
e chegados, são iguais
os que vivem por suas mãos
e os ricos.
Ilustração: https://hypescience.com.

Monday, June 15, 2020

Mais uma poesia de Eduardo Langagne


ESTA MUJER Y YO                                          

 Eduardo Langagne

Esta mujer y yo, que sumamos un siglo,
casi un siglo,
nos unimos en el beso original
bajo un desnudo encino,
sobre un lecho de hierba,
mientras la luz del sol se abre paso entre las ramas
como un ave que se acerca al nido.
Esta mujer y yo,
sobre la arena suave,
a la sombra de una roca sin pecado,
damos un giro a nuestros cuerpos
humedecidos en una sola voluntad.
Aunque en verdad esta mujer y yo
estamos en un lecho conocido,
imaginando, amando,
y en el momento exacto
nuestros cuerpos irradian una luz
que se escurre como el sol entre las hojas
o una gota en la piedra
y el manantial de la vida brota nuevamente
en estos dos cuerpos que suman casi un siglo
pero no han olvidado el origen del mundo.

ESTA MULHER E EU

Esta mulher e eu, que somamos um século,
quase um século,
nos unimos no beijo original
debaixo de um carvalho nu,
sobre um leito de ervas,
enquanto a luz do sol abria espaços entre os ramos
como uma ave que se acerca do ninho.
Esta mulher e eu,
sobre a areia macia,
na sombra de uma rocha sem pecado,
damos um giro em nossos corpos
umedecidos em uma só vontade.
Ainda que na verdade, esta mulher e eu
estamos num leito conhecido,
imaginando, amando,
e no momento exato
nossos corpos irradiam luz
que se irradia como o sol entre das folhas
ou uma gota na pedra
e o manancial da vida brota novamente
nestes dois corpos que somam quase um século
porém não se esqueceram a origem do mundo.

Sunday, June 14, 2020

Outra poesia de Lila Calderón



HABLAS
(Fragmento)

Lila Calderón

El personaje está perdido
HABLAS       le preguntan
hablo y leo y pienso responde
y sé hacer música                    quiero saber
dónde estaban esos conocimientos
cómo me hiciste con quiénes
Soy malo o bueno                   y duda
Eran materiales    sólo materiales
responde Víctor Frankenstein
ante la impertinencia de su maniquí
Y sin embargo más tarde
el monstruo
dice haber terminado con la humanidad
y muere digno ante la muerte de su padre


FALAS

(Fragmento)

O personagem está perdido
FALAS    lhe perguntam
falo e leio e penso responde
e sei fazer música       quero saber
onde estavam esses conhecimentos
como me fizeste com quem
Sou mal ou bom  e duvida.
Eram materiais, só materiais
responde Vitor Frankenstein
ante a impertinência de seu manequim
e, sem embargo, mais tarde
o monstro
diz haver terminado com a humanidade
e morre digno diante da morte de seu pai.

Ilustração: outraspalavras.net.

E, novamente William Butler Yeats


What Was Lost                                      

 William Butler Yeats

I sing what was lost and dread what was won,
I walk in a battle fought over again,
My king a lost king, and lost soldiers my men;
Feet to the Rising and Setting may run,
They always beat on the same small stone.

O QUE FOI PERDIDO

Eu canto o que foi perdido e temo o que foi ganho,
Eu ando em uma batalha travada de novo,
Meu rei, um rei perdido, e seus soldados perdidos, meus homens;
Os pés se elevam e a colocam para poder correr,
Eles sempre batem na mesma pequena pedra.

Ilustração: skyisaac.wordexpress.com.

Thursday, June 11, 2020

E, uma vez mais, Theophile Gautier


FUMÉE                                                   

Theophile Gautier 

Là-bas, sous les arbres s'abrite
Une chaumière au dos bossu ;
Le toit penche, le mur s'effrite,
Le seuil de la porte est moussu.

La fenêtre, un volet la bouche ;
Mais du taudis, comme au temps froid
La tiède haleine d'une bouche,
La respiration se voit.

Un tire-bouchon de fumée,
Tournant son mince filet bleu,
De l'âme en ce bouge enfermée
Porte des nouvelles à Dieu.

FUMAÇA 

Embaixo das árvores se abriga
Uma cabana de palha;
O telhado pende, o muro despenca  
O limiar da porta é musgo. 

A janela, uma máscara de boca;
Mais do lixão, como no tempo frio
O hálito morno de uma boca,
A respiração pode se sentir.

Um saca-rolhas de fumaça,
Girando seu fino fio azul,
E assim a alma no mover trancada
Porta notícias de Deus.

Ilustração; igrejadasnacoes.com.

Wednesday, June 10, 2020

Ainda Mauricio Molina


EL ENDRIAGO                                                                 

Mauricio Molina

             A la memoria de Alexander Abraham

Amadís mira la muerte que llega con su traje
de conchas y algas, su olor de niebla y
apocalípsis. A punto de verter la sangre como
el vino que se pierde cuando amanece el
espíritu borracho, sella su suerte buscando
desde una ínsula el sol con una espada.
Sabe que la muerte es el laberinto en el que
se irá a perder el último elefante, la arena de
donde no regresan jubilosos los camellos.
Pero no sufre el caballero de Gaula lo que
en Peña Pobre: las olas arrastrando su cuerpo
inútil para los habitantes marinos, el viento
salado herrumbrando el metal de su deseo.

Su sueño está anclado en tierra : Oriana
desnuda que no lava su cuerpo en este mundo
de plancton, que prefiere la sequedad en  el
desierto de su habitación, abrumada e indecisa
entre sus vestidos de reina.

O ENDIAGRO

              Em memória de Alexander Abraham

Amadís olha a morte que chega com seu traje
de conchas e algas, seu odor de névoa e
apocalipse. A ponto de verter sangue como
o vinho que se perde quando o
espírito bêbado, sela sua sorte buscando
de uma ílha o sol com uma espada.
Sabe que a morte é o labirinto em que
irá se perder o último elefante, a areia de
onde não regressam alegres os camelos.
Porém, não sofre o cavaleiro de Gaula o que
em Peña Pobre: ​​as ondas arrastando seu corpo
inútil para os habitantes marinhos, o vento
salgado enferrujando o metal de seu desejo.

Seu sonho está ancorado em terra: Oriana
nua que não lava o corpo neste mundo
de plâncton, que prefere a secura 
no deserto de seu quarto, oprimida e indecisa
entre seus vestidos de rainha.



Uma revisão de uma poesia de Lila Calderón




EL CORAZÓN ES UM LUGAR COMÚN

Lila Calderón

Yo solo veo un trance de árboles que van passando
Cargados de anúncios 
Um violin en ruinas un barco fantasma
Aves descompaginadas em el truco del rumbo
Espejos que no tienen más historia
que la de los personajes que pasan y se reflejan
Uma bandada de estatua a ras de suelo
El planeta en donde nacerá el futuro 
y los milagros que me proponga

Veo al verbo caminhando inadvertido por las noches
en diversas fuentes de luz 
Veo que amanhece a cada vuelta del reloj
LA CIUDAD ES UM LUGAR COMÚN

O CORAÇÃO É UM LUGAR COMUM

Eu só vejo um trânsito de árvores que vão passando
Carregados com anúncios
Um violino arruinado, um barco fantasma
Aves não pintadas no truque do rumo
Espelhos que não têm mais história
que os personagens que passam e se refletem
Um bando de estátuas ao nível do solo
O planeta onde o futuro nascerá
e os milagres a que me proponha

Vejo o verbo andando inadvertido pela noite
em diversas fontes de luz
Vejo que amanhece a cada volta do relógio
A CIDADE É UM LUGAR COMUM

Tuesday, June 09, 2020

E volta Ezra Pound


TENZONE                                                     

Ezra Pound

Will people accept them?
             (i.e. these songs)
As a timorous wench from a centaur
                          (or a centurian)
Already they flee, howling in terror.
Will be touched with the truth?
                     They virgin stupidity is untemptable.
I beg you, my friendly critics,
Do not set about to procure me an audience.

I mate with my free kind upon the crags;
                        the hidden recesses
Have heard the echo of my heels. 
                         in the cool light, 
                         in the darkness.

TENSÃO 

Irão as pessoas aceitá-los?
              (isto é, essas músicas)
Como uma rapariga temerosa de um centauro
                           (ou de um centurião)
Já fogem, uivando de terror.
Irá tocá-los com a verdade?
                      Sua virgem estupidez não é sedutora.
Eu lhes peço, meus amigáveis críticos,
Não comecem a me procurar uma audiência.

Eu acasalo com minha espécie livre nos penhascos;
                        nos recessos ocultos
Tenho ouvido o eco dos meus calcanhares.
                          na luz fria,
                          na escuridão.

Sunday, June 07, 2020

E, com vocês, Blanca Varela



A MEDIA VOZ                                                 

 Blanca Varela

la lentitud es belleza
copio estas líneas ajenas
respiro
acepto la luz
bajo el aire ralo de noviembre
bajo la hierba
sin color
bajo el cielo cascado
y gris
acepto el duelo y la fiesta
no he llegado
no llegaré jamás
en el centro de todo
esta el poema intacto
sol ineludible
noche sin volver la cabeza
merodeo su luz
su sombra animal
de palabras
husmeo su esplendor
su huella
sus restos
todo para decir
que alguna vez
estuve atenta
desarmada
sola casi
en la muerte
casi en el fuego

A MEIA VOZ

A lentidão é beleza
copio essas linhas estrangeiras
respiro
aceito a luz
sob o ar escasso de novembro
debaixo da grama
incolor
sob o céu rachado
e cinza
aceito o duelo e a festa
não cheguei
não chegarei jamais
no centro de tudo
está o poema está intacto
sol inescapável
noite sem virar a cabeça
rondando sua luz
sua sombra animal
de palavras
cheirando seu esplendor
sua trilha
seus restos
tudo para dizer
Que algum dia
estave atenta
desarmada
sozinha quase
na morte
quase em fogo

Ilustração: doovi.com.

A flor da esperança





Por uma questão de sobrevivência
atravesso as noites frias e as manhãs nubladas
de uma vida tão vazia,
e isenta de prazer,
com a fé de um devoto,
como se um monge fosse,
com pão, vinho e orações.
É próprio dos homens,
mesmo na maior escuridão,
pensar que, igual ao sol,
uma hora a luz deve brilhar
e me apego ao teu doce olhar,
que sempre foi de amor,
como um consolo,
e uma forma de manter a esperança
de que, contra as expectativas,
uma flor
há de nascer no deserto.
É a esperança que me mantém desperto.

Ilustração: Wordpress.

Uma poesia de William Cerritelli



ACCADE PER CASO                                                



William Cerritelli



Espressioni contrarie rompono il silenzio,

a sud venti impetuosi smuovono le nuvole

in tempeste che spazzano la strada

di chi non ha pensato a ripararsi.

Poco a poco la notte si distende

senso alla vita, scrupolo incostante

tenerezza perfetta assegna al giorno

minuti di pazienza assorti e calmi.

Restituisci al pianto il proprio sale

che sentano se in loro si risveglia

i viventi che insieme hanno ascoltato

dolore dei destini nati male.

Si è spento lentamente il ritmo rapido

che lascia il posto a una modesta nenia

e pochi versi e note lente e tenui

cantano già un silenzio assai presente.



ACONTECE POR ACASO



As expressões contrárias rompem o silêncio,

ao sul dos ventos impetuosos que agitam as nuvens

em tempestades varrendo a estrada

dos que não pensaram em se abrigar.

Pouco a pouco a noite se distende

sentindo como a vida, escrúpulo inconstante

ternura perfeita alocada por dia

minutos de paciência absorvidos e calmos.

Restitui-se ao pranto o seu próprio sal

Que sentem e neles se despertam

os vivos que ouviram acompanhados

a dor de destinos mal nascidos.

Se despede lentamente o ritmo acelerado

que dá lugar a uma modesta música

e alguns versos e notas lentas e tênues

cantando já um silêncio muito presente.



Ilustração: Globo.

Friday, June 05, 2020

Ainda Laura Riding Gottschalk


                                                                                        

VOICES                           

Laura Riding Gottschalk



Are there words thin enough for such thin lips?

Smiles are more tenous than laughter,

And their only echo is pain.



VOZES



Há palavras finas o suficiente para tão finos lábios?

Sorrisos são mais tênues que risos,

E seu único eco é a dor.


Ilustração: wordexpress.com.