Friday, May 31, 2013

Não sambo mais


Que ela sabe sambar
quem sou eu pra duvidar
e até fiquei honrado
em ser convidado
pra dançar com ela.
Pode dizer que estou contente,
mas, que, hoje, sou um homem diferente
que não sambo não.
Já sambei demais.
Este é um capítulo que já vivi
que não volta mais.

Saturday, May 25, 2013

Carlos Enrique Ungo


Y que venga la noche
Carlos Enrique Ungo
Regálame la risa de tus ojos
la tenue luz de tu sonrisa
el milagro de tu nombre
en mi boca.

Regálame la humedad de tus besos
el tibio manto de tu abrazo
el mar embravecido de tu cuerpo
junto al mío.

Regálame el amanecer de tus pasiones
el espejo frágil de tus lluvias
tu inocencia hecha mujer
con mis caricias.

Regálame tu amor
amor
y que venga la noche…

E que venha a noite

Me presenteia com o riso dos teus olhos,
com a tênue luz de teu sorriso,
com o milagre de teu nome
em minha boca.

Me presenteia com a umidade de teus beijos,
com o suave manto de teus braços,
com o mar enfurecido de teu corpo
junto ao meu.

Me presenteia com o amanhecer de tuas paixões,
com o frágil espelho de tuas chuvas,
com tua inocência feita mulher
por minhas carícias.

Me presenteia com teu amor,
amor,
e que venha a noite.
Ilustração: www.flickr.com

Octavio Paz


Toca mi piel
Octavio Paz

Toca mi piel, de barro, de diamante,
Oye mi voz em fuentes subterrâneas,
Mira mi boca em esa lluvia oscura,
Mi sexo em esa brusca sacudida
Com que desnuda el aire los jardines.

Toca tu desnudez em la del agua,
Desnúdate de ti, llueve em ti misma,
Mira tus piernas como dos arroyos,
Mira tu cuerpo como um largo rio,
Son dos islãs gemelas tus dos pechos,
Em la noche tu sexo es una estrella,
Alba, luz, rosa entre dos mundos ciegos,
Mar profundo que duerme entre dos mares.

Mira el poder del mundo:
Reconócete ya, al reconocerme.

Toque a minha pele

Toque a minha pele, de barro, de diamante,
Ouve a minha voz em fontes subterrâneas,
Olha minha boca nesta chuva escura,
meu sexo nesta busca desenfreada
Com que se desnuda no ar dos jardins.

Toque com sua nudez na água,
Desnuda-te de ti, chove em ti mesma,
Olha as tuas pernas como dois afluentes,
Olha para o teu corpo como um imenso rio.
São duas ilhas gêmeas teus dois seios,
Na noite o teu sexo é uma estrela,
Alba, luz, rosa entre dois mundos cegos
Mar profundo que dorme entre dois mares.

Olha para o poder do mundo:
Olhe-se já, ao me reconhecer.

Ilustração: amulherinvissivel.blogspot.com

Friday, May 24, 2013

Carlos Vitale




Jornada

Carlos Vitale

Tú, de pie, desnuda en la penumbra.
Tu espalda es el arco del conocimiento.
Desde la cama, observo y espero.
Cuando te vuelvas me dirás quién soy.
Sin otra luz que mi deseo.

Dia

Tu, de pé, nua no escuro.
Tuas costas são o arco do conhecimento.
Desd’a cama, observo e espero.
Quando voltares me dirás quem sou.
Sem outra luz que meu desejo.

Desespero


Como um deus sem dons
num mundo de ateus
chorei impotente o meu desespero.
Mil lenços molhei,
criei oceanos, rios, tempestades, raios e trovões.
No maior silêncio
bradei por teu amor
e, no menor papel, foi o maior ator.
Quase acreditei não sentir mais dor,
porém, tudo em vão
porque tanto sofri que, de repente, me vi
a maldizer o tempo, os sentimentos,
o mundo e a ilusão,
mas, nada estancou
tanto amor
sangrando lenta e cruelmente
no meu coração.

Ilustração: Cabeça de homem de Paul Klee

Eu sou normal


Eu gosto muito de fazer barulho,
mas, barulho não é coisa que se faça
ainda mais quando se bebe cachaça
e os vizinhos não são boa gente.
Sei que pago um preço por ser diferente.
Sei que todos acham que não sou normal
só por ver a vida como passageira
e levar tudo na maior brincadeira
tentando sempre fazer carnaval.
Se fosse rico seria só excêntrico,
porém, sendo pobre sou só marginal.
Não sou nem Socrátes, joga fora o arsênico,
e, embriagado, sou fenomenal;
podem bater palmas que eu sou o tal! 

Ilustração: http://porrabicho.blogspot.com.br




Monday, May 20, 2013

William Butler Yeats



When You are Old

William Butler Yeats


When you are old and grey and full of sleep,
Ad nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep

How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.

Quando fores velha

Quando fores velha, cabelos grisalhos e com sono,
Pega este livro: junto ao fogo, a cochilar,
E lê suavemente e sonha em profundas sombras
Sonha, sonha com o teu antigo e suave olhar.
Muitos amaram teus momentos de alegria e graça,
E te amaram a beleza de um amor sincero ou falso;
Só um  homem amou tua alma peregrina em ti,
E adorava as mudanças de teu rosto a cada passo
E inclinando-se junto à grade brilhante,
Murmurou uma pequena prece como o amor fugiu
E caminhou montanha acima, a subir em frente,
E o rosto numa multidão de estrelas encobriu.

Ilustração:  http://claustroliberto.blogspot.com.br/

Saturday, May 18, 2013

Sobre o grande amor






Sentimento que não acaba é o do grande amor,
como o bom vinho, com o tempo só melhora,
somente ganha mais vida, sabor, cor
ainda que nada seja grande sem alguma dor.
É verdade que, hoje, as coisas são mais calmas
envelheceram as ideias, os corpos, as almas,
porém, tão siameses permanecemos
que, mesmo com todos os tropeços, nos queremos
e, pela vida toda afora desejamos viver
este antigo e sempre novo bem querer.

Alfredo Jorge Maxit




VERTIENTES

Alfredo Jorge Maxit

No ver más allá de los ojos.
No pensar más allá del pensamiento.
No sentir más allá de la experiencia.
No son las paralelas de la nada,
abandonos de nubes al vacío,
de las aguas a grietas de las rocas.

Tal vez sean vertientes de lo uno
por la arcilla de Adán entre las manos
ante el árbol caído del deseo.


Vertentes

Não ver além dos olhos.
Não pensar mais além do pensamento.
Não sentir mais além da experiência.
Não são as paralelas do nada,
abandonos de nuvens ao vazio,
das águas nas fendas das rochas.

Talvez sejam vertentes do uno
pela argila de Adão em suas mãos
ante a árvore caída do desejo.

Ilustração: http://dallianegra00.blogspot.com.br/

Ainda Lauren




Así pasan los años

Lauren Mendinueta

Pasan los años,
y aunque la vida me acusa de inmovilidad,
también yo he viajado.
Como una partícula de polvo
he revoloteado por la casa y me he prendido a los libros.
Como un insecto he reposado a la orilla de las acequias,
o simplemente he sido una mujer que de tarde en tarde
ha mirado hacia el mar
buscando barcos olvidados por la neblina
y que vuelven a la memoria,
sin esperanza distinta de la muerte.

Assim passam os anos

Passam os anos,
e, ainda que a vida me acuse de imobilidade,
também tenho viajado.
Como uma partícula de poeira
me espalhei pela casa e me prendi aos livros.
Como um inseto repousei nas margens dos canais,
ou simplesmente tenho sido uma mulher que, de tempos em tempos
olhou para o mar
buscando barcos  esquecidos pelo nevoeiro



Ilustração: comdosecerta.blogspot.com

Lauren Mendinueta




El hogar, mis lágrimas

Lauren Mendinueta

En el epílogo de mi historia
deseo volver al hogar,
a ese lugar poblado de mundos
donde los viajes son hacia adentro.
Oigo el sonido de las sombras
que sin alma me golpean
ofreciéndome consuelo en lo que ya se ha ido.
Injusto es mi deseo de vivir
pero de nada me sirve saberlo;
persisto y estoy sola
como una imagen huida del recuerdo.

A casa, as minhas lágrimas

No epílogo da minha história
desejo voltar para casa,
a este lugar povoado de mundos
onde as viagens são feitas para dentro.
Ouço o som das sombras
sem alma que me golpeiam
oferecendo consolo no que já se foi.
Injusto é o meu desejo de viver,
porém, de nada me serve sabê-lo;
Eu persisto e estou só
como uma imagem fugida da memória.

Pablo Neruda


 
Pablo Neruda

"No se cuentan las ilusiones
ni las comprensiones amargas,
no hay medida para contar
lo que podría pasarnos,
lo que rondó como abejorro
sin que no nos diéramos cuenta
de lo que estábamos perdiendo.

Perder hasta perder la vida
es vivir la vida y la muerte
y son cosas pasajeras
sino constantes evidentes
la continuidad del vacío,
el silencio en que cae todo
y por fin nosotros caemos.

Ay! lo que estuvo tan cerca
sin que pudiéramos saber.
Ay! lo que no podía ser
cuando tal vez podía ser.

Tantas alas circunvolaron
las montañas de la tristeza
y tantas ruedas sacudieron
la carretera del destino
que ya no haya nada que perder.

Se terminaron los lamentos."


"Não se contam as ilusões

nem as compreensões amargas,

não há medidas para contar

o que poderia acontecer,

o que nos rondou como um besouro

sem que nos déssemos conta

do que estávamos perdendo.  

 

Perder até perder a vida

é viver a vida e a morte

e são coisas passageiras

sendo constantes evidentes

a continuidade do vazio,

o silêncio em que tudo cai

e, por fim, nós caímos.


Aí! O que estava tão perto

Sem que pudéssemos saber.  

Aí! O que não podia ser

Quando, talvez, podia ser.


Tantas asas circundaram

as montanhas da tristeza

e tantas rodas sacudiram

a estrada do destino

que já não há nada mais a perder.


Acabaram-se os lamentos.

Ilustração: rascunhosdalara.blogspot.com

Júlio Cortázar


 
Lo que me gusta de tu cuerpo…

Julio Cortázar

Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo.
Lo que me gusta de tu sexo es la boca.
Lo que me gusta de tu boca es la lengua.
Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.

O que gosto do teu corpo

O que gosto do teu corpo é o sexo.

O que gosto de teu sexo é a boca.

O que gosto da tua boa é a língua.

O que gosto de tua língua é a palavra

Ilustração: pavablog.com

Mario Benedetti


Amor de tarde 

Mario Benedetti

Es una lástima que no estés conmigo
cuando miro el reloj y son las cuatro
y acabo la planilla y pienso diez minutos
y estiro las piernas como todas las tardes
y hago así con los hombros para aflojar la espalda
y me doblo los dedos y les saco mentiras.

Es una lástima que no estés conmigo
cuando miro el reloj y son las cinco
y soy una manija que calcula intereses
o dos manos que saltan sobre cuarenta teclas
o un oído que escucha como ladra el teléfono
o un tipo que hace números y les saca verdades.

Es una lástima que no estés conmigo
cuando miro el reloj y son las seis.
Podrías acercarte de sorpresa
y decirme "¿Qué tal?" y quedaríamos
yo con la mancha roja de tus labios
tú con el tizne azul de mi carbónico.

 

Amor de fim de tarde

É uma pena que não estejas comigo

quando olho para o relógio e já são quatro horas

e acabo a planilha e penso dez minutos

e estiro as pernas como em todas as tardes

e faço assim com os ombros para aliviar as costas

e dobro os dedos e conto mentiras.  

 

É uma pena que não estejas comigo

quando olho para o relógio e já são cinco horas

e sou apenas uma máquina que calcula juros

ou duas mãos que dançam sobre quarenta teclas

ou um ouvido que escuta a atento e as cascas de telefone

ou um tipo que faz números e deles extrai verdades.


É uma pena que não estejas comigo

quando olho para o relógio e já são seis horas.

Bem que poderias chegar de surpresa

e dizer-me: "Que tal?" e ficaríamos

eu com a mancha vermelha de teus lábios

tu com o risco azul do minha fuligem de carbono.

Ilustração: Wallpapers

Saturday, May 11, 2013

Outra poesia de Jorge Ariel Madrazo




Jorge Ariel Madrazo

Y Ella dijo, esquivando mi mirada, con pupilas
bajas me dijo: “el amor,
lo he comprobado, sólo es bello si acata
postulados de matemática pasión”.
Es verdad: las isobaras que en sus pliegues
nos congregan, la escala hidrométrica
y aquella puestita de sol
tan exactos son como tu cuello
que deletreo a un millar de kilómetros
con delectación.

Los estados de tu alma, más el diámetro lunar
te acurrucan junto a mí para escuchar
a Thelonius Monk. Y qué decir
de las grandes culpas del abandono.
Del miedo que tiende sus alas de estopa
Del deseo con sus arterias de ají.
Por favor,
cuando necesites calcular
dos más dos
ven a mí. Hagamos el amor.


E ela, evitando o meu olhar, com as pupilas
baixas, me disse: "o amor,
o comprovei, só é belo se acata  
postulados de matemática paixão. "
É verdade: as isóbaras que em suas dobras
nos congregam, a escala hidrométrica
e aquele raiozinho de sol
são tão precisos como o teu pescoço
que soletro a um milhão de quilometros
com deleite.

Os estados da tua alma, além do diâmetro lunar,
te aconchegaram ao meu lado para ouvir
Thelonius Monk. E o que dizer
das grandes culpas do abandono.
Do medo que se espalha por suas asas de estopa.
Do desejo com suas artérias de pimentão.
Por favor,
quando necessitares calcular
dois mais dois
venha a mim. Vamos fazer amor.

Ilustração: www.opassoapasso.com 

Uma poesia de Jorge Ariel Madrazo






Jorge Ariel Madrazo

INTIMIDAD del goce: vos y yo.
Navegar el planeta, la intemperie.

Esta noche será todas las noches.
Nuestras vidas anúdanse mañana.

Dos copas que se entibian; ojos, manos.
Fluir de las miradas (y algún tren).

Dos copas que se encienden. Ojos. Manos.
Intimidad del goce. Vos y yo.

La ciruela se encela sobre el plato.
Y un pasional jolgorio pese a todo.

Soñar tu boca (suspender la muerte).
Intimidad del goce. Y algún tren.

Dos copas que se incendian. Ojos. Manos
Un pasional jolgorio pese a todo.
Nuestras vidas anúdanse mañana.
La ciruela se encela sobre el plato.
Intimidad del goce, y algún tren.


INTIMIDADE do gozo: você e eu.
Navegar o planeta, a intempérie.

Esta noite será todas as noites.
Nossas vida amarram-se amanhã.

Dois copos que se esfriam, olhos, mãos.
Fluir dos olhares (e algum trem).

Dois copos que se incendeiam. Olhos. Mãos.
Intimidade do gozo. Você e eu.

A ciriguela se enciuma sobre o prato.
E uma diversão apaixonada, apesar de tudo.

Sonhar tua boca (suspender a morte).
Intimidade do gozo. E algum trem.

Dois copos que se incendeiam. Olhos. mãos
Uma diversão apaixonada, apesar de tudo.
Nossas vidas amarram-se amanhã.
A ciriguela se enciuma sobre o prato.
Intimidade do gozo, e algum trem.


Ilustração: destrave.cancaonova.com -