Thursday, June 01, 2017

E, novamente, Julia de Burgos

Poema con la tonada última                             
Julia de Burgos

¿Que adónde voy con esas caras tristes
Y un borbotón de venas heridas en mi frente?

Voy a despedir rosas al mar,
A deshacerme en olas más altas que los pájaros,
A quitarme caminos que ya andaban en mi corazón como raíces...

Voy a perder estrellas,
Y rocíos,
Y riachuelitos breves donde amé la agonía que arruinó
Mis montañas
Y un rumor de palomas
Especial,
Y palabras...

Voy a quedarme sola,
Sin canciones, ni piel,
Como un túnel por dentro, donde el mismo silencio
Se enloquece y se mata.


Poema com a última nota

Aonde irei com essas caras tristes
E um buquê de veias feridas na minha testa?

Vou jogar rosas no mar,
E desfazer-me em ondas mais altas que os pássaros,
A fechar caminhos que já andavam em meu coração como raízes ...

Eu vou perder estrelas,
E orvalhos,
E riachinhos breves nos quais amei a agonia que arruinou
minhas montanhas
E um rumor de pombos
Especial,
E as palavras ...

Eu vou estar sozinha,
Sem canções, nem pele,
Como um túnel por dentro, onde o mesmo silêncio
Se enlouquece e se mata.


Ilustração: Jéssica Pellegrini. 

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