BITACORA DEL REGRESO
Sergio Cordero
¿no es el acto que apresa la ironía
obstinado creador de mis recuerdos?
1
¿dónde están las paredes que viví?
remuevo el barro fresco
de las casas antiguas
y descubro
los rasgos de mi padre
2
porque hay días que no puedo perder
en esta ciudad ciega
yo la amo
aquí la luz se da como los frutos
es un sitio cuidado desde el simple poder
de una mirada
mordiéndose los labios
3
pon las manos en la noche más alta de tu pecho
asómate al abismo
la pregunta
confiesa tu rencor por esta tierra
deseas que vaya al sitio donde el sol
ha secado mis pasos
y por eso al tocarte
me acaricio
Vivir al margen, 1987
Caderno do Regresso
Não é o ato que apressa a ironia
obstinado criador de minhas memórias?
1
Onde estão as paredes em que vivi?
Removo o barro fresco
das casas antigas
e descubro
traços de meu pai
2
porque há dias em que não posso
me perder
nesta cidade cega
que amo
aqui a luz se dá como as frutas
é um local cuidado desde do simples poder
de um olhar
mordendo-se os lábios.
3
ponho as mãos na noite mais alta de teus seios
aproxima-se do abismo
a pergunta
confessa teu rancor por esta terra
desejas que vá ao local onde o sol
secou meus passos
e por isto ao tocar-te
me acaricio.
Viver à Margem, 1987
No comments:
Post a Comment