BIEN PUDIERA SER...
ALFONSINA STORNI
Pudiera ser que todo lo que en verso he sentido
No fuera más que aquello que nunca pudo ser,
No fuera más que algo vedado y reprimido
De familia en familia, de mujer en mujer.
Dicen que en los solares de mi gente, medido
Estaba todo aquello que se debía hacer...
Dicen que silenciosas las mujeres han sido
De mi casa materna... Ah, bien pudiera ser...
A veces en mi madre apuntaron antojos
De liberarse, pero se le subió a los ojos
Una honda amargura, y en la sombra lloró.
Y todo eso mordiente, vencido, mutilado,
Todo eso que se hallaba en sua alma encerrado,
Pienso que sin quererlo lo he libertado yo.
BEM PODE SER
Bem pode ser que tudo o que no meu verso senti
Não foi mais que aquilo que nunca pôde ser,
Não foi mais do que algo que vedei e reprimi
De família em família, de mulher em mulher.
Dizem que nos lares dos meus, medido
Estava tudo aquilo que se devia fazer...
Dizem que silenciosas as mulheres têm sido
Em minha casa materna... Ah, sim, bem pode ser...
Às vezes minha mãe sentiu os empecilhos
E anseio de liberar-se, porém subiu-lhe aos olhos
Uma funda amargura, e na sombra só chorou.
E tudo este peso mordaz, vencido, mutilado,
Tudo o que se encontrava na alma guardado,
Penso que sem querer fui eu quem libertou.
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