POEMA BRANCO
Não há muitos planos a serem feitos mais.
Nem mesmo a espera de algo especial.
Nem mesmo razões para crer num amanhã
Que só pode me legar o esquecimento.
Você, que nada exigia, senão o amor
Me dava sonhos
Sem precisar do sono.
E, agora, até meus sonhos
São brancos, planos longos, espaços
Que jamais serão preenchidos....
É assim que lembro,
Com admiração, dos dias de amor
Da falta da necessidade de explicações,
Do quanto os dias eram doces e intensos
De prazer e gozo.
Nada do que fiz ontem, hoje, amanhã e depois
Pode ser mais igual.
Pode trazer de volta o perdão
Para o crime do tempo perdido.
Só me resta fazer um poema
Um triste poema, branco como os versos,
de um suicídio reconhecido.
A confissão plena
De que sempre foste mais sábia do que minha instrução
Jamais poderia entender.
E, agora, que entendo
Tão pouca importa
Se a vida passou e vivi sem viver.
E o vazio dos dias que virão me contempla
Enquanto o silêncio em volta
Parece amplificar tua voz
Que ressoa do passado
Voltando a me dizer:
“-Meu lindo, que importa isto se nós vamos morrer?”
2 comments:
Sílvio,
Seus versos são perfeitos,
Na sua queixa se queixa
toda queixa universal.
Adorei.
Beijinhos... Fátima.
Silvio: bem envolvente...e suavemente emocionante...adorei!!!
Bjin con carin de sempre.
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