Monday, July 25, 2011

E Marzal ainda


La pequeña durmiente

Carlos Marzal

No es que el mundo esté bien: es que no existe.
No hay nada alrededor:
sólo tu sueño.
Nada tiene más ley que tu abandono,
tu suave abjuración ,
la dulce apostasía que te ausenta.
No hemos fundado el mundo: nunca cambia.
Pero este cuadro es nuevo
-padre e hija-,
porque sólo el amor es diferente,
sin por ello dejar de ser lo mismo.
El anchuroso mundo, que no importa,
gravita en torno a ti: lo has imantado,
y vive irreprochable hacia tu brújula.
Lo innúmero se rinde a tu unidad sencilla.
Durmiente flor desnuda en mis palabras,
adormidera de los desencantos,
prístina amapola pálida.

De "Metales Pesados" 2001


A pequena adormecida

Não que o mundo esteja bem: é que não existe.
Não há nada ao redor:
só o teu sonho.
Nada tem mais lei que o teu abandono,
tua suave abjuração
a doce apostasia que te ausenta.
Não fundamos o mundo: nunca muda.
Porém, este quadro é novo
-Pai e filha-
porque só o amor é diferente
sem por ele deixar de ser o mesmo.
O alargado mundo, que não importa
gravita em torno de ti: o hás imantado,
e vive irreprovável até tua bússola.
O inúmero se rende à tua sensível unidade.
Adormecida flor nua em minhas palavras,
adormecedora dos desencantos,
original papoula branca.

Ilustração: http://ricardoncalves.blogspot.com/2010/06/bela-viana-adormecida.html

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