Eu sempre me pensei
como assim sou:
um ser que vive a se transformar
na busca inútil d'à perfeição chegar
sem a mínima chance de assim ser.
Se comportando sem o perceber
com os modos mais sutis e imperfeitos.
É verdade que vivo a vida, cá no peito,
E, no pensamento, o mundo carrego
tanto que tudo quanto nego
da forma mais veemente e exacerbada
pode, amanhã, ser a minha estrada,
desejo, busca, e bandeira empunhada.
Muitos pensam que minha vida é uma brincadeira
e veem, minha seriedade, com um espanto
de quem me ouve cantar, se alguma vez canto,
como um exercício de inutilidade.
Nem mesmo sei, se um Deus há,
ou porquê me deixou chegar a esta idade
como um menino, na curiosidade
e na infantilidade,
que não sabe o que fazer com o seu brinquedo
e, amando tanto, do amor tem medo.
Ilustração: jesuscidadederefugio.com.br
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