Wednesday, October 23, 2013

Ode ao Amarelinho Bar

 


O Amarelinho já ficou maduro

(como os chopes que vão de claro a escuro)

de tanto me ver.

Aqui chopes já bebi,

mulheres já beijei,

tantas coisas fiz

que já nem mesmo sei.

Mas, não era este bar,

não eram estas pessoas,

embora o bar seja o mesmo

e a mesma conversa à-toa.

Volto novamente ao bar 

talvez só pelo desejo de tentar

matar tanta saudade,

de voltar, por um momento, ao clima de outrora

quando era um ser destinado para a glória

com todas as ilusões que a vida prometia.

Com tanto tempo passado,

me sinto meio deslocado
 
sem um amigo do lado
 
com um corpo velho e pesado

de gorduras e lembranças.
 
Só renovo as esperanças

ao ver que é o mesmo bar amarelado,

mas, hoje, sem tanta ilusão,

bebo  o chope frio da consolação,

e, apesar de ter gostado,

me parece tudo envolto
 
por um véu de ironia

ainda que o Amarelinho,

esteja quase do mesmo jeito
 
e conserve a fantasia

de um mundo quase perfeito
 
percebo que tudo mudou,

pois, o garçom que me servia

não mais me reconheceu...
 
e, mesmo sendo mais moço,
 
está mais velho que eu
 
que até mesmo parece
 
que foi ele quem a vida toda bebeu.

 
Ilustração: blog.stalker.com.br

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