Ya no seré feliz
Jorge Luis Borges
I
Ya no es mágico el mundo. Te han dejado.
Ya no es mágico el mundo. Te han dejado.
Ya no compartirás la clara luna
ni los lentos jardines. Ya no hay una luna
que no sea espejo del pasado,
cristal de soledad, sol de agonías.
Adiós las mutuas manos y las sienes
que acercaba el amor. Hoy sólo tienes
la fiel memoria y los desiertos días.
Nadie pierde (repites vanamente)
sino lo que no tiene y no ha tenido
nunca, pero no basta ser valiente
para aprender el arte del olvido.
Un símbolo, una rosa, te desgarra
y te puede matar una guitarra.
II
Ya no seré feliz. Tal vez no importa.
Hay tantas otras cosas en el mundo;
un instante cualquiera es más profundo
Hay tantas otras cosas en el mundo;
un instante cualquiera es más profundo
y diverso que el mar. La vida es corta
y aunque las horas son tan largas, una
oscura maravilla nos acecha,
la muerte, ese otro mar, esa otra flecha
que nos libra del sol y de la luna
y del amor. La dicha que me diste
y me quitaste debe ser borrada;
lo que era todo tiene que ser nada.
Sólo que me queda el goce de estar triste,
esa vana costumbre que me inclina
al Sur, a cierta puerta, a cierta esquina.
JÁ NÃO SEREI FELIZ
Já não é mágico o mundo. Só fostes deixado.
Já não compartilhas da clara lua
nem dos jardins lentos. Já não há uma lua
que não seja um espelho do passado,
cristal de solidão, sol das agonias.
Adeus das mútuas mãos e as temperas
que cercavam o amor. Hoje só guardas
a fiel memória e o deserto dos dias.
Nada se perde (repetes vãmente)
Senão o que não tem e não há tido,
porém não é bastante ser valente
para aprender a arte do esquecimento.
Um símbolo, uma rosa, te desgarra
e tu podes matar uma guitarra.
II
Já não serei feliz. Talvez não importa.
Há muitas outras coisas neste mundo;
um momento qualquer é mais profundo
e diverso do que o mar. A vida é curta
e ainda que as horas sejam tão largas, uma,
escura maravilha nos busca tão certa,
a morte, este outro mar, esta outra seta
que nos livra do sol e a lua, em suma,
e do amor. A felicidade que me destes
e tomastes deve ser apagada;
o que era tudo tem que ser nada.
Só o que me resta é o gozo de estar triste,
este costume vão que me inclina
para o sul, para certa porta, para certa esquina.
JÁ NÃO SEREI FELIZ
Já não é mágico o mundo. Só fostes deixado.
Já não compartilhas da clara lua
nem dos jardins lentos. Já não há uma lua
que não seja um espelho do passado,
cristal de solidão, sol das agonias.
Adeus das mútuas mãos e as temperas
que cercavam o amor. Hoje só guardas
a fiel memória e o deserto dos dias.
Nada se perde (repetes vãmente)
Senão o que não tem e não há tido,
porém não é bastante ser valente
para aprender a arte do esquecimento.
Um símbolo, uma rosa, te desgarra
e tu podes matar uma guitarra.
II
Já não serei feliz. Talvez não importa.
Há muitas outras coisas neste mundo;
um momento qualquer é mais profundo
e diverso do que o mar. A vida é curta
e ainda que as horas sejam tão largas, uma,
escura maravilha nos busca tão certa,
a morte, este outro mar, esta outra seta
que nos livra do sol e a lua, em suma,
e do amor. A felicidade que me destes
e tomastes deve ser apagada;
o que era tudo tem que ser nada.
Só o que me resta é o gozo de estar triste,
este costume vão que me inclina
para o sul, para certa porta, para certa esquina.
1 comment:
Quanto sentimento unindo Borges...aos nossos devaneios...Beijos carinhosos com saudades.
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