Friday, June 03, 2011

Neruda por te querer...


Soneto LXVI

Pablo Neruda

No te quiero sino porque te quiero
y de quererte a no quererte llego
y de esperarte cuando no te espero
pasa mi corazón del frío al fuego.

Te quiero sólo porque a ti te quiero,
te odio sin fin, y odiándote te ruego,
y la medida de mi amor viajero
es no verte y amarte como un ciego.

Tal vez consumirá la luz de enero,
su rayo cruel, mi corazón entero,
robándome la llave del sosiego.

En esta historia sólo yo me muero
y moriré de amor porque te quiero,
porque te quiero, amor, a sangre y fuego.

Soneto LXVI

Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
pula meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque é a ti que quero,
te odeio sem fim e a odiar te rogo,
e a medida de meu amor passageiro
é não te ver e te amar como um cego.

Talvez consumirá a luz de algum janeiro,
com seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só sou eu quem morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

Ilustração: http://dembiskipoesias.blogspot.com/2010/01/que-fogo-e-este.html

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