Thursday, December 11, 2008

ALLEN GINSBERG


Psalm IV

by Allen Ginsberg

Now I'll record my secret vision, impossible sight of the face of God:
It was no dream, I lay broad waking on a fabulous couch in Harlem
having masturbated for no love, and read half naked an open book of Blake
on my lap
Lo & behold! I was thoughtless and turned a page and gazed on the living
Sun-flower
and heard a voice, it was Blake's, reciting in earthen measure:
the voice rose out of the page to my secret ear never heard before-
I lifted my eyes to the window, red walls of buildings flashed outside,
endless sky sad Eternity
sunlight gazing on the world, apartments of Harlem standing in the
universe--
each brick and cornice stained with intelligence like a vast living face--
the great brain unfolding and brooding in wilderness!--Now speaking
aloud with Blake's voice--
Love! thou patient presence & bone of the body! Father! thy careful
watching and waiting over my soul!
My son! My son! the endless ages have remembered me! My son! My son!
Time howled in anguish in my ear!
My son! My son! my father wept and held me in his dead arms.

1960

Salmos IV

Agora irei recordar minha visão secreta, a impossível visão da face de Deus:
Não foi um sonho, eu abri os olhos num amplo e fabuloso sofá no Harlem
tendo me masturbado por não ter amor, e lido metade de um livro aberto de Blake, nu de meias, no meu colo
Lo & eis aí! Fui imprudente e virei uma página e olhei sobre a vida
num domingo em flor
e ouvi uma voz, era Blake, recitando no térreo sob medida:
a voz subindo para fora da página para meus secretos ouvidos nunca antes desvirginados -
Eu levantei os olhos para as janelas, paredes vermelhas relampejantes do exterior dos edifícios, sob um interminável céu triste de eternidade
a luz solar nascendo sobre o mundo, os apartamentos no Harlem de pé
sobre o universo-
cada tijolo e cornija colocados com inteligência como um vasto rosto vivído-
o grande cérebro com os pensamentos se desdobrando pelo deserto! - Agora falando
em voz alta com a voz de Blake -
Amor! Teu paciente presente de carne e osso! Pai! Tão cuidadoso
assistindo e esperando a minha alma!
Meu filho! Meu filho! As intermináveis idades têm te relembrado! Meu filho! Meu filho!
Quanto tempo de gritos de angústia no meu ouvido!
Meu filho! Meu filho! Meu pai chorou e ergueu-me em seus braços mortos.

Ilustração: http://eugenio.toledo.zip.net/images/salmo143.jpg

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