Um dia, um certo momento,
tudo é estranho.
Estranhos são teus filhos.
Estranha tua estranha mulher.
Tua amante, uma estranha.
Tudo estranho como estranho
É o estranho olhar
Do estranho rosto no espelho,
estranho objeto,
Que estranhamente identificas
como teu.
Estranho como tudo se perdeu
neste mundo de estranhamento.
Há um momento
Breve de reconhecimento
na memória
em que este passado estranho
se esclarece
como da tua estranha vida.
E estranhas ainda mais
Que o estranho te pareça tão
familiar
Como se o comum fosse ser
estranho.
E não podes continuar:
Todas as coisas,
inclusive as palavras,
São estranhas.

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