Saturday, April 19, 2025

Outra poesia de Humberto Díaz Casanueva

 


LA VISIÓN

Humberto Díaz Casanueva

Yacía obscuro, los párpados caídos hacia lo terrible
acaso con el fin del mundo, con estas dos manos insomnes
entre el viento que me cruzaba con sus restos de cielo.
Entonces ninguna idea tuve, en una blancura enorme
se perdieron mis sienes como desangradas coronas
y mis huesos resplandecieron como bronces sagrados.
Tocabas aquella cima de donde el alba mana suavemente
con mis manos que traslucían un mar en orden mágico.
Era el camino más puro y era la luz ya sólida
por aguas dormidas, resbalaba hacia mis orígenes
quebrando mi piel blanca, sólo su aceite brillaba.
Nacía mi ser matinal, acaso de la tierra o del cielo
que esperaba desde antaño y cuyo paso de sombra
apagó mi oído que zumbaba como el nido del viento.
Por primera vez fui lúcido mas sin mi lengua ni mis ecos
sin lágrimas, revelándome nociones y doradas melodías;
solté una paloma y ella cerraba mi sangre en el silencio,
comprendí que la frente se formaba sobre un vasto sueño
como una lenta costra sobre una herida que mana sin cesar.
Eso es todo, la noche hacía de mis brazos ramos secretos
y acaso mi espalda ya se cuajaba en su misma sombra.
Torné a lo obscuro, a larva reprimida otra vez en mi frente
y un terror hizo que gozara de mi corazón en claros cantos.
Estoy seguro que he tentado las cenizas de mi propia muerte,
aquellas que dentro del sueño hacen mi más profundo desvelo.

A VISÃO

Ele estava deitado no escuro, com as pálpebras caídas em direção ao terrível

talvez com o fim do mundo, com essas duas mãos sem dormir

entre o vento que me atravessou com seus restos de céu.

Então eu não tinha ideia, numa brancura enorme

minhas têmporas estavam perdidas como coroas sangrentas

e meus ossos brilhavam como bronze sagrado.

Você tocou aquele pico de onde o amanhecer flui suavemente

com minhas mãos que revelaram um mar em ordem mágica.

Era o caminho mais puro e era a luz já sólida

por águas paradas, deslizei em direção às minhas origens

rompendo minha pele branca, apenas seu óleo brilhava.

Meu ser matinal nasceu, talvez da terra ou do céu

que esperou há muito tempo e cuja passagem sombria

Ele desligou meu ouvido que zumbia como um ninho de vento.

Pela primeira vez fiquei lúcido mas sem a minha língua nem os meus ecos

sem lágrimas, revelando-me noções e melodias douradas;

Soltei uma pomba e ela fechou meu sangue em silêncio,

Compreendi que a testa era formada sobre um vasto sonho

como uma crosta lenta numa ferida que escorre incessantemente.

Isso é tudo, a noite fez dos meus braços buquês secretos

e talvez minhas costas já estivessem se contorcendo em sua própria sombra.

Voltei para a escuridão, para uma larva reprimida novamente em minha testa

e o terror me fez alegrar meu coração em canções claras.

Tenho certeza de que provei as cinzas da minha própria morte,

aqueles que dentro do sonho me causam a mais profunda insônia.

Ilustração: Mundo Maior Editora.

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