Wednesday, December 03, 2025

Brincando com Pitágoras

 

PYTHAGOREAN ALLEGORY


                                    And the world, now, seems square even to                                            those who abuse the hypotenuse!!

Silvio Persivo

Pythagoras, the wise man, thought from diverse angles,

He lived surrounded by triangles, but nothing loving.


He thought numbers were the primordial essence,

Of life, of the universe, of the universal whole.


However, I confess that I know little of his theories,

Even though I am inspired by his visionary ideas.


For music, according to him, must have proportions,

And, on this point, this apprentice has the same illusions.


Ah, Pythagoras, how your figure fascinates me,

And to found a religious community, what a fate!


I also know nothing about the transmigration of souls,

Although for those who know of the beyond, I applaud!


I know I will never be a master or leave a legacy,

Even if surrounded by books and words, embraced.


For my pleasure is wine, the gentle intoxication,

The way to elevate myself and wisdom is not for me.


Yes, I know wine is a philosophy in its essence,

A nectar that ennobles, awakens the conscience.


I don't even know if he drank it or much of what he did

And we are alike, as far as I know, only in not speaking English!


Os poetas andaluzes de agora, Rafael Alberti

 


BALADA PARA LOS POETAS ANDALUCES DE AHORA

Rafael Alberti

¿Qué cantan los poetas andaluces de ahora?

¿Qué miran los poetas andaluces de ahora?

¿Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

 

Cantan con voz de hombre, ¿pero dónde los hombres?

Con ojos de hombre miran, ¿pero dónde los hombres?

Con pecho de hombre sienten, ¿pero dónde los hombres?

 

Cantan, y cuando cantan parece que están solos.

Miran, y cuando miran parece que están solos.

Sienten, y cuando sienten parece que están solos.

 

¿Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie?

¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?

¿Que en los mares y campos andaluces no hay nadie?

 

¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta?

¿Quien mire al corazón sin muros del poeta?

¿Tantas cosas han muerto que no hay más que el poeta?

 

Cantad alto. Oiréis que oyen otros oídos.

Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.

Latid alto. Sabréis que palpita otra sangre.

 

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo

encerrado. Su canto asciende a más profundo

cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres.

 

¿Qué cantan los poetas andaluces de ahora?

¿Qué miran los poetas andaluces de ahora?

¿Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

 

Cantan con voz de hombre, ¿pero dónde los hombres?

Con ojos de hombre miran, ¿pero dónde los hombres?

Con pecho de hombre sienten, ¿pero dónde los hombres?

 

Cantan, y cuando cantan parece que están solos.

Miran, y cuando miran parece que están solos.

Sienten, y cuando sienten parece que están solos.

 

¿Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie?

¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?

¿Que en los mares y campos andaluces no hay nadie?

 

¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta?

¿Quien mire al corazón sin muros del poeta?

¿Tantas cosas han muerto que no hay más que el poeta?

 

Cantad alto. Oiréis que oyen otros oídos.

Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.

Latid alto. Sabréis que palpita otra sangre.

 

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo

encerrado. Su canto asciende a más profundo

cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres.

BALADA PARA OS POETAS ANDALUZES DE AGORA

O que cantam os poetas andaluzes de agora?

O que olham os poetas andaluzes de agora?

O que sentem os poetas andaluzes de agora?

 

Cantam com a voz de um homem, mas onde estão os homens?

Com os olhos de homem olham, mas onde estão os homens?

Com o peito de homem sentem, mas onde estão os homens?

 

Cantam, e quando cantam parece que estão sós.

Olham, e quando olham parece que estão sós.

Sentem, e quando sentem parece que estão sós.

 

Será que a Andaluzia ficou sem ninguém?

Por acaso nas montanhas andaluzas não há mais ninguém?

Nos mares e campos andaluzes não há mais ninguém ?

 

Não há mais quem responda à voz do poeta?

Quem olhe para o coração sem muros do poeta?

Tantas coisas morreram que não há nada mais que o poeta?

 

Cante em voz alta. Ouvirás que ouvem outros ouvidos.

Olhe para o alto. Verás que olham outros olhos.

Bata alto. Saberás que palpita outro sangue.

 

Não é mais fundo o poeta no seu escuro subsolo

fechado. Seu canto ascende às maiores profundezas

quando, aberto ao ar, já é de todos os homens.  

Ilustração: Macarfi.com.

Tuesday, December 02, 2025

Coração Leve

 


Meu coração se acelera sem motivo

com o amor brotando pela pele

e sonho com momentos mais felizes

 

não entendo como a vida não pode ser

o que deveria ser, a festa dos desejos

satisfeitos, dos amores realizados,

 

pois o coração feliz pesa muito pouco, e leve,

dispara como um foguete cheio de vida

com o sabor do encontro, uns beijos nas manhãs

 

e o tempo, que escorrega pelas janelas,

                           feliz passa numa correria,

                         e, de verdade, só queria,

preservar os momentos de prazer

quando o coração fica sem peso

e tudo fica doce com o amor,

 que me tens e o teu olhar de amor para mim.

Ilustração: Dreamstime.

 

Monday, December 01, 2025

Um poema de Esther Lin

  


AZALEAS

Esther Lin

appear in all the early photos.
My arms belted around my mother,
only the top of my head seen
because she has spoken sharply
and now resorts to begging.
“Your father hasn’t seen you
in eight weeks. Smile. Smile!”
I am too sad or sick to obey
and she makes that sound
between her teeth that
signals the end of a unit
of patience. I release her
and dash off. What follows
I don’t remember. Only after,
dawdling along the hedge,
touching the little flaring flowers.
There are so many that as I run
my hand along, I meet more,
nothing else. The top of my head
is hot from sun. I understand
I am two girls. The one my mother
wants and the one who lives only
among her own kind.

AZALÉIAS

aparecem em todas as fotos mais antigas.

meus braços envolveram minha mãe,

somente se vê o topo da minha cabeça

porque ela havia falado rispidamente

e agora lançou mão de início.

“Seu pai não tem te visto

em oito semanas. Sorria. Sorria!"

Estou muito triste ou doente para obedecer

e ela faz aquele som

entre os dentes que

sinaliza o fim de uma unidade

de paciência. Eu a libero

e desço. O que se segue

não me lembro. Só depois,

vagando pela cerca,

tocando as pequenas flores flamejantes.

Há tantas que, enquanto eu corro,

minha mão sobre elas. Eu encontro mais,

nada mais. O topo da minha cabeça

está quente do sol. Eu compreendo

Eu sou duas meninas. Aquela que minha mãe

quer e aquela que vive só

entre os da sua própria espécie.

Ilustração: The Martha Stewart Blog.