Olhou o retrato da juventude,
Desgastado pelo tempo,
No porta-retrato
E suspirou lembrando
A beleza distante
Não sem um pouco de remorso,
Sem pensar que tudo havia passado em vão.
Por um momento
Recordou do bêbado ousado
Que a convidou para se iniciar
Nas delícias da carne por trás dos muros da igreja
Que reprimira com dureza e escárnio.
Tão seletiva tinha sido!
Tão orgulhosa!
E contemplando sua velhice só,
Sem pecado e sem gozo,
Sentiu uma lágrima escorrer
Por sua face, agora, rugosa,
Mas uma réstia de luz do sol,
Vinda lá de fora,
Prenunciava a noite
E o tanger do sino
Parecia dizer
Que era tarde...
Muito tarde.
1 comment:
Silvio: de uma tristeza casta essa poesia.Como se o tempo carregasse os pedaços dessa mulher...a deixando sem nada.
Adorei...a expressão maior dos seus escritos!
B-jim de boa noite .
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