Friday, January 19, 2007

BORGES SEMPRE BORGES


Final de año

Jorge Luis Borges

Ni el pormenor simbólico
de reemplazar un tres por un dos
ni esa metáfora baldia
que convoca um lapso que muere y outro que surge
ni el cumplimiento de un proceso astronómico
aturden y socavan
la altiplanicie de esta noche
y nos obligan a esperar
las doce irreparables campanadas.
La causa verdadera
es la sospecha general y borrosa
del enigma del Tiempo:
es el asombro ante el milagro
de que a despecho de infinitos azares,
de que a despecho de que somos
las gotas del rio de Heráclito,
perdure algo en nosotros;
Inmóvil,
algo que no encontró lo que buscaba.


Fim de ano

Nem o detalhe simbólico
de substituir três por dois
nem a metáfora inútil
que provoca um lapso entre um que morre e o outro que se levanta
nem o cumprimento de um processo astronômico
aturdem e enterram
os altiplanos desta noite
e nos obrigam a esperar
as doces e irreparáveis tocaias.
A causa verdadeira
é a suspeita geral e nebulosa
do enigma do Tempo:
é o assombro ante o milagre
de que a despeito dos infinitos acasos,
de que a despeito de que somos
as gotas do rio de Heráclito,
perdure algo em nós;
Imóvel,
algo que não encontrou o que buscava.

1 comment:

Lia Noronha &Silvio Spersivo said...

Fim de ano...ou começo de um outro ano...datas e registros apenas...que na poesia...inexistem...obrigada pela carinhosa visita...que deixou o meu Cotidiano muito mais feliz!!!
Bjin con carin de fim de semana .