Pretensão
Eu queria gostar de você
Com o sentimento dos jardineiros
Que cultivam rosas sem pensar
No tempo que vai embora.
Eu queria gostar de você
Sem que a passagem das horas
Me desse este temor de que o amanhã
Nunca vá acontecer
Senão como tempo inexistente
Eu queria gostar de você
Tão calmamente
Que o tempo resolvesse parar
Como única forma de respeitar
A significação de um amor
Que tem tudo de vulcão
E desliza como manso rio.
Eu queria gostar de você
Como gosto:
Por puro desafio.
Ilustração: http://www.stelinha.blogger.com.br/heart.jpg
Tuesday, September 30, 2008
Monday, September 29, 2008
SÓ MOSQUEIRO NOS SALVARÁ!
Poemeto da promessa
Nem me importa se chova
Ou faça sol
Qualquer dia
Nos encontraremos sob as árvores
Do Hotel Farol
Para falar de coisas banais,
Pois, talvez o desejo
Já não exista mais
Ou um simples beijo nos traga a paz.
Não importa muito o tempo
Nem a razão
Se somente a loucura
Nos torna são.
Nem me importa se chova
Ou faça sol
Qualquer dia
Nos encontraremos sob as árvores
Do Hotel Farol
Para falar de coisas banais,
Pois, talvez o desejo
Já não exista mais
Ou um simples beijo nos traga a paz.
Não importa muito o tempo
Nem a razão
Se somente a loucura
Nos torna são.
Ilustração: flickr.com/photos/leonovoa/172376536/
Wednesday, September 24, 2008
FAZ MUITO TEMPO...
Completamente perdido
Eu tentei me salvar de ti
Singrando mares que nunca vi
Me perdendo pelos caminhos
Como quem anda por terras estranhas
Sem saber o que é um mapa.
Eu tentei me salvar de ti
Mentindo que não senti
Vestindo máscara e capa
Com tamanhas artimanhas
Que, como um bobo da corte, ri
Do desprezo e da impotência
Que sem teu amor vivi
Perdido na inconsciência.
Eu tentei me salvar de ti
Singrando mares que nunca vi
Me perdendo pelos caminhos
Como quem anda por terras estranhas
Sem saber o que é um mapa.
Eu tentei me salvar de ti
Mentindo que não senti
Vestindo máscara e capa
Com tamanhas artimanhas
Que, como um bobo da corte, ri
Do desprezo e da impotência
Que sem teu amor vivi
Perdido na inconsciência.
NEM TUDO É DOCE
REVIVAL
Tuesday, September 23, 2008
STEVENS, O MAGNÍFICO
Metaphors of a Magnifico
Wallace Stevens
Twenty men crossing a bridge,
Wallace Stevens
Twenty men crossing a bridge,
Into a village,
Are twenty men crossing twenty bridges,
Into twenty villages,
Or one manCrossing a single bridge
into a village.
This is old song
That will not declare itself . . .Twenty men crossing a bridge,Into a village,
AreTwenty men crossing a bridge
Into a village.
That will not declare itself
Yet is certain as meaning . . .
The boots of the men clump
On the boards of the bridge.
The first white wall of the village
Rises through fruit-trees.
Of what was it I was thinking?
So the meaning escapes.
The first white wall of the village...
The fruit-trees...
Metáforas de um Magnífico
Vinte homens atravessam uma ponte,
Rumo a uma vila,
São vinte homens atravessando vinte pontes,
Rumo a vinte vilas,
Ou um homem
Que atravessa uma ponte em uma única vila.
Esta é a velha canção
A qual você nunca cantará para si mesmo...
Vinte homens atravessando uma ponte,
Rumo a uma vila,
São Vinte homens cruzando uma ponte
Rumo a uma vila.
Que não irão dizer a si mesmo
Ainda qual o significado certo. . .
As botas dos homens rangem
Sobre as tábuas da ponte.
A primeira parede branca da vila
Sobe através das árvores frutíferas.
O que estava eu estava pensando?
Assim o significado me escapa.
A primeira parede branca da vila...
As árvores frutíferas...
Monday, September 22, 2008
A TRAIÇÃO DE UMA TRAIÇÃO
ANÁLISIS TARDÍO
(Fin de los años sesenta) ou, como tudo é sempre igual, pode ser também do Século XXI
Pier Paolo Pasolini
Sé bien, sé bien que estoy en el fondo de la fosa;
(Fin de los años sesenta) ou, como tudo é sempre igual, pode ser também do Século XXI
Pier Paolo Pasolini
Sé bien, sé bien que estoy en el fondo de la fosa;
que todo aquello que toco ya lo he tocado;
que soy prisionero de un interés indecente;
que cada convalecencia es una recaída;
que las aguas están estancadas y todo tiene sabor a viejo;
que también el humorismo forma parte del bloque inamovible;
que no hago otra cosa que reducir lo nuevo a lo antiguo;
que no intento todavía reconocer quién soy;
que he perdido hasta la antigua paciencia de orfebre;
que la vejez hace resaltar por impaciencia sólo las miserias;
que no saldré nunca de aquí por más que sonría;
que doy vueltas de un lado a otro por la tierra como una bestia enjaulada;
que de tantas cuerdas que tengo he terminado por tirar de una sola;
que me gusta embarrarme porque el barro es materia pobre y por lo tanto pura;
que adoro la luz sólo si no ofrece esperanza.
Versión de Hugo Beccacece
Análise tardia
(Fim dos anos sessenta)
Sei bem que estou no fundo da fossa;
Que tudo aquilo que toco já foi tocado.
Que sou prisioneiro de desejos indecentes;
Que cada convalescência é uma recaída;
Que as águas estão estancadas e tudo tem sabor antigo;
Que também o humorismo forma parte do bloco inamovivel;
Que não faço outra coisa senão reduzir o novo ao antigo;
Que não tento senão reconhecer quem sou
Que já perdi até a antiga paciência de Jô;
Que a velhice me faz ressaltar, por impaciência, somente as misérias;
Que não sairei nunca daqui por mais que sorria;
Que dou voltas de um lado a outro pela terra como uma fera enjaulada;
Que, de tantas cordas que tenho, terminei por me prender numa só.
Que gosto de me enlamear porque o barro é matéria pobre e, portanto, pura;
Que adoro a luz somente se não oferece nenhuma esperança.
Análise tardia
(Fim dos anos sessenta)
Sei bem que estou no fundo da fossa;
Que tudo aquilo que toco já foi tocado.
Que sou prisioneiro de desejos indecentes;
Que cada convalescência é uma recaída;
Que as águas estão estancadas e tudo tem sabor antigo;
Que também o humorismo forma parte do bloco inamovivel;
Que não faço outra coisa senão reduzir o novo ao antigo;
Que não tento senão reconhecer quem sou
Que já perdi até a antiga paciência de Jô;
Que a velhice me faz ressaltar, por impaciência, somente as misérias;
Que não sairei nunca daqui por mais que sorria;
Que dou voltas de um lado a outro pela terra como uma fera enjaulada;
Que, de tantas cordas que tenho, terminei por me prender numa só.
Que gosto de me enlamear porque o barro é matéria pobre e, portanto, pura;
Que adoro a luz somente se não oferece nenhuma esperança.
ATÉ NO TEMA
ESQUECIMENTO DIGITAL
MEMÓRIA INSUFICIENTE
Não me envie mais e-mails.
Por favor, não encha
Minha caixa com imagens
Que meus programas não reconhecem.
Confesso que sou meio antigo, lento
E conservo velhos softs
Que não abrem
Os arquivos novos que me manda
tão modernos.
Apago logo seus PPTs ternos.
De Orkut não quero mais saber.
Me afastei de MSN por causa de você
E de You Tube só gostei para lhe agradar.
Já no Skipe nunca mais vou pegar
E até sonho em me isolar
Não me envie mais e-mails.
Por favor, não encha
Minha caixa com imagens
Que meus programas não reconhecem.
Confesso que sou meio antigo, lento
E conservo velhos softs
Que não abrem
Os arquivos novos que me manda
tão modernos.
Apago logo seus PPTs ternos.
De Orkut não quero mais saber.
Me afastei de MSN por causa de você
E de You Tube só gostei para lhe agradar.
Já no Skipe nunca mais vou pegar
E até sonho em me isolar
em Mosqueiro, no Pará.
Enfim vou aposentar,
Se alguma vez tive,
O meu lado internauta
Por causa de meu coração tão magoado.
Preciso retirar teu nome da minha pauta
Como quem apaga um histórico grande e errado
Só porquê meu hard
Não tem mais memória para você!
Enfim vou aposentar,
Se alguma vez tive,
O meu lado internauta
Por causa de meu coração tão magoado.
Preciso retirar teu nome da minha pauta
Como quem apaga um histórico grande e errado
Só porquê meu hard
Não tem mais memória para você!
Saturday, September 20, 2008
Wednesday, September 17, 2008
MELHOR NÃO EXPLICAR
Explicação
Por seres infantil na tua doçura
Conquistada pelas graças do pecado
È que, na mulher, vejo a menina pura
Como águas de um lago indevassado.
Por seres de uma inocência tão patente
Leve, que se danças até flutuas,
Não explica porque navegas mansamente
Ainda quando brilham as carnes nuas.
E porque não há razão no sentimento,
Embora no sentimento haja razão,
Me embrulho na paixão e no momento.
Sei que explicar, às vezes, é tão vão
Como captar em palavras o movimento:
Melhor deixar falar toda a emoção.
Por seres infantil na tua doçura
Conquistada pelas graças do pecado
È que, na mulher, vejo a menina pura
Como águas de um lago indevassado.
Por seres de uma inocência tão patente
Leve, que se danças até flutuas,
Não explica porque navegas mansamente
Ainda quando brilham as carnes nuas.
E porque não há razão no sentimento,
Embora no sentimento haja razão,
Me embrulho na paixão e no momento.
Sei que explicar, às vezes, é tão vão
Como captar em palavras o movimento:
Melhor deixar falar toda a emoção.
Saturday, September 13, 2008
UM POEMINHA DO CHARLES
Finish
Charles Bukowski
Charles Bukowski
We are like roses that have never bothered to
bloom when we should have bloomed and
it is as if
the sun has become disgusted with
waiting
Acabados
Nós somos como rosas que nunca chegaram a brotar,
se tornar botão, quando devíamos ter florescido e é como se o sol nos tivesse esturricado
durante a espera
Acabados
Nós somos como rosas que nunca chegaram a brotar,
se tornar botão, quando devíamos ter florescido e é como se o sol nos tivesse esturricado
durante a espera
OUTRO POEMA DE HUGDES
UM POEMA DE HUGHES
Dream Variations
Langston Hughes
To fling my arms wide
In some place of the sun,
To whirl and to dance
Till the white day is done.
Then rest at cool evening
Beneath a tall tree
While night comes on gently,
Dark like me-
That is my dream!
To fling my arms wide
In the face of the sun,
Dance! Whirl! Whirl!
Till the quick day is done.
Rest at pale evening...
A tall, slim tree...
Night coming tenderly
Black like me.
Variações do Sonho
Abro meus braços de forma ampla
Variações do Sonho
Abro meus braços de forma ampla
Em algum lugar do sol,
Para a vertigem e a dança
Até o dia branco está feito.
Então resta uma a noite fria
Sob uma grande arvore
Enquanto a noite vem suavemente,
Preta como eu - Este é o meu sonho!
Para abrir meus braços de forma ampla
Em face do sol,
Danço! Vertigem! Vertigem!
Até o dia é feito rápido.
Resta a pálida noite ...
Uma alta, esbelta árvore ...
A noite vem suavemente
Negra como eu.
Wednesday, September 10, 2008
A GRANDEZA DE SER
PAPEL
Sei que é muito difícl ser ator.
Claro que é fácil rir ou chorar,
Mas, interpretar está além
De ser o canastrão ou o zé ninguém
Que, na vida, sempre se é.
Ser ator
É coisa para Marlon Brando
Ou Meryl Streep.
Sem ficar nu
E continuar sendo quem se é
Quando se é outro.
Ser ator é como incorporar espirítos.
É ser outro no mesmo corpo.
Tuesday, September 09, 2008
POESIA DE HOJE
Epiphany
Carolina Maine
When the mind is darkened
Swells seem hastened
Only still is the heart
Beating not— for, time is an unruly dart
Chasing its path— ill defined
Until illumination of the spirit—in kind
All is revealed
When the body is receptive to all notions—unsealed
Swells seem hastened
Only still is the heart
Beating not— for, time is an unruly dart
Chasing its path— ill defined
Until illumination of the spirit—in kind
All is revealed
When the body is receptive to all notions—unsealed
Epifania
Quando o cerébro está nublado
As dores parecem se apressar
Só ainda é o coração
Batendo não-, para o tempo que é um dardo sem rumo
Caçando o seu caminho-mal definido
Sob a iluminação do espírito-em espécie
Tudo é revelado
Quando o corpo está receptivo a todas as noções-não reveladas
DIRETO DO CRISBLOGANDO
LA ORACIÓN DEL ATEO
Miguel de Unamuno
Oye mi ruego Tú, Dios que no existes,
Oye mi ruego Tú, Dios que no existes,
y en tu nada recoge estas mis quejas,
Tú que a los pobres hombres nunca dejas
sin consuelo de engaño. No resistes
a nuestro ruego y nuestro anhelo vistes.
Cuando Tú de mi mente más te alejas,
más recuerdo las plácidas consejas
con que mi alma endulzóme noches tristes.
¡Qué grande eres, mi Dios! Eres tan grande
que no eres sino Idea; es muy angosta
la realidad por mucho que se expande
para abarcarte. Sufro yo a tu costa,
para abarcarte. Sufro yo a tu costa,
Dios no existente, pues si Tú existieras
existiría yo también de veras.
A Oração do Ateu
Ouve a minha oração, Deus que não existes,
A Oração do Ateu
Ouve a minha oração, Deus que não existes,
e em ti nada recolhes das minhas queixas,
Tu aos pobres homens nunca deixas
sem a consolação do engano. Não resistes
a nossa prece e o nosso desejo vistes.
Quando Tu de minha mente mais se afastas,
Mais recordo os conselhos que gastas
com a minha alma adoçando em noites tristes.
Que grande és, meu Deus! Tu és grande
que não és senão idéia, é muito estreita
a realidade por muito que se expande
para abarcar-te. Eu sofro nas suas costas,
Deus não existente, pois, caso Tu exista
existiria eu também, deveras
Fonte: A poesia original de Unamano peguei do blog sempre bonito que é o Crisblogando (htpp://crisblogando.blogspot.com)
Fonte: A poesia original de Unamano peguei do blog sempre bonito que é o Crisblogando (htpp://crisblogando.blogspot.com)
UM POETA DA REPÚBLICA DOMINICANA
POUR TOI
Pedro Mir
Estoy de ti florecido
Estoy de ti florecido
como los tiestos de rosas,
estoy de ti tus cosas...
Menudo limo de amores
abona mis noches tuyas
y me florecen de sueños
como los cielos de luna...
Como tú mido los pasos
y la distancia es más corta,
hablo en tu idioma de amor
y me comprenden las rosas...
Es que ya estoy florecido.
Es que ya estoy floreciendo
de tus cosas.
Por Ti
Estou de ti florescido
Por Ti
Estou de ti florescido
como os vasos de rosas,
Estou de ti florescendo de tuas coisas ...
Miúdo adubo do amor
abona minhas noites tuas
e me florescem de sonhos
como nos céus a lua ...
Como tu meço os passos
e a distância é mais curta,
Falo em teu idioma de amor
E me compreendem as rosas ...
É que eu já estou florescido.
É que eu já estou florescendo
de tuas coisas.
SAUDADES...
Monday, September 08, 2008
SABOR PARA MIM
O MELHOR SABOR
Não há pecado nenhum
Na panela imensa
De garoupa com azeitonas pretas
ao manjericão.
Não. O pecado está no vinho tinto
Que adivinho ser gelado.
Não há nenhum problema
Em ter tanto apetite e sede.
Se os rigotonis de berinjela
estão deliciosos.
Teu olhar é o mais saboroso de todos os pratos.
Meu único desejo é a nudez da sobremessa.
PENSAMENTOS....
DESFAZENDO
Que tudo acontece por alguma razão
Acreditei sem razão nenhuma-
Isto me pareceu lógico.
No entanto também é tão racional
Que o acaso me pareceu irreal
E toda mágica inexistente
Poristo, mesmo tão inconsistente.
Nada pode ser tão pré-determinado
Me lembra Heisenberg
E, como tudo é relativo,
O destino é uma variável
Cheia de incógnitas.
Não há razão para coisa alguma.
VÔOS
Thursday, September 04, 2008
TEMPOS E NUVENS
Inconsistência
Há este céu,
Que também é o tempo,
Sempre quente,
Que cobre as casas.
Há a fumaça que jorra
Das florestas que já foram tapetes verdes
E as cinzas
Que se espalham pelo ar,
Sem parar, sem parar.
Sei que é preciso amar.
Hoje, no entanto, meu coração que bate tanto
Parece, como o tempo, parar.
Este é o nosso tempo
Que, ao mesmo tempo,
Já nem nosso é...
Depois do calor do momento
Há o frio esquecimento
E o nunca mais...
Como uma árvore que cai.
Na vida nada é sustentável.
Há este céu,
Que também é o tempo,
Sempre quente,
Que cobre as casas.
Há a fumaça que jorra
Das florestas que já foram tapetes verdes
E as cinzas
Que se espalham pelo ar,
Sem parar, sem parar.
Sei que é preciso amar.
Hoje, no entanto, meu coração que bate tanto
Parece, como o tempo, parar.
Este é o nosso tempo
Que, ao mesmo tempo,
Já nem nosso é...
Depois do calor do momento
Há o frio esquecimento
E o nunca mais...
Como uma árvore que cai.
Na vida nada é sustentável.
OUTRA POETA DA NICARÁGUA
LO INEFABLE
Delmira Agustini
Yo muero extrañamente... No me mata la Vida,
Yo muero extrañamente... No me mata la Vida,
no me mata la Muerte, no me mata el Amor;
muero de un pensamiento mudo como una herida.
¿No habéis sentido nunca el extraño dolor
de un pensamiento inmenso que se arraiga en la vida
devorando alma y carne, y no alcanza a dar flor?
¿Nunca llevasteis dentro una estrella dormida
que os abrasaba enteros y no daba fulgor...?
¡Cumbre de los Martirios...! ¡Llevar eternamente,
desgarradora y árida, la trágica simiente
clavada en las entrañas como un diente feroz...!
Pero arrancarla un día en una flor que abriera
milagrosa, inviolable... ¡Ah, más grande no fuera
tener entre las manos la cabeza de Dios!
O Inefável
Eu morro estranhamente....Não me mata a vida,
Não me mata a morte, não me mata o amor;
Morro de um pensamento mudo como uma ferida.
Não haveis sentido nunca tão estranha dor
De um pensamento imenso que se entranha na vida
Devorando alma e carne, e não chega a dar flor?
Nunca levastes dentro de ti uma estrela adormecida
Que se incendiava inteira e não dava fulgor?
Pico dos martírios...! Levar eternamente,
Desgarradora e árida, a trágica semente
Cravada nas entranhas como um dente feroz...!
Porém, arrancá-la um dia numa flor que se abriria
Milagrosa, inviolável...Ah!Maior nunca seria
Nem mesmo ter entre as mãos a cabeça de Deus!
O Inefável
Eu morro estranhamente....Não me mata a vida,
Não me mata a morte, não me mata o amor;
Morro de um pensamento mudo como uma ferida.
Não haveis sentido nunca tão estranha dor
De um pensamento imenso que se entranha na vida
Devorando alma e carne, e não chega a dar flor?
Nunca levastes dentro de ti uma estrela adormecida
Que se incendiava inteira e não dava fulgor?
Pico dos martírios...! Levar eternamente,
Desgarradora e árida, a trágica semente
Cravada nas entranhas como um dente feroz...!
Porém, arrancá-la um dia numa flor que se abriria
Milagrosa, inviolável...Ah!Maior nunca seria
Nem mesmo ter entre as mãos a cabeça de Deus!
UMA POETISA DA NICARÁGUA
Como Tinaja
Gioconda Belli
En los días buenos,
de lluvia,
los días en que nos quisimos
totalmente,
en que nos fuimos abriendo
el uno al otro
como cuevas secretas;
en esos días, amor
en mi cuerpo como tinaja
recogió toda el agua tierna
que derramaste sobre mí
y ahoraen estos días secos
en que tu ausencia duele
y agrieta la piel,
y el agua sale de mis ojos
llena de tu recuerdo
a refrescar la aridez de mi cuerpo
tan vacío y tan lleno de vos.
Como um pote
Nos bons dias de chuva
Nos dias em que nos quisemos
Totalmente
Em que fomos nos abrindo
Um para o outro
Como curvas secretas;
Nesses dias, o amor,
Em meu corpo como que
Recolheu toda a água terna
Que derramastes sobre mim
E agora, nestes dias secos,
Em que tua ausência dói
E resseca a pele,
A água sai de meus olhos
Plena de tua recordação
Como para refrescar a aridez de meu corpo
Tão vazio e tão pleno de ti.
Ilustração: http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=5&p=572&more=1&c=1
Como um pote
Nos bons dias de chuva
Nos dias em que nos quisemos
Totalmente
Em que fomos nos abrindo
Um para o outro
Como curvas secretas;
Nesses dias, o amor,
Em meu corpo como que
Recolheu toda a água terna
Que derramastes sobre mim
E agora, nestes dias secos,
Em que tua ausência dói
E resseca a pele,
A água sai de meus olhos
Plena de tua recordação
Como para refrescar a aridez de meu corpo
Tão vazio e tão pleno de ti.
Ilustração: http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=5&p=572&more=1&c=1
UM POETA DA REPÚBLICA DOMINICANA
COMO ME SIENTO
Iván Segarra Báez
Me siento como se siente el agua
Me siento como se siente el agua
entre mares de cenizas.
Mi fuerza es un ciclón
que choca contra el viento.
¡Será que soy de espuma,de silencios muertos!
Sé que no conozcolos gorriones sedientos.
Mi mundo es una playa sin orillas
y mi cuerpo tendido de azucenas
no conoce la desgracia
aunque la viva cerca.
¡Seré un marinero sin puerto,
un abismo suicida
que llorará sobre el tiempo!
¿Cómo me siento vida,
cómo me siento?
Como me sinto
Me sinto como se sente a água
Entre mares de cinzas.
Minha força é um ciclone
Que se choca contra o vento.
Será que sou espuma
De silêncios mortos!
Sei que não conheço
Os pássaros sedentos.
Meu mundo é uma praia sem areias
E meu corpo coberto de açucenas
Não conhece a desgraça
Ainda que seja uma cerca viva.
Serei um marinheiro sem porto,
Um abismo suicida
Que chorará sobre o tempo.
Como me sinto vida,
Como me sinto?
Ilustração: Site “Mundinho da Lisa”
Como me sinto
Me sinto como se sente a água
Entre mares de cinzas.
Minha força é um ciclone
Que se choca contra o vento.
Será que sou espuma
De silêncios mortos!
Sei que não conheço
Os pássaros sedentos.
Meu mundo é uma praia sem areias
E meu corpo coberto de açucenas
Não conhece a desgraça
Ainda que seja uma cerca viva.
Serei um marinheiro sem porto,
Um abismo suicida
Que chorará sobre o tempo.
Como me sinto vida,
Como me sinto?
Ilustração: Site “Mundinho da Lisa”
Tuesday, September 02, 2008
PANERO NOVAMENTE
EL ÚLTIMO ESPEJO
Leopoldo Maria Panero
Inspirado en una pesadilla que tuvo por nombre«Marava Domínguez Torán»
Todo aquel que atraviesa el corredor del Miedo
llega fatalmente al Último Espejo
donde una mujer abrazada a tu esqueleto nos muestra
cara a cara el infierno de los ojos sellados
de los ojos cerrados para siempre como en una máscara
de muerta representando en el más allá el teatro último:
así miré yo a los ojos que borraron mi alma
así he mirado yo un día que no existe en el Último Espejo
O Último Espelho
Todo aquele que atravessa o corredor do medo
Chega fatalmente ao ultimo espelho
Onde uma mulher abraçada ao esqueleto nos mostra
Cara a cara o inferno dos olhos cerrados
Dos olhos cerrados para sempre como uma máscara
De morta representando mais além do último teatro:
Assim olhei a todos que sujaram minha alma
Assim olhei eu um dia em que não mais existe no último espelho.
Leopoldo Maria Panero
Inspirado en una pesadilla que tuvo por nombre«Marava Domínguez Torán»
Todo aquel que atraviesa el corredor del Miedo
llega fatalmente al Último Espejo
donde una mujer abrazada a tu esqueleto nos muestra
cara a cara el infierno de los ojos sellados
de los ojos cerrados para siempre como en una máscara
de muerta representando en el más allá el teatro último:
así miré yo a los ojos que borraron mi alma
así he mirado yo un día que no existe en el Último Espejo
O Último Espelho
Todo aquele que atravessa o corredor do medo
Chega fatalmente ao ultimo espelho
Onde uma mulher abraçada ao esqueleto nos mostra
Cara a cara o inferno dos olhos cerrados
Dos olhos cerrados para sempre como uma máscara
De morta representando mais além do último teatro:
Assim olhei a todos que sujaram minha alma
Assim olhei eu um dia em que não mais existe no último espelho.
Monday, September 01, 2008
SAN JUAN DE LA CRUZ
Glosa de el mismo
San Juan de la Cruz
Sin arrimo y con arrimo,
sin luz y ascuras viviendo
todo me voy consumiendo.
I
Mi alma está desassida
de toda cosa criada
y sobre sí levantada
y en una sabrosa vida
sólo en su Dios arrimada.
II
Por esso ya se dirá
la cosa que más estimo
que mi alma se vee ya
sin arrimo y con arrimo.
III
Y aunque tinieblas padezco
en esta vida mortal
no es tan crecido mi mal
porque si de luz carezco
tengo vida celestial
porque el amor da tal vida
quando más ciego va siendo
que tiene al alma rendida
sin luz y ascuras viviendo.
IV
Haze tal obra el amor
después que le conocí
que si ay bien o mal en mí
todo lo haze de un sabor
y al alma transforma en sí
y assí en su llama sabrosa
la qual en mí estoy sintiendo
apriessa sin quedar cosa,
todo me voy consumiendo.
Glosa de si mesmo
Sem amparo e com amparo,
Sem luz e às escuras vivendo
Tudo vai me consumindo.
I
Minha alma esta desassistida
De toda a coisa criada
E sobre si levantada
Numa saborosa vida
Somente em Deus amparada.
II
Por isto assim se dirá
Que a coisa que mais estima
Que minha alma se vê já
Com amparo e sem amparo.
III
E ainda que na escuridão padeça
Nesta vida mortal
Não é tão crescido meu mal
Porque se de luz careço
Tenho a vida celestial
Porque por amor de tal vida
Quanto mais cego vou sendo
Quem tem a alma rendida
Sem luz e às escuras vai vivendo.
IV
Faz tal obra o amor
Depois que lhe conheci
Que se há bem ou mal em mim
Tudo tem maior sabor
E a alma se transforma em si
E assim sua chama saborosa
Apressa sem deixar coisa,
Tudo que sou consumindo.
San Juan de la Cruz
Sin arrimo y con arrimo,
sin luz y ascuras viviendo
todo me voy consumiendo.
I
Mi alma está desassida
de toda cosa criada
y sobre sí levantada
y en una sabrosa vida
sólo en su Dios arrimada.
II
Por esso ya se dirá
la cosa que más estimo
que mi alma se vee ya
sin arrimo y con arrimo.
III
Y aunque tinieblas padezco
en esta vida mortal
no es tan crecido mi mal
porque si de luz carezco
tengo vida celestial
porque el amor da tal vida
quando más ciego va siendo
que tiene al alma rendida
sin luz y ascuras viviendo.
IV
Haze tal obra el amor
después que le conocí
que si ay bien o mal en mí
todo lo haze de un sabor
y al alma transforma en sí
y assí en su llama sabrosa
la qual en mí estoy sintiendo
apriessa sin quedar cosa,
todo me voy consumiendo.
Glosa de si mesmo
Sem amparo e com amparo,
Sem luz e às escuras vivendo
Tudo vai me consumindo.
I
Minha alma esta desassistida
De toda a coisa criada
E sobre si levantada
Numa saborosa vida
Somente em Deus amparada.
II
Por isto assim se dirá
Que a coisa que mais estima
Que minha alma se vê já
Com amparo e sem amparo.
III
E ainda que na escuridão padeça
Nesta vida mortal
Não é tão crescido meu mal
Porque se de luz careço
Tenho a vida celestial
Porque por amor de tal vida
Quanto mais cego vou sendo
Quem tem a alma rendida
Sem luz e às escuras vai vivendo.
IV
Faz tal obra o amor
Depois que lhe conheci
Que se há bem ou mal em mim
Tudo tem maior sabor
E a alma se transforma em si
E assim sua chama saborosa
Apressa sem deixar coisa,
Tudo que sou consumindo.
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