Saturday, September 24, 2011

Mais uma vez Concha Garcia


Leve delicadeza

Concha García

No sé. Abro el buzón. Llegan
aquellas cosas mal puestas
en una silla o sobre ella.
Aturdirme de letras,
vivir tardíamente dos pasos
lo justo para intransitar lo cotidiano.
Verme en el espejo: sí, otro día.
Sí, son varios. Sí, fueron muchos.
No sé. Llegar, doblar la ropa
otear la casa, el interior de la casa,
de soslayo, y a veces de frente
sin dejar de examinarme. Es eso.
Sí es eso. La felicidad no tiene temblores
ni arquea días. Es eso. Fíjate
qué cotidiano. Qué leve delicadeza
casi a solas.

Leve delicadeza

Não sei. Abro a caixa de correio. Chegam
aquelas coisas mal postas
numa cadeira ou sobre ela.
As letras me atordoam
vivo tardiamente os passos
justo para intransitar o cotidiano.
Olho-me no espelho: sim, outro dia.
Sim, são vários. Sim, foram muitos.
Não sei. Chegar, dobrar a roupa
passear pela casa, no interior da casa,
de lado, e às vezes de frente
sem deixar de examinar-me. É isto.
Sim, é isto. A felicidade não tem tremores
nem escolhe os dias. É isto aí. Fixa-se
no cotidiano. Numa leve delicadeza
quase a sós.

1 comment:

Lia Noronha &Silvio Spersivo said...

Silvio: muita sensibilidade..como sempre no seu Viva poesia..amei!!bjus mil!!