Wednesday, December 07, 2011

Fabián Casas


SIN LLAVES Y A OSCURAS

Fabián Casas

Era uno de esos días en que todo sale bien.
Había limpiado la casa y escrito
dos o tres poemas que me gustaban.
No pedía más.

Entonces salí al pasillo para tirar la basura
y detrás de mí, por una correntada,
la puerta se cerró.
Quedé sin llaves y a oscuras
sintiendo las voces de mis vecinos
a través de sus puertas.
Es transitorio, me dije;
pero así también podría ser la muerte:
un pasillo oscuro,
una puerta cerrada con la llave adentro
la basura en la mano.

Sem chaves e às escuras

Foi um desses dias em que tudo vai bem.
Havia limpado a casa e escrito
dois ou três poemas que eu gostava.
Não pedia mais.

Então saí ao pátio para jogar fora o lixo
e atrás de mim, por uma corrente de ar,
a porta se fechou.
Fiquei sem chaves e às escuras
sentindo as vozes dos meus vizinhos
através das suas portas.
É passageiro, eu disse;
mas, assim também podia ser a morte:
um corredor escuro,
uma porta fechada com a chave dentro
e a cesta de lixo na mão.

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