Tuesday, December 31, 2024

POEMA DO ÚLTIMO DIA DO ANO

 


Os dias são todos iguais.

As semanas, os meses.

O ano novo não será diferente do antigo

se bem observado.

Será tão igual como foi o ano passado.

 

Então todo este frenesi de último dia de ano,

quando bem pesado, não muda nada na Natureza.

O sol amanhã, se não chover, será bem forte,

as ondas do mar virão molhar a praia

e, de noite, como sempre a lua, virá

com seus raios de luz, iluminar o espaço.

 

O ano novo, no fim é só, um humano estardalhaço

que se criou ao dividir o indivisível tempo.

E, indiferente aos homens, sabedor que, de fato,

um dia jamais será igual ao outro, nem sequer este minuto e o que está chegando, se diverte em fluir na sua passagem que se supõe eterna.

 

Deus lança os dados ao acaso e nem se preocupa com o resultado. Bem sabe que, seja ele qual for, os homens interpretarão tudo de seu modo. E nunca o mistério deixará de ser mistério e os tempos se cumprirão ao seu tempo.

 

Mas, hoje é o último dia do ano. E, contra todas as evidências, nós, humanos, criamos esta esperança, nem sempre falsa, de que as coisas irão mudar rasgando uma página do calendário.

Pelo sim, pelo não, me aquece o coração, pensar que o ano ser novo faz uma diferença enorme. E solto foguetes, brindo e saúdo o ano novo que vem cheio de esperança e de fé.

Olha aí, o ano novo chegando, mulher!!!!

Sunday, December 29, 2024

Uma poesia de D.H. Lawrence

 


NEW YEAR’S EVE

         D.H. Lawrence

There are only two things now,
The great black night scooped out
And this fire-glow.


This fire-glow, the core,
And we the two ripe pips
That are held in store.

 

Listen, the darkness rings
As it circulates round our fire.
Take off your things.

 

Your shoulders, your bruised throat!
Your breasts, your nakedness!
This fiery coat!

 

As the darkness flickers and dips,
As the fire flight falls and leaps
From your feet to your lips!

VESPÉRA DE ANO NOVO

Há somente duas coisas agora,

A grande noite negra escavada

E este brilho de fogo.

 

Este brilho de fogo, o núcleo,

E nós, os dois grãos maduros

Que são mantidos em estoque.

 

Escuta, a escuridão ressoa

Enquanto circula em volta do nosso fogo.

Pega suas coisas.


Seus ombros, sua garganta machucada!

Seus seios, sua nudez!

Este casaco de fogo!

 

Enquanto a escuridão tremeluz e mergulha,

Enquanto o voo de fogo cai e salta

Dos seus pés aos seus lábios!

Ilustração: Oceano de Letras.

Saturday, December 28, 2024

Feliz Ano Novo


O ano novo vem aí!

Quem sabe, supostamente, trazendo 

365 novas oportunidades 

de, em algum momento, 

sentirmos a sensação de ter felicidade. 

O novo ano está aí!

 Abrindo suas cortinas 

para o espetáculo da vida, 

para o inesperado dos instantes, 

para o amor, talvez, 

para o carinho 

e, se possível, para a delicadeza sempre.

O ano novo está chegando:

esperamos apenas que nos traga

um tempo de menos problemas 

e mais prosperidade. 

E, no fundo, queremos de verdade

que, nos seus dias, 

se realizem nossos sonhos!

Ilustração: Prefeitura Municipal de Lucélia.

O Feliz Ano Novo de Cortázar

 


HAPPY NEW YEAR

Julio Cortázar

Mira, no pido mucho,
solamente tu mano, tenerla
como un sapito que duerme así contento.
Necesito esa puerta que me dabas
para entrar a tu mundo, ese trocito
de azúcar verde, de redondo alegre.
¿No me prestas tu mano en esta noche
de fin de año de lechuzas roncas?
No puedes, por razones técnicas. Entonces
la tramo en el aire, urdiendo cada dedo,
el durazno sedoso de la palma
y el dorso, ese país de azules árboles.
Así la tomo y la sostengo, como
si de ello dependiera
muchísimo del mundo,
la sucesión de las cuatro estaciones,
el canto de los gallos, el amor de los hombres

FELIZ ANO NOVO

Olha, eu não peço muito,
somete tua mão, tê-la
como um sapinho que dorme assim contente.
Necessito esta porta que tu me davas
para entrar no teu mundo, este pedacinho
de açúcar verde, de redondo alegre.
Não me emprestas tua mão esta noite
de fim de ano das corujas roucas?
Não podes, por razões técnicas. Então
a tranço no ar, entrelaçando cada dedo,
o pêssego sedoso da palma
e atrás, aquele país de árvores azuis.
Assim a tomo e a sustento, como
se dela dependesse
muitíssimo do mundo,
a sucessão das quatro estações,
o canto dos galos, o amor dos homens.

Ilustração: Potinho de Mensagens.

Outra poesia de Fran Fernández Álvarez

 


Fran Fernández Álvarez

el habla contiene
un amor y una promesa
un olvido
una súplica
un lamento/
lo que se quiso.
dios está en el habla.
un ternero está en el habla.
una aguja y una herida
un tiro que atraviesa
todo/ está en el habla.
en el silencio
se hiela el caer calmo
de la huida celeste
se cubre de arena el camino.
solo hay una noche.

A fala contém

um amor e uma promessa

um esquecimento

uma súplica

um lamento/

o que se quiser.

Deus está na fala.

um bezerro está na fala.

uma agulha e uma ferida

um tiro que atravessa

tudo/está na fala.

no silêncio

se congela ao cair calmo

do voo celestial

se cobre de areia o caminho.

Só há uma noite.

Ilustração: Psicóloga Porto Alegre.

Wednesday, December 25, 2024

Uma poesia de Myrna Nieves


 

 MY DEAD RELATIVES

Myrna Nieves

All my loved ones are gone

 

Those who inhabited my distant town

 

How I miss

A moment of a glance

An enigmatic smile

That contagious laugh

The hand gently placed on a hip

The nodding head

The moment of empathy

When I felt loved and accepted

 

My dead relatives

 

Pulses of life that

Explode in an instant

Then fade away

Twinkling, flickering

In the air of the times

 

 

 

I will join them one day

I will cross the veil

Between palm trees and flamboyanes

I’ll hug them if they want me to

Or will watch them from afar

 

Now their memory

-And sometimes a shadow passing by, a gentle touch, tiny sounds-

Accompany me in the afternoons

 

It’s what I share with them

 

They left a trace in my days

An unfathomable beauty

A slight sadness

 

My dead relatives

 

Ineffable testimonies

Of the love that permeates

Existence

MEUS PARENTES MORTOS

Todos os meus entes queridos se foram

 

Aqueles que habitavam minha distante cidade

 

Como eu sinto falta

de um momento de olhar

de um sorriso enigmático

daquela risada contagiante

da mão gentilmente colocada no quadril

da cabeça balançando

do momento de empatia

quando eu sentia amor e aceitação

 

Meus parentes mortos

 

Pulsos de vida que

Explodem em um instante

Então desaparecem

cintilando, tremeluzindo

no ar dos tempos

 

Eu me juntarei a eles um dia

eu cruzarei o véu

entre palmeiras e flambaiões

Eu os abraçarei se eles quiserem

Ou os observarei de longe

 

Agora sua memória

-E às vezes uma sombra passando, um toque gentil, pequenos sons-

Acompanham-me nas tardes

 

É o que eu compartilho com eles

 

Eles deixaram um rastro em meus dias

Uma beleza insondável

Uma leve tristeza

 

Meus parentes mortos

 

Testemunhos inefáveis

do amor que permeia

existência

Ilustração: BBC.

Uma poesia de Joaquín O. Gionnuzzi

 


LHUVIA EN EL JARDÍN

Joaquín O. Gionnuzzi

He observado el comportamiento de las mariposas
sorprendidas por la lluvia en el jardín.
En vano buscaron refugio bajo las hojas
y en la profundidad de las flores.
Pero una de ellas se elevó
hacia las nubes sombrías
y eligió la muerte en el rayo
perdida la memoria de la especie.
Yo fumaba en la galería, tendido de espaldas;
yo sobrevivía tranquilamente, ensayando
mi oficio de holgazán, mis vacaciones metafísicas,
aunque también pensando
qué clase de muerte, qué modelo de sepulcro
podría convenir a mi exclusiva historia personal,
la especie de pena que me correspondía.

CHUVA NO JARDIM

Tenho observado o comportamento das borboletas

surpreendidas pela chuva no jardim.

Em vão buscaram refúgio sob as folhas

e na profundidade das flores.

Porém uma delas se elevou

até as nuvens escuras

e elegeu a morte por um raio

perdida na memória da espécie.

Eu fumava na galeria, deitado de costas;

eu sobrevivia tranquilamente, ensaiando

meu trabalho folgado, minhas férias metafísicas,

ainda que também pensando

que classe de morte, que modelo de tumba

poderia se adequar à minha história pessoal exclusiva,

a espécie de pena que me correspondia.

Ilustração: Plastprime.

Tuesday, December 24, 2024

Uma poesia de Nancy Mercado

 


         2020 A YEAR TO FORGET

         Nancy Mercado

Earth put a roaring halt 
to our empty rabid existence 
ceasing marathon plastic productions 
disintegrating worldwide stock markets 
shuttering ubiquitous greed
 
Earth put a roaring halt 
to our multimillion-dollar-games 
sunk crude oil markets to asunder 
stopped our titillating trophy hunts 
our eating bloody meat in hoards 
our cruel trampling of the land 
put an end to our soiling of the skies 
our tarnishing the homes where water-beasts are born 

 

In one thunderous clap the Planet hurled 
an instant standstill to our haywire 
to our decapitation of mountain tops 
our butchering of tree-communities 
to our murdering sprees of elephant 
and whale, tiger infants 
and elders, mothers and girls
 
Throughout passing days of sirens 
our existence is halted 
a new plague set into motion 
our mass die-off 
launched. 

2020 UM ANO PARA ESQUECER

A Terra deu um tranco estrondoso

na nossa existência vazia e raivosa

cessando a maratona das produções de plástico

desintegrando os mercados de ações mundiais

fechando a ganância onipresente

 

A Terra deu um tranco estrondoso

aos nossos jogos multimilionários

afundou os mercados de petróleo bruto

parou nossas excitantes caças de troféus

nossa alimentação de carne sangrenta em hordas

nosso cruel pisoteio da terra

pôs fim à nossa sujeira dos céus

nossa mancha das casas onde nascem os animais aquáticos

 

Em um estrondoso estrondo o Planeta lançou

uma paralisação instantânea para nossa desordem

para nossa decapitação de topos de montanhas

nosso massacre de comunidades de árvores

para nossas ondas assassinas de elefantes

e baleias, filhotes de tigres

e idosos, mães e meninas

 

Ao longo dos dias de sirenes que passaram

nossa existência foi interrompida

por uma nova praga e, colocada em movimento,

nossa morte em massa

foi lançada.

Ilustração: Senado Federal.

NATAL NORMAL




Os livros que li

descreviam Natal como esperança,

como renovação, como um tempo

de confraternização.

Mas, palavras são palavras

mesmo se escritas com a melhor das intenções.

E esperei Papai Noel

tantas vezes

que, de repente, até acreditei

num acidente

ou que, como na vida, a inflação

não tivesse dado condição

dele presentear a todos.

Agora que sei que não é assim.,

que não existe muita diferença entre o bem e o mal,

entre a lucidez e a loucura

me sinto um ser normal

capaz de encarar o Natal

como um dia qualquer de dezembro

do qual nada mais lembro!

Ilustração: Prefeitura Municipal de Porto Velho.


Outro de Pablo Romero

 


QUISE

Pablo Romero

Un poema limpio       sin historia

y sin rastro      sin mi deixis gritando

esto soy                       sin mis máscaras

de jugar a escapar      (sin un yo)

sin Pushkin y sin Aristóteles:

 

un poema sin pretensión (sin rima)

sin la huella    de la poesía argentina

haciendo peso             en su escritura

sin el peso de la vanguardia

desafiándolo   a renovarse

sin el peso       del barroco

condenándolo a desaparecer.

 

(Quise) un poema que no represente

a nadie                        (ni siquiera a mí)

incapaz de ser bandera

y enarbolarse en las ruinas

de alguna ideología.

 

Un poema que diga    acá estoy

y nada importa                       y no hay palabras

porque no alcanzan.

 

Un poema que diga    escribo porque sí

porque no sé hacer otra cosa:

 

cuando hablé del mar realmente

hablaba de las aguas   y no de Freud

ni del inconsciente

cuando dije camino    hablé del cansancio

y no de la memoria    ni el pasado.

 

Quise un poema         sin unidad de acción

sin epifanía:               quise verlo medio-lleno

QUERIA

Um poema limpo sem história

e sem deixar rastros sem que me dêixis gritando

este sou eu sem minhas máscaras

de brincar de fugir (sem um eu)

sem Pushkin e sem Aristóteles:

 

um poema sem pretensão (sem rima)

sem o traço da poesia argentina

ganhando peso em sua escrita

 

sem o peso da vanguarda

desafiando-o a se renovar

sem o peso do barroco

condenando-o a desaparecer.

 

(queria) um poema que não representasse

ninguém (nem mesmo a mim)

incapaz de ser uma bandeira

e enrolar-se acima das ruínas

de alguma ideologia.

 

Um poema que diz aqui estou

e nada importa e não há palavras

porque não alcançam.

 

Um poema que diz escrevo porque sim

porque não sei fazer mais nada:

 

quando falava sobre o mar

realmente falava sobre águas e não de Freud

nem do inconsciente

quando eu disse caminho falei de cansaço

e não da memória nem do passado.

 

Eu queria um poema sem unidade de ação

sem epifania: queria vê-lo meio pleno.

Ilustração: Jornal da Cidade On-Line.

Sunday, December 22, 2024

GÓTICO, MUITO GÓTICO

 


Não será uma vítima noturna

nova com tal beleza fria

que, num segundo, se arrepia

ante minha sortida taciturna.

 

O prazer em ti adivinho

no sobressalto da respiração

ao abrir tua garganta, uma ação

de sede, de tornar sangue em vinho.

 

E tudo se sucede tão veloz

numa cerimônia quase religiosa

na tua imobilidade sem mácula.

 

E como num espasmo, sem voz,

sugo tua vida tão deliciosa

sob a lua no eterno estilo Drácula!

Ilustração: Deposiphotos. 

 

 

Alda Merini, pois

 


NON HO BISOGNO DI DENARO

Alda Merini

Io non ho bisogno di denaro.
Ho bisogno di sentimenti.

Di parole, di parole scelte sapientemente,
di fiori, detti pensieri,
di rose, dette presenze,
di sogni, che abitino gli alberi,
di canzoni che faccian danzar le statue,
di stelle che mormorino all’orecchio degli amanti…

Ho bisogno di poesia,
questa magia che brucia le pesantezza delle parole,
che risveglia le emozioni e dà colori nuovi.

NÃO PRECISO DE DINHEIRO

Eu não preciso de dinheiro.

Preciso de sentimentos.

 

De palavras, de palavras escolhidas sabiamente,

de flores, chamadas pensamentos,

de rosas, chamadas presenças,

de sonhos, que habitem as árvores,

de canções que façam dançar estátuas,

de estrelas que murmurem nos ouvidos dos amantes...

 

Eu preciso de poesia,

esta magia que queima o peso das palavras,

que desperta emoções e dá novas cores.

Outra poesia de Terrance Hayes



AMERICAN SONNET FOR THE NEW YEAR

Terrance Hayes

Things got terribly ugly incredibly quickly 
Things got ugly embarrassingly quickly 
actually Things got ugly unbelievably quickly 
honestly Things got ugly seemingly infrequently 
initially Things got ugly ironically usually 
awfully carefully Things got ugly unsuccessfully 
occasionally Things got ugly mostly painstakingly 
quietly seemingly Things got ugly beautifully 
infrequently Things got ugly sadly especially 
frequently unfortunately Things got ugly 
increasingly obviously Things got ugly suddenly
embarrassingly forcefully Things got really ugly 
regularly truly quickly Things got really incredibly 
ugly Things will get less ugly inevitably hopefully 

SONETO AMERICANO PARA O ANO NOVO

As coisas ficaram terrivelmente feias incrivelmente rápido

As coisas ficaram feias vergonhosamente rápido

Atualmente as coisas ficaram feias inacreditavelmente rápido

Honestamente as coisas ficaram feias aparentemente como raramente

Inicialmente as coisas ficaram feias ironicamente usualmente

Extremamente com imenso cuidado as coisas ficaram feias sem sucesso

Ocasionalmente as coisas ficaram feias majoritariamente meticulosamente

Quietamente aparentemente as coisas ficaram lindamente feias

Infrequentemente as coisas ficaram feias especialmente tristemente

Frequentemente infelizmente as coisas ficaram feias

Cada vez mais obviamente as coisas ficaram feias

repentinamente

Vergonhosamente forçadamente as coisas ficaram realmente feias

Regularmente verdadeiramente rápido as coisas ficaram realmente incrivelmente

Feias. As coisas ficarão menos feias inevitavelmente esperançosamente.

Ilustração: Fashion Bubbles.

 

Outra poesia de Pablo Romero

 


MARIONETA

Pablo Romero

En mi poema estás de pie, que es otra forma

de decir:          aguantas la vida en tus huesos

frente a mi muerte      que se acumula

y bombea.

 

Escribo con los ojos ciegos de memoria:

 

en mi poema   no te fuiste      ni te vas a ir

ni te pedí         que lo hicieras

no dijimos las palabras          de la furia

ni prendimos fuego    el corazón

que no supo                darnos vida.

 

Quisiera saber pronunciar

tu nombre       sin violencia:

 

en mi poema estás de pie y te acercas

con los brazos abiertos.          Nos miramos

(sin saña)        como si estuviéramos a salvo.

 

Mi deseo es triste: pensé en la angustia

de querer todo aquello           que no se tiene.

 

Escribo desde el balcón

 

hay un sol que te quedaría precioso

(si estuvieras)

MARIONETE

No meu poema estás de pé, o que é outra forma

de dizer: aguentas a vida em seus ossos

frente a minha morte que acumula

e bombeia.

Escrevo com os olhos cegos de memória:

 

no meu poema não te fostes embora nem vás ir

nem te pedi que fizesses

não dissemos as palavras de fúria

nem colocamos fogo em nossos corações

que não sabemos dar vida.

 

quisera saber como se pronuncia

teu nome sem violência:

 

no meu poema você está de pé e se aproximas

de braços abertos. Nós olhamos um para o outro

(sem crueldade) como se estivéssemos salvo.

 

Meu desejo é triste: pensei na angústia

de querer tudo o que não se tem.

 

escrevo da varanda

 

há um sol que te deixaria linda

(se estivesses aqui)

Ilustração: CaririCult.