No meio de antigos papéis encontrei as duas versões que fiz dos poemas de Pasolini, porém, não encontrei os poemas originais nem a fonte, mas, suponho que sejam de "A Religião do Meu Tempo"
ANÁLISE TARDIA
(Fim dos anos Sessenta)
(Fim dos anos Sessenta)
Pier Paolo Pasolini
Se bem, se bem que estou no fundo da fossa;
Que tudo aquilo que toco já hão tocado;
Que sou prisioneiro de um interesse indecente;
Que cada convalescença é uma recaída;
Que as águas estão estancadas e tudo tem um sabor velho;
Que também o humorismo forma parte do bloco inamovível;
Que não faço outra coisa senão reduzir o novo ao antigo;
Que não desejo todavia reconhecer quem sou;
Que já perdi até a antiga paciência de ourives;
Que a velhice há ressaltado por impaciência apenas a miséria;
Que não sairei nunca daqui por mais que sorria;
Que dou voltas de um lado ao outro pela terra como uma fera enjaulada;
De que tenho tantas cordas que tenho terminado por tirar de uma só;
Que me gosta enlamear-me porque o barro é matéria pobre e, portanto, pura;
Que adoro a luz somente se não oferece esperança.
Que tudo aquilo que toco já hão tocado;
Que sou prisioneiro de um interesse indecente;
Que cada convalescença é uma recaída;
Que as águas estão estancadas e tudo tem um sabor velho;
Que também o humorismo forma parte do bloco inamovível;
Que não faço outra coisa senão reduzir o novo ao antigo;
Que não desejo todavia reconhecer quem sou;
Que já perdi até a antiga paciência de ourives;
Que a velhice há ressaltado por impaciência apenas a miséria;
Que não sairei nunca daqui por mais que sorria;
Que dou voltas de um lado ao outro pela terra como uma fera enjaulada;
De que tenho tantas cordas que tenho terminado por tirar de uma só;
Que me gosta enlamear-me porque o barro é matéria pobre e, portanto, pura;
Que adoro a luz somente se não oferece esperança.
AO PRINCÍPE
Pier Paolo Pasolini
Pier Paolo Pasolini
Se regressa o sol, se cai a tarde,
Se a noite tem um sabor de noites futuras,
Se um sono de chuva parece regressar
De tempos demasiado amados e jamais possuídos de todo,
Já não encontro felicidade nem em gozar o sofrer por si mesmo:
Já não sinto diante de mim toda a vida...
Para ser poeta há que ter muito tempo:
Horas e horas de solidão são o único modo
Para que se crie algo, que é força, abandono,
Vício, liberdade, para dar estilo ao caos.
Eu, agora, tenho pouco tempo: por culpa da more
Que me vem em cima, no ocaso da juventude.
Porém por culpa também do nosso mundo humano
Que rouba o pão dos pobres e dos poetas da paz.
Se a noite tem um sabor de noites futuras,
Se um sono de chuva parece regressar
De tempos demasiado amados e jamais possuídos de todo,
Já não encontro felicidade nem em gozar o sofrer por si mesmo:
Já não sinto diante de mim toda a vida...
Para ser poeta há que ter muito tempo:
Horas e horas de solidão são o único modo
Para que se crie algo, que é força, abandono,
Vício, liberdade, para dar estilo ao caos.
Eu, agora, tenho pouco tempo: por culpa da more
Que me vem em cima, no ocaso da juventude.
Porém por culpa também do nosso mundo humano
Que rouba o pão dos pobres e dos poetas da paz.
No comments:
Post a Comment