Monday, February 18, 2008

A RUA É UM ESPELHO

LA CALLE
Octavio Paz
Es una calle larga y silenciosa.
Ando en tinieblas y tropiezo y caigo
y me levanto y piso con pies ciegos
las piedras mudas y las hojas secas
y alguien detrás de mí también las pisa:
si me detengo, se detiene;
si corro, corre. Vuelvo el rostro: nadie.
Todo está oscuro y sin salida,
y doy vueltas y vueltas en esquinas
que dan siempre a la calle
donde nadie me espera ni me sigue,
donde yo sigo a un hombre que tropieza
y se levanta y dice al verme: nadie.

A Rua

É uma rua larga e silenciosa
Ando na escuridão e tropeço e caio
E me levanto e piso com os pés cegos
As pedras mudas e as folhas secas
E alguém atrás de mim também as pisa:
Se me detenho, se detém;
Se corro, corro. Volto o rosto: ninguém.
Tudo está escuro e sem saída,
E dou voltas e voltas nas esquinas
Que retornam sempre a rua
Onde ninguém espera nem me segue,
Onde sigo um homem que tropeça
E se levanta e diz ao ver-me: ninguém.
Ilustração original do Site espelhodesombras.blogs.sapo.pt/134275.html

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