Saturday, February 13, 2010
INDIO ZAMMIT
"Elegí fracasar"
Indio Zammit,
Cuando el taxista enjaulado se comió mi alpiste
supe que el canario era yo.
Hasta entonces sólo había aprendido
que el río salado da sed.
Me persiguieron en la lonja,
me atraparon y me sometí sumiso a la carne.
Al vino también.
La esquina era un baño con señor de los lavabos,
baldosín blanco amarillento y mirada no me fío.
—No llevo suelto pero volveré—.
McArthur dijo algo similar en Filipinas.
Cuando volví él no podía creer
que hubiera mantenido mi palabra.
Tampoco era para tanto.
Agustín salió de Padrón en la adolescencia y debe rondar los setenta,
pero cuando hablé de su pueblo fue como apretar un botón en la nuca
de un androide.
El hipnótico acento uruguayo mutó a gallego.
Llenó de preguntas mis preguntas;
sonrió con la boca de lado;
asintió a medias;
casi afirmó una vez
y sugirió (más o menos)
un anisado de limón.
Y la cuerda vibró
empujada por la uña de un paisano con talento.
Yo quería tango,
él agasajó con Serrat,
porque Serrat es gallego de Cataluña, decía.
Canjeé cantar Serrat (los estribillos)
por la dirección de un bar de tangos (y unos tragos correspondidos).
El local era Zum-Zum.
Lloró la milonga hasta llenar vasos de uvita.
Aunque sonaran Ramones
todavía olía a Gardel:
A tu lado quisiera caer
que el tiempo nos mate
a los dos.
También la noche es perecedera,
acaba donde empieza el río que es un mar.
La playa, la luna,
como una novela blanda...
Las estrellas.
Las miré fijamente: una, dos, tres...
—No voy a sobreviviros
aunque dicen los que entienden
que alguna de vosotras ya estáis muertas—.
Eu elegi fracassar
Quando o taxista enjaulado comeu o alpiste
Supus que o canário era eu.
Até então eu só tinha aprendido
o rio salgado da sede.
Eles me perseguiram, no Mercado,
me pegaram e eu me submeti submisso à carne.
Ao vinho também.
O canto era uma casa de banho com o Senhor dos banheiros,
amarelado-chão de azulejo branco
e olha que eu não confio.
-Eu não costumava soltar, mas, voltarei-.
McArthur disse algo semelhante nas Filipinas.
Quando eu voltei a mim não podia acreditar
que havia mantido a minha palavra.
Nem foi tão ruim assim.
Registre-se que Agostinho deixou o padrão na adolescência e deve ter por volta de setenta anos,
porém, quando falei de seu povo foi como apertar um botão no pescoço
um andróide.
O sotaque uruguaio hipnótico meio para galego.
Cheio de perguntas, minhas perguntas;
a boca sorriu de lado;
meia cabeça;
quase disse uma vez
e sugeriu (mais ou menos)
limão anis.
E a corda vibrava
empurrada por um paisano com talento.
Eu queria tango
ele entretido com Serrat,
Serrat é um galego da Catalunha, disse ele.
Concordei em cantar Serrat (coro)
pela direção de uma bar de tango (e por alguns tragos correspondidos).
O local foi o Zum-Zum.
Cantou a milonga até preencher copos com uvita.
Apesar de soar Ramones
ainda cheirava a Gardel:
A teu lado eu queria cair
Que o tempo nos mate
Aos dois
Também a noite morria,
Acabava onde começava o rio que é um mar.
A praia, a lua,
como um romance suave ...
As estrelas.
Olhei para ele: um, dois, três ...
-“Nós vamos sobreviver,
Embora, dizem os que entendem,
Que alguns de vocês já estão mortos”-.
(De Indio Zammit, "Elegí fracasar", Bohodón Ediciones, 2007).
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