A
verdade é que a tua lembrança, agora,
é
uma vaga memória do passado.
Esqueci
todas as noites longas de amor,
todos
os dias de ternura, de desejos loucos,
da
forma como me perdi loucamente
nos
teus lábios vermelhos
em
danças que se espraiavam pelos espelhos
enquanto
aprendia a geografia mansa e doce
de
teu corpo que naveguei
como
um mar sem fim
à
procura de ti, de mim,
de
um tesouro de paixão e prazer.
Esqueci,
sinto muito, esqueci
como
foi me lançar do alto de um abismo
sem
paraquedas
e
amar a queda no teu amor
que
me elevava e consumia-
vulcão
em cuja a lava
me
lavava
de
lama negra e de quentura
com
o frio prazer
de
quem sorve um sorvete
num
dia quente.
Sinto
muito.
Esqueci
de ti. Não lembro mais.
Nem
quero lembrar.
Continuo
a viver esquecendo este amor
Que
não me saí da memória.
E,
hoje, neste dia cinzento e frio,
Nestes
tempos obscuros,
Em
que tento ter algum prazer,
Pequeno
que seja,
Sinto
que te esqueci,
Que
sigo te esquecendo
Da
mesma forma que não sei mais ser feliz
E
se, neste momento, choro,
É
pela memória que não há,
Pelo
vazio imenso a me lembrar
Que
te esqueci
E
o futuro, este buraco negro,
Que
me aparece tão escuro
É
que me dá certeza
De
que te esqueci,
Pois,
nem de mim
Consigo
mais lembrar
A
partir do momento
Em
que te esqueci.
Ilustração:
mah206.wordpress.com
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