Saturday, November 09, 2024

Luis Bravo, pois

 

 


Gazeta de pasos perdidos

Luis Bravo

¿No cansamos de poner flores a los libros?
¿Por qué una naturaleza muerta
resulta a su parejo la más viva?
Amado el hecho de que seamos infelices
como se recuerda la frente que besaste
desgarrada por esquirlas, aplastado el beso
porque no se quiere nada, no ser iguales
sino mejores, y ahí el destrozo germina.
¿No hay, después de consideración tan amarga,
ramo que supla estar siempre heridos?
Borrarte, y las palabras rosadalia,
cruzar los dedos hasta pasar esa nada,
garabatear en los márgenes la frase de otro,
si acaso nos fuera dichosa.
Adiós, adiós a todo eso.

GAZETA DOS PASSOS PERDIDOS

Não cansamos de pôr flores nos livros?

Por que uma natureza morta

resulta a seu parceiro mais viva?

Amei o fato de que sejamos infelizes

como se lembra da testa que beijou?

desgarrada por farpas, esmagado o beijo

porque não se quer nada, não ser igual

sim melhores, e aí a destruição germina.

Não há, depois de consideração tão amarga,

galho que suporte estar sempre ferido?

Apaga-te, e as palavras rosa, dália,

cruze os dedos até passar esse nada,

rabiscar nas margens a frase de outra,

se ao menos fôssemos felizes.

Adeus, adeus a tudo isso.

Ilustração: Terra.

 


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