Friday, November 21, 2025

Em Surdina Paul Verlaine

 


EN SOURDINE

Paul Verlaine               

Calmes dans le demi-jour
Que les branches hautes font,
Pénétrons bien notre amour
De ce silence profond.

Fondons nos âmes, nos coeurs
Et nos sens extasiés,
Parmi les vagues langueurs
Des pins et des arbousiers.

Ferme tes yeux à demi,
Croise tes bras sur ton sein,
Et de ton coeur endormi
Chasse à jamais tout dessein.

Laissons-nous persuader
Au souffle berceur et doux
Qui vient à tes pieds rider
Les ondes de gazon roux.

Et quand, solennel, le soir
Des chênes noirs tombera,
Voix de notre désespoir,
Le rossignol chantera.

NA SURDINA

Calma sobre a penumbra

Que dos galhos altos vem,

Impregnando bem nosso amor

Neste profundo silêncio de além.

Deixa derreter

Nossos corações, almas 

E sentidos extasiados,

Em meio às ondas lânguidas

Dos pinheiros e arbustos.

Fecha os olhos pelo meio,

Cruza os braços sobre o seio,

E do seu coração adormecido

Afasta todo pensamento sentido.

Deixemo-nos persuadir

Pela brisa suave e delicada

Que vem ondular aos seus pés

As ondas da grama avermelhada.

E a noite solene, então

Dos carvalhos escuros cairá,

A voz de nossa aflição,

O rouxinol cantará.

Ilustração: Pikbest.

                        

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