EN SOURDINE
Paul Verlaine
Calmes dans le demi-jour
Que les branches hautes font,
Pénétrons bien notre amour
De ce silence profond.
Fondons nos âmes, nos
coeurs
Et nos sens extasiés,
Parmi les vagues langueurs
Des pins et des arbousiers.
Ferme tes yeux à demi,
Croise tes bras sur ton sein,
Et de ton coeur endormi
Chasse à jamais tout dessein.
Laissons-nous persuader
Au souffle berceur et doux
Qui vient à tes pieds rider
Les ondes de gazon roux.
Et quand, solennel, le
soir
Des chênes noirs tombera,
Voix de notre désespoir,
Le rossignol chantera.
NA SURDINA
Calma sobre a penumbra
Que dos galhos altos vem,
Impregnando bem nosso
amor
Neste profundo silêncio de além.
Deixa derreter
Nossos corações, almas
E sentidos
extasiados,
Em meio às ondas
lânguidas
Dos pinheiros e arbustos.
Fecha os olhos pelo meio,
Cruza os braços sobre o seio,
E do seu coração
adormecido
Afasta todo pensamento
sentido.
Deixemo-nos persuadir
Pela brisa suave e delicada
Que vem ondular aos seus
pés
As ondas da grama
avermelhada.
E a noite solene, então
Dos carvalhos escuros
cairá,
A voz de nossa aflição,
O rouxinol cantará.
Ilustração: Pikbest.

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