A POEM ABOUT HOME
Bettina
Judd
|
I learned to chop from the hand. |
UM POEMA SOBRE O LAR
Aprendi a cortar com a
mão.
A cebola, uma lua na
palma da mão,
fatiada por uma lâmina
quase
roçando a eminência.
Fui treinada muito antes
do YouTube e
do Top Chef me dizerem
que eu estava toda errada,
antes do meu primo ir
para a escola de culinária
e trazer de volta o
evangelho de
esconder os dedos na
tábua de corte.
Era a minha mão na
panela,
inevitavelmente queimada,
cortes que significavam
que eu tinha algo a
perder nesse jogo,
o mínimo que eu podia
oferecer por uma refeição sem caça.
Minhas mãos sem trabalhar
com muita terra —
o que eu poderia
sacrificar por um vegetal colhido,
fruta colhida no topo da
árvore, creme de
um animal cujo nome eu
não sei,
nem senti o medo do seu
coice no meu peito?
Aprendi com aqueles que,
quando crianças, conheceram
a dor de nomear quem
seria abatido.
Minha parte agora:
um deslizar do meu cartão
de crédito. Notas eletrônicas
em um mundo cheio de
sangue e tendões,
exaustos músculos,
leucemia de pesticidas,
costas cansadas que se
curvam mesmo assim
sob um sol escaldante.
Estas mãos podem tremer
de medo
daquilo que revelou suas
conhecidas intenções,
mas elas alimentarão a
mim e aos meus
ao modo do meu povo
tão acostumado a viver no
corte
onde o perigo e o amor
habitam:
uma panela
uma mesa
um fogão
uma faca.
Ilustração: Cybercook.

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