FALSA POÉTICA (EL ENEMIGO)
Jorge Frisancho
No sueño ya con este espacio neutro, el de la palabra
y no he podido ver sino lo que pertenece ahora
a los recuerdos, en la otra banda de lo corporal.
Digo entonces: ¿qué será de mí cuando termine la noche
y qué es lo que soy en ella, esto que contemplo
y ríe insoportablemente?
(En un peldaño oscuro del lenguaje o en el fondo del pozo
como en una frágil estrategia de las apariencias, mis sentidos
son sólo estos sentidos fijos en la bóveda,
y mi lengua es ahora la del enemigo).
FALSA POÉTICA (O INIMIGO)
Não sonho já com este espaço neutro, o da palavra
e não pude ver senão o que agora pertence
às recordações, do outro lado do corporal.
Digo então: que será de mim quando a noite terminar
e concluir o que nela sou, isto que contemplo
e ri insuportavelmente?
(Num degrau escuro da linguagem ou no fundo do poço
como numa frágil estratégia das aparências, meus sentidos
são só estes sentidos fixos na abóbada,
e minha língua é agora a do inimigo).
1 comment:
Silvio: as palavras com seus poderes multifacetários...Beijos e boa semana meu amigo!
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