Tuesday, July 21, 2009

REVISANDO



POEMA BRANCO

Não há muitos planos a serem feitos mais.
Nem mesmo a espera de algo especial.
Nem mesmo razões para crer num amanhã
Que só pode me legar o esquecimento.

Você, que nada exigia, senão o amor
Me dava sonhos
Sem precisar do sono.
E, agora, até meus sonhos
São brancos, planos longos, espaços
Que jamais serão preenchidos....

É assim que lembro,
Com admiração, dos dias de amor
Da falta da necessidade de explicações,
Do quanto os dias eram doces e intensos
De prazer e gozo.
Nada do que fiz ontem, hoje, amanhã e depois
Pode ser mais igual.
Pode trazer de volta o perdão
Para o crime do tempo perdido.

Só me resta fazer um poema
Um triste poema, branco como os versos,
de um suicídio reconhecido.
A confissão plena
De que sempre fostes mais sábia do que minha instrução
jamais poderia entender.

E, agora, que entendo
tão pouca importa
se a vida passou e vivi sem viver
e só resta este corpo de alma morta,
um fantasma de amor que vagueia
solitário na vasta desolação.

E o vazio dos dias que virão me contempla
Enquanto o silêncio em volta
Parece amplificar tua voz
Que ressoa do passado
Voltando a me dizer:
“-Meu lindo, que importa isto se nós vamos morrer?”

1 comment:

Jefferson Bessa said...

O branco dos versos que revisam a vida.

Um abraço.
Jefferson.