Tuesday, July 21, 2009

UM GATO DE BORGES


A un gato

Jorge Luis Borges


No son más silenciosos los espejos
ni más furtiva el alba aventurera;
eres, bajo la luna, esa pantera
que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
divino, te buscamos vanamente;
más remoto que el Ganges y el poniente,
tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
caricia de mi mano. Has admitido,
desde esa eternidad que ya es olvido,
el amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás. Eres el dueño
de un ámbito cerrado como un sueño.

A um gato

Não são mais silenciosos os espelhos
nem mais furtiva a madrugada aventureira;
és sob a lua, esta pantera
que nos é dado divisar de longe.
Por obra indecifrável de um decreto
divino te buscamos em vão;
mais remoto que o Ganges e o poente,
tu és a solidão, és o segredo.
Tuas costas condescendente a morosa
carícia da minha mão. Tens admitido
desde essa eternidade que já és esquecido,
o amor da mão receosa.
Em outro tempo estais. És como o dono
de um espaço fechado como um sonho.

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