Friday, October 07, 2011

Allen Ginsberg, my brothers


Sunflower Sutra

Allen Ginsberg-Berkeley, 1955

I walked on the banks of the tincan banana dock and
sat down under the huge shade of a Southern
Pacific locomotive to look at the sunset over the
box house hills and cry.
Jack Kerouac sat beside me on a busted rusty iron
pole, companion, we thought the same thoughts
of the soul, bleak and blue and sad-eyed,
surrounded by the gnarled steel roots of trees of
machinery.
The oily water on the river mirrored the red sky, sun
sank on top of final Frisco peaks, no fish in that
stream, no hermit in those mounts, just ourselves
rheumy-eyed and hungover like old bums
on the riverbank, tired and wily.
Look at the Sunflower, he said, there was a dead gray
shadow against the sky, big as a man, sitting
dry on top of a pile of ancient sawdust--
--I rushed up enchanted--it was my first sunflower,
memories of Blake--my visions--Harlem
and Hells of the Eastern rivers, bridges clanking Joes
Greasy Sandwiches, dead baby carriages, black
treadless tires forgotten and unretreaded, the
poem of the riverbank, condoms & pots, steel
knives, nothing stainless, only the dank muck
and the razor-sharp artifacts passing into the
past--
and the gray Sunflower poised against the sunset,
crackly bleak and dusty with the smut and smog
and smoke of olden locomotives in its eye--
corolla of bleary spikes pushed down and broken like
a battered crown, seeds fallen out of its face,
soon-to-be-toothless mouth of sunny air, sunrays
obliterated on its hairy head like a dried
wire spiderweb,
leaves stuck out like arms out of the stem, gestures
from the sawdust root, broke pieces of plaster
fallen out of the black twigs, a dead fly in its ear,
Unholy battered old thing you were, my sunflower O
my soul, I loved you then!
The grime was no man's grime but death and human
locomotives,
all that dress of dust, that veil of darkened railroad
skin, that smog of cheek, that eyelid of black
mis'ry, that sooty hand or phallus or protuberance
of artificial worse-than-dirt--industrial--
modern--all that civilization spotting your
crazy golden crown--
and those blear thoughts of death and dusty loveless
eyes and ends and withered roots below, in the
home-pile of sand and sawdust, rubber dollar
bills, skin of machinery, the guts and innards
of the weeping coughing car, the empty lonely
tincans with their rusty tongues alack, what
more could I name, the smoked ashes of some
cock cigar, the cunts of wheelbarrows and the
milky breasts of cars, wornout asses out of chairs
& sphincters of dynamos--all these
entangled in your mummied roots--and you there
standing before me in the sunset, all your glory
in your form!
A perfect beauty of a sunflower! a perfect excellent
lovely sunflower existence! a sweet natural eye
to the new hip moon, woke up alive and excited
grasping in the sunset shadow sunrise golden
monthly breeze!
How many flies buzzed round you innocent of your
grime, while you cursed the heavens of the
railroad and your flower soul?
Poor dead flower? when did you forget you were a
flower? when did you look at your skin and
decide you were an impotent dirty old locomotive?
the ghost of a locomotive? the specter and
shade of a once powerful mad American locomotive?
You were never no locomotive, Sunflower, you were a
sunflower!
And you Locomotive, you are a locomotive, forget me
not!
So I grabbed up the skeleton thick sunflower and stuck
it at my side like a scepter,
and deliver my sermon to my soul, and Jack's soul
too, and anyone who'll listen,
--We're not our skin of grime, we're not our dread
bleak dusty imageless locomotive, we're all
beautiful golden sunflowers inside, we're blessed
by our own seed & golden hairy naked
accomplishment-bodies growing into mad black
formal sunflowers in the sunset, spied on by our
eyes under the shadow of the mad locomotive
riverbank sunset Frisco hilly tincan evening
sitdown vision.

Sutra de girassol

Eu andava nas margens das docas de bananas nanicas
sentado sob a profunda sombra de uma locomotiva do Pacífico
Sul olhando para o por do sol sobre
o quadrado das casas nas colinas e chorei.
Jack Kerouac, sentado ao meu lado sobre um robusto pólo
de ferro enferrujado, me acompanhava, pensamos os mesmos pensamentos
de alma, sombria e azul e de olhos tristes,
cercados pelas raízes de aço retorcidos das árvores de
máquinas.
A água oleosa no rio espelhava o céu vermelho, o sol
afundava-se no topo de picos nos confins de Frisco, nenhum peixe nos
córregos, nem eremita naqueles montes, apenas nós mesmos
úmidos de olhos de ressaca e como velhos vagabundos
nas margens do rio, cansados e astutos.
Olhei para o girassol, ele disse, que era uma sombra
cinza morta contra o céu, grande como um homem, sentado
seco sobre uma pilha de antiga serragem -
- Corri encantado - foi o meu primeiro girassol,
memórias de Blake - minhas visões - Harlem
e Hells dos rios do Leste, pontes Joes rangendo
Sanduíches gordurosos, carrinhos de bebê morto, preto
piso de pneus esquecidos e não recuperados, o
poema da margem do rio, preservativos e panelas,
facas de aço, nada inoxidável, só a sujeira desagradável
e os artefatos afiados passando para o
passado -
e o girassol cinzento reclinado contra o pôr do sol,
densamente sombrio e ressecado pela fuligem e pela fumaça
das velhas locomotivas no seu olho -
corola de turvas pontas retorcidas e quebradas
como uma coroa arrebentada, de sementes roladas,
boca precocemente desdentada ao ar ensolarado, raios solares
se apagando na sua cabeça peluda como uma teia de fios secos de aranha,
folhas tesas como braços presos ao tronco, gestos
enraizados na serragem, quebrados pedaços de gesso
caídos dos galhos negros, uma mosca morta no seu ouvido,
Ímpia coisa velha arrebentada,você estava, meu girassol Ó
minha alma, como te amei, então!
A sujeira não era sujeira humana, mas, morte e humanas
locomotivas,
todas vestidas de poeira, esse véu de pele escurecida
da estrada, de fumaça da bochecha, de pálpebra de miséria
preta, essa fuliginosa mão ou falo ou protuberância de algo
artificial pior do que a sujeira - industrial -
moderna - toda a civilização manchando sua
louca coroa dourada -
e todos esses remelentos pensamentos de morte e olhos empoeirado
do desamor e tocos e raízes distrocidas embaixo,
dentro de seu monte de areia e serragem, notas de borrachas falsas de dólar,
pele de máquinária, as tripas e as vísceras
do carro que tosse chora, as latas vazias e abandonadas
com suas línguas enferrujadas de fora, o que
mais eu poderia nomear, a cinzas queimadas de algum
charuto galo, conas de carrinhos de mão e as
mamas leitosas de carros, bundas usadas em cadeiras
e esfíncteres dos dínamos - tudo isto
enredado nas suas raízes mumificadas- e você aí postado
diante de mim no pôr do sol, em toda a sua glória
em toda sua forma!
A beleza perfeita de um girassol! uma excelente e perfeita
existência de um adorável girassol! um doce olho natural
para uma nova quadra da lua, acordei vivo e excitado
agarrando na sombra o nascer do sol dourado
das brisa mensais!
Quantas moscas zumbiram ao seu redor inocente de sua
fuligem, enquanto você amaldiçoava os céus da
ferrovia na sua alma flor?
Pobre flor morta? Quando você se esqueceu que era uma
flor? Quando você olhou para a sua pele e
decidiu que era uma velha locomotiva impotente e suja?
o fantasma de uma locomotiva? o espectro e
a sombra de uma outrora poderosa locomotiva louca americano?
Você nunca foi uma locomotiva, girassol, você era um
girassol!
E você locomotiva, você é uma locomotiva, não esqueça
não!
Então eu peguei o duro esqueleto do girass e o finquei
ao meu lado como um cetro,
e entreguei o meu sermão à minha alma, e a alma de Jack
também, e quem iria ouvir,
- Nós não somos nossa pele de sujeira, nós não somos o nosso horrível
locomotiva sem imagem empoeirada e desolada, por dentro , somos todos
belos girassóis dourados, somos abençoados
por nosso própria semên & dourados corpos peludos e e nus
de realização, corpos em crescimento dentro dos loucos
girassóis negros e formais no pôr do sol, espiados pelos nossos
olhos sob à sombra da locomotiva louca
do cais na visão do poente de latas e colinas de Frisco
sentados ao anoitecer.

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