Sunday, October 09, 2011

E Borges outra vez


Ewigkeit

Jorge Luis Borges

Torne en mi boca el verso castellano
a decir lo que siempre está diciendo
desde el latín de Séneca: el horrendo
dictamen de lo que todo es el gusano.

Torne a cantar la pálida ceniza,
los fastos de la muerte y la victoria
de esa reina retórica que pisa
los estandartes de la vanagloria.

No así. Lo que mi barro ha bendecido
no lo voy a negar como un cobarde.
Sé que una cosa no hay. Es el olvido;

sé que en la eternidad perdura y arde
lo mucho y lo preciso que he perdido:
esa fragua, esa luna y esa tarde.

De: El otro, el mismo (1964)

Ewigkeit (Eternidade)

Torne em minha boca o verso castelhano
para dizer o que sempre está dizendo
desde o latim de Sêneca: a horrível
opinião de que tudo é terrível.

Torne a cantar a pálida cinza,
as pompas da morte e da vitória
desta rainha retórica que pisa
os estandartes da vanglória.

Não é assim. O que o barro tem abençoado
Não vou eu negar como um covarde.
Eu sei que uma coisa não há. É o esquecimento;

Sei que na eternidade perdura e arde
O muito e o preciso que hei perdido:
esta forja, esta lua e esta tarde.

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