Saturday, October 15, 2011

Oscar Wilde e a Balada do Cárcere de Reading


The ballad of Reading gaol

Oscar Wilde

He did not wear his scarlet coat,
for blood and wine are red,
and blood and wine were on his hands
when they found him with the dead,
the poor dead woman whom he loved,
and murdered in her bed.

I never saw a man who looked
with such a wistful eye
upon that little tent of blue
which prisoners call the sky,
and at every drifting cloud that went
with sails of silver by.

I walked, with other souls in pain,
within another ring,
and was wondering if the man had done
a great or little thing,
when a voice behind me whispered low,
"that fellows got to swing".

I only knew what hunted thought
quickened his step, and why
he looked upon the garish day
with such a wistful eye;
man had killed the thing he loved
and so he had to die.

Yet each man kills the thing he loves
by each let this be heard,
some do it with a bitter look,
some with a flattering word,
the coward does it with a kiss,
the brave man with a sword!

The Governor was strong upon
the Regulations Act:
the Doctor said that Death was but
a scientific fact:
and twice a day the Chaplain called
and left a little tract.

We sewed the sacks, we broke the stones,
we turned the dusty drill:
we banged the tins, and bawled the hymns,
and sweated on the mill:
but in the heart of every man
terror was lying still.

The warders with their shoes of felt
crept by each padlocked door,
and peeped and saw, with eyes of awe,
grey figures on the floor,
and wondered why men knelt to pray
who never prayed before.

The warders strutted up and down,
and kept their herd of brutes,
their uniforms were spick and span,
and they wore their Sunday suits,
but we knew the work they had been
by the quicklime on their boots.

And all the while the burning lime
eats flesh and bone away,
it eats the brittle bone by night,
and the soft flesh by the day,
it eats the flesh and bones by turns,
but it eats the heart alway.

In Reading gaol by Reading town
there is a pit of shame,
and in it lies a wretched man
eaten by teeth of flame,
in a burning winding-sheet he lies,
and his grave has got no name.

He did not wear his scarlet coat,

A Balada do Cárcere de Reading


Ele não usava o seu casaco escarlate,
porque o sangue e o vinho são vermelhos;
e o sangue e o vinho estavam em suas mãos
quando o encontraram com a morta,
a pobre mulher morta a quem amava
assassinada no seu leito.

Eu nunca vi na vida um homem que tivesse
com os olhos tão cheios de angústia,
ao contemplar o pedaço de azul
que os prisioneiros chamam de céu
e as nuvens que passavam à deriva,
como velas prateadas pelo ar.

Caminhava junto a outras almas penadas
dentro de outro pátio,
e me perguntava se o homem havia feito
algo grande ou pequeno,
quando, às minhas costas, uma voz sussurrou baixo:
"O homem tem que ser enforcado".

Eu só sabia que um pensamento o perseguia
e lhe acelerava o passo e porque
olhava o deslumbrante dia,
com os olhos tão cheios de angústia;
o homem havia matado o que amava
por isto teria que morrer.

Se bem que todo homem mata o que ama,
para que todos escutem bem,
alguns o fazem com o rosto amargurado,
outros com a palavra enganadora,
o covarde o faz com um beijo,
O valente com uma espada!

O governador era um homem inflexível
ao tratar-se das leis e regulamentos
o doutor disse que a morte não era senão
um fato científico
e, duas vezes por dia, o capelão o chamava
e lhe deixava um pequeno folheto.

Nós cosíamos sacos, quebrávamos pedras
Nós girávamos a broca poeirenta:
Nós batíamos latas e berrávamos hinos,
porém, no coração de cada homem
Havia um terror dormindo.

Os guardas, com seus sapatos de feltro,
deslizavam por portas com cadeados,
e apareciam para ver com olhos assombrados
as figuras cinzas sobre o solo,
e se perguntavam por que os homens se agacham para orar
mesmo os que antes nunca haviam rezado.

Os guardas iam acima e abaixo gabando-se
e vigiavam o seu rebanho de bestas
nos seus uniformes limpos e arrumados,
e vestiam seus trajes de gala de domingo,
mas, nós sabíamos que trabalho estavam fazendo
pelo cal vivo de suas botas.

E, para sempre, a cal ardente
corrói a carne e o osso,
corrói o osso frágil na noite,
e a carne suave pelo dia,
corrói a carne e o osso por turnos,
mas, come sempre o coração.

No cárcere da cidade de Reading
há um fosso de vergonha
em que jaz um homem desventurado
consumido por dentes de chamas,
numa mortalha abrasadora jaz
e sua tumba não tem nome.

Ele não usava seu casaco escarlate.....

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