Deja correr el tempo
Julián
Marchena Valle-Riestra
Deja
correr el tiempo, que ya llegará el olvido,
Y
así como se adornan las secas ramazones
De
mágicos renuevos, tu corazón herido
Florecerá
mañana con nuevas ilusiones.
No
desesperes nunca. La sombra es precursora
De
la luz que hay en ti. Detrás de la amargura
Que
empaña el cristal nítido de un alma soñadora
Irradia
la sonrisa, que todo lo depura.
Practica
la severa virtud de ser sincero;
Fortalece
tu espíritu para que seas blando,
Y
si el dolor te hiere con su puñal certero
¡Sé
como las guitarras que sollozan cantando!
No
aventures tu paso más allá de la vida
Porque
es abismo ignoto del cual nunca saldrás:
En
cada tumba un pájaro de voz adolorida
Como
el cuervo de Poe responde "Nunca más..."
Pero,
eso sí, no dejes de sonreír a todo
A
través de la niebla de tu melancolía;
Derrama
tu perfume, que es la bondad, al modo
De
una flor, aunque sepas que has de durar un día...
Deixa correr o tempo
Deixa
correr o tempo, que já chegará o esquecimento,
E assim
como se adornam os ramos secos
De
mágicas renovações, o teu coração ferido
Florescerá
amanhã com novas ilusões.
Não
se desespere nunca. A sombra é precursora
Da
luz que há em ti. Por trás da amargura
Que
suja o cristal límpido de uma alma sonhadora
Se
irradia o sorriso que tudo purifica.
Pratique
a severa virtude de ser sincero;
Fortalece
teu espírito para que sejas brando,
E
se a dor te fere com o punhal certeiro
Sê
como as guitarras que lamentam cantando!
Não
se aventurem os teus passos além da vida
Porque
é abismo desconhecido, do qual nunca sairás:
Em
cada túmulo um pássaro de voz aflita
Como
o corvo de Poe responde, "nunca mais ..."
Porém,
isto sim, não deixes de sorrir de tudo
Através
da névoa de tua melancolia;
Derrama
o teu perfume, que é a bondade, ao modo
De
uma flor, ainda que saibas que hás de durar um dia ...
Ilustração:
prioliveiralima.blogspot.com
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