Sunday, April 22, 2007

BORGES, O GRANDE BORGES

AUSENCIA

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondo nada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.

AUSÊNCIA

Haverei de levantar a vasta vida
Que ainda agora é teu espelho:
Cada manhã terei que reconstruí-la
Desde que me deixastes,
Quantos lugares hão se tornado vãos
E sem sentido, iguais
As luzes no dia.
Tardes que foram molduras de tua imagem,
Músicas com que sempre me aguardavas,
Palavras daquele tempo,
Eu terei que quebrá-las com as minhas mãos.
Em que fundo nada esconderei minha alma
Para que não veja tua ausência
Que como um céu terrível, sem ocaso,
Brilha definitiva e desapiedadamente?
Tua ausência me rodeia
Como a corda no pescoço,
Como o mar a tudo que se funde.

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