Sunday, March 13, 2011

Ainda Marosa


La naturaleza de los sueños

Marosa di Giorgio

Al alba bebía la leche, minuciosamente, bajo la mirada vigilante de mi madre; pero, luego, ella apartaba un poco,
volvía a hilar la miel, a bordar a bordar, y yo huía hacia la inmensa pradera, verde y gris.
A lo lejos, pasaban las gacelas con sus caras de flor; parecían lirios con pies, algodoneros con alas. Pero, yo sólo miraba
a las piedras, a los altos ídolos, que miraban a arriba, a un destino aciago.
Y, qué podía hacer; tenderme allí, que mi madre no viese, que me pasara, otra vez, aquello horrible y raro.

De "Los papeles salvajes" 1991

A natureza dos sonhos

Ao amanhecer, bebia o leite, minuciosamente, sob o olhar atento da minha mãe, mas, depois ela se distanciava um pouco,
voltava novamente a colher mel, a bordar a bordar, e eu fugia para a imensa pradaria, verde e cinza.
À distância, passavam as gazelas com suas faces de flores, pareciam lírios com pés, com asas de algodão. Porém, eu apenas olhava
as pedras, os altos ídolos, que olhavam para cima, a um destino fatídico.
E o que podia fazer, era deitar-me ali, para que minha mãe não visse isto acontecer comigo, outra vez, aquilo horrível e estranho.

Dos "papéis selvagens" 1991

Ilustração: Natureza morta de Van Gogh.

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