Se das coisas findas e que se findaram
ficar alguma lição será a do passar.
Só o passar é infinito como o verbo
e, no entanto, a rosa e a poesia se conservam
e se conservam o tempo, o espaço, o ar, a luz.
A música, talvez, há de acabar
ou toque e não se faça ouvir
(sobreviverá algo estranho como o sentir
ou o mistério da vida acabará?).
As perguntas e as respostas não mais terão sentido
nem se saberá o que é ter morrido
porque o próprio saber não existirá
quando o que sempre foi
vier a ser o que será
e ninguém, nem quem me lê, perceberá
longínquos que ficamos no caminho.
(Do livro A Alquimia
da Vida, Editora Castanheira/Printer Laser, 1999).
Ilustração: pistasdemimmesmo.blogspot.com
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