No por urbana la luna es menos
poderosa
Laura
Wittner
Últimamente veo desde mi balcón
algo como una grúa inmensa,
una viga infernal que, paralela al cielo,
se encaja entre edificios altos
como dispuesta a rearmar el panorama,
delimitada por dos luces fatuas:
punto rojo en un extremo, y en el otro
la extrañeza hecha luz: un rectángulo
verde
fluorescente, imposible de entender: de
día
parece una pantalla que proyecta
en continuado y para nadie, y de noche
refulge en el centro de su hueco
evocando desplazamientos mudos
que hablan de lo difícil que es fijar
impresiones.
Refulge desde allí como un dios verde
de Philip Dick, con resabios de Lem.
Não é por ser urbana que a lua é
menos poderosa.
Ultimamente vejo da minha varanda
algo como um guindaste imenso
uma viga infernal que, paralela ao céu,
cabe entre os edifícios altos
como disposta a rearrumar o panorama,
delimitado por duas luzes suaves:
um ponto vermelho num extremo e, no outro
a estranheza feito luz: um retângulo verde
fluorescente, impossível de entender: de dia
parece uma tela que projeta
em contínuo e para ninguém, e à noite
brilha no centro de sua cavidade
evocando movimentos silenciosos
que falam sobre como é difícil fixar impressões.
Brilha de lá como um deus verde
de Philip Dick, com os restos de Lem.
Ilustração:
bruxaguinevere.blogspot.com.
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